Ditadura ameaçada

Cúpula militar da Venezuela jura lealdade a Nicolás Maduro

Ministro da Defesa do país cita 'golpe' e diz que Maduro é presidente legítimo

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Vladimir Padrino López afirmou que declaração de Guaidó atenta a democracia do país

O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino, disse nesta quinta-feira (24) que Nicolás Maduro é o “presidente legítimo” do país e que a oposição está dando um golpe de estado com a autoproclamação do líder opositor Juan Guaidó como presidente interino.

Padrino disse que os Estados Unidos e outros governos estão efetuando uma guerra econômica contra a Venezuela, nação com as maiores reservas de petróleo do mundo.

“Alerto o povo da Venezuela que se está efetuando um golpe de Estado contra a institucionalidade, contra a democracia, contra nossa Constituição, contra o presidente Nicolás Maduro, presidente legítimo”, afirmou, ao lado de toda a cúpula militar.

Comandantes militares de várias regiões da Venezuela também vieram a público para jurar lealdade a Maduro, que reconhecem como chefe em exercício constitucionalmente eleito. Até a publicação desta reportagem, ao menos sete comandantes já tinham se pronunciado. Ao falar, cada um deles estava cercado por subordinados – alguns, por centenas de militares.

“Juramos lealdade à pátria, à Constituição e às leis da República”, disse o general Manuel Gregório Bernal Martínez, comandante da região que reúne os estados de Mérida, Táchira e Trujillo. “Somos um país soberano, com autodeterminação. Somos um país democrático cujo presidente é eleito apenas por seu povo, que é soberano em relação às decisões do destino de nossa pátria e, por meio do voto livre e secreto, elegeu o cidadão Nicolás Maduro Moros como presidente”, acrescentou o general.

“Ratificamos nosso irrestrito apego à Constituição e às leis da República venezuelana. Rechaçamos categoricamente todo o tipo de ato ilegal adverso à vontade do povo soberano e a qualquer ato que atente contra a instabilidade da Nação”, destacou o general Víctor Palacio García, comandante da região de Los Llanos, que compreende os estados de Apure, Barinas, Portuguesa e Guarico.

García  ressaltou que as Forças Armadas da Venezuela se fundamentam em três pilares: a obediência, a disciplina e a subordinação. “Por isso, honrando a tradição de nossa instituição, somos a garantia de estabilidade, independência, soberania e paz. Neste sentido, só reconhecemos e ratificamos lealdade absoluta ao presidente constitucional Nicolás Maduro Moros”, acrescentou.

O comandante da Região Estratégica de Defesa Integral Central, que abarca os estados de Aragua, Carabobo e Yaracuy, Domingo Hernández Lárez, também se pronunciou cercado por soldados, suboficiais e oficiais. Afirmando falar em nome dos “mais de 247 mil homens e mulheres do Exército, Armada, Aviação, Guarda Nacional e Milícias Bolivarianas pertencentes ao território sob seu comando”, Lárez disse que os militares “fiéis a suas convicções e juramento de fidelidade” proclamam lealdade e subordinação absoluta a Maduro. “Eleito pelo povo, é ele o único que ostenta o mando direto e supremo da Força Armada Nacional Bolivariana. Meu comandante, conte com esta região para apoiá-lo em seu esforço diário para lograr a estabilidade e o fortalecimento de nossa pátria.”

No mesmo tom, pronunciou-se o general Jesús Mantilla Olivero, comandante da região de Guayana (Amazonas, Bolívar e Delta Amacuro). Olivero ratificou “o compromisso, lealdade e subordinação ao presidente constitucional Nicolás Maduro”.

Também nesta quinta, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse ter considerado as declarações de Donald Trump sobre a Venezuela “chocantes” e que as democracias precisam respeitar o resultado de eleições.

Erdogan disse que acredita que o povo venezuelano continuará apoiando Maduro e que é “impossível” para a Turquia aprovar “o que está acontecendo na Venezuela”.

Na quarta (23), logo o presidente americano afirmou que os EUA reconheciam em Guaidó o presidente interino da Venezuela, dando início a um efeito dominó. Além da União Europeia, Brasil, Colômbia, Equador, Costa Rica, Argentina, Chile, Paraguai e Guatemala são alguns países que também reconheceram a autoproclamação do chefe do Parlamento venezuelano.

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