"Ainda não' é chacota

Lula não atesta Maduro, mas propõe ‘estupidez’ de novo pleito ou coalizão

Líderes da oposição e até chavistas rechaçam união ou nova eleição, e proposta virou piada

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O ditador venezuelano Nicolás Maduro e seu amigo Lula (PT), presidente do Brasil - Foto: Ricardo Stuckert/PR
Ditador venezuelano Nicolás Maduro e o presidente Lula (PT). (Foto: Ricardo Stuckert/PR).

O presidente Lula (PT) continua ensaboando sua retórica para não condenar a ditadura venezuelana. Ao tratar da obscura derrota do ditador da Venezuela, nesta quinta (15), o petista disse que “ainda” não reconhece Nicolás Maduro como reeleito. E propôs as piadas de um governo de coalização no país vizinho, com participação da oposição, ou ainda, que novas eleições sejam convocadas. Alternativas já tratadas como estupidez, piada, e foram rechaçadas, tanto por líderes da oposição como por líderes chavistas.

“Se ele [Maduro] tiver bom senso, ele poderia tentar fazer uma conclamação ao povo da Venezuela, quem sabe até convocar novas eleições, estabelecer um critério de participação de todos os candidatos, criar um comitê eleitoral suprapartidário que participe todo mundo e deixar que entrem olheiros do mundo inteiro para ver as eleições”, sugeriu Lula.

O petista também comparou sua proposta de coalizão política na Venezuela, com o casamento de jacaré com cobra d’água que promoveu para poder vencer Jair Bolsonaro (PL), em 2022, em eleições democráticas no Brasil.

“Muita gente que está no meu governo não votou em mim e eu trouxe todo mundo para participar do governo”, mal comparou Lula.

Lula ressalta que há possibilidade de reconhecer a reeleição de Maduro, diante de uma improvável exposição de dados confiáveis sobre o resultado. E ensaia cobrar explicação de seu aliado político e déspota.

“Ainda não [reconheço a reeleição]. Ele [Maduro] sabe que está devendo uma explicação para a sociedade brasileira e para o mundo. Tem que apresentar os dados, agora os dados têm que ser apresentados por algo que seja confiável. O Conselho Nacional Eleitoral, que tem gente da oposição, poderia ser, mas ele [Maduro] não mandou [as suas atas] para o conselho, ele mandou para a Justiça, para a Suprema Corte dele”, ponderou Lula.

Ideia estúpida virou chacota

As declarações dadas por Lula em entrevista à Rádio T, em Curitiba, repetem ideias centrais de seu assessor Celso Amorim. E as propostas já foram refutadas pelo aliado de Maduro, Diosdado Cabello, número dois do chavismo.

“É uma estupidez. Não vamos repetir eleições coisa nenhuma. Um segundo turno? Na Venezuela não há segundo turno. Senhores… Não se metam nos assuntos internos da Venezuela que vamos respondê-los”, repreendeu Cabello, em resposta ao comando do governo brasileiro.

Amorim até virou chacota em site de humor da Venezuela. O El Chiguire Bipolar estampou a piada: “Brasil propõe repetir eleições até que Maduro ganhe”.

E Maria Corina Machado, que lidera a oposição a Maduro, descarta qualquer chance de seu grupo aceitar as propostas. Por óbvio, porque a oposição garante que derrotou o ditador por vantagem de mais de 60% dos votos, que foram apurados com base nas atas eleitorais coletadas com testemunhas nas mesas de votação.

O órgão eleitoral oficial da Venezuela afirma que Nicolás Maduro foi reeleito com cerca 52% dos votos, sem dar nenhuma transparência às atas eleitorais.

 

 

 

 

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