Corte de Haia avalia mandar prender líderes do Hamas e Netanyahu
Promotor-chefe do Tribunal Penal Internacional acusa de crimes de guerra os extremistas palestinos e o primeiro-ministro de Israel
O promotor-chefe do Tribunal Internacional Penal (TPI), Karim Khan, declarou nesta segunda-feira (20) que a Corte de Haia avalia seus pedidos de prisão contra o líder do Hamas, Yahya Sinwar, e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, por acusações de crimes de guerra e crimes contra a humanidade, nos ataques de terroristas palestinos a israelenses, em 7 de outubro de 2023, e na reação de Israel com a guerra em Gaza. A informação foi dada em entrevista à CNN.
Outros alvos de pedidos de prisão, segundo o promotor, são os ministros da Defesa de Israel, Yoav Gallant, e dois outros líderes do Hamas, Mohammed Diab Ibrahim al-Masri, o “Mohammed Deif”, que chefia as Brigadas Al Qassem, e Ismail Haniyeh, líder político do grupo extremista islâmico.
A CNN destacou que esta é a primeira vez que o Tribunal de Haia tem como alvo um principal líder de aliado próximo dos Estados Unidos, ao mirar a cúpula do poder político de Israel. Outro alvo recente de mandado de prisão expedido pelo TPI foi o presidente russo Vladimir Putin, acusado de crimes de guerra na invasão russa à Ucrânia.
No pedido de prisão, os líderes do Hamas são acusados de “extermínio, assassinato, tomada de reféns, estupro e agressão sexual durante a detenção”, pelo promotor chefe do Tribunal de Haia. “O mundo ficou chocado […] quando pessoas foram arrancadas dos seus quartos, das suas casas, dos diferentes kibutzim em Israel. As pessoas sofreram enormemente”, disse Karim Khan.
Já Netanyahu e Gallant são acusados de “causar extermínio, causar fome como método de guerra, incluindo a negação de suprimentos de ajuda humanitária, visando deliberadamente civis em conflito”, na reação de Israel contra terroristas do Hamas, que vitimou milhares de palestinos na Faixa de Gaza.
Netanyahu chegou a considerar ” um ultraje de proporções históricas” os rumores de que o Tribunal Penal Internacional mandaria prender altos funcionários de seu governo e militares de Israel, em abril. “[Israel] tem um sistema jurídico independente que investiga rigorosamente todas as violações legais”, afirmou o presidente israelense.
“Ninguém está acima da lei”, reagiu o promotor-chefe do Tribunal de Haia, ao ressaltar que as autoridades de Israel são livres para levantar uma contestação perante os juízes da corte internacional. “É isso que eu os aconselho a fazer”, concluiu, na entrevista à âncora Christiane Amanpour, da CNN.