DEMISSÕES NAS USINAS

Renan Filho busca ‘modelo’ pernambucano que retraiu 18,7% de empregos

Alagoano exalta ‘fórmula' que não evitou ampliação de demissões no setor sucroenergético, em 2018

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Presidente da FIEA, José Carlos Lyra acompanhou encontro entre governadores Renan Filho e Paulo Câmara (Foto: Márcio Ferreira/Agência Alagoas)

O governador de Alagoas, Renan Filho (MDB), resolveu demonstrar alguma iniciativa para salvar o setor sucroenergético de Alagoas, viajando em comitiva para Recife (PE), nesta quarta-feira (13), para encontrar o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB). O objetivo era conhecer o que o alagoano chamou de “modelo exitoso de política tributária” no Estado vizinho, que estaria preservando empregos nas usinas de açúcar e álcool. Mas bastaria checar os números do Caged para ver que o setor é o que mais demitiu em Pernambuco, este ano.

O setor da indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico – composto majoritariamente pelo setor sucroenergético – apresentou de janeiro a abril deste ano uma retração de 18,71% em empregos, em relação ao mesmo período de 2017, em Pernambuco. Resultado que supera e muito a média nacional de 0,61% de retração.

Em Pernambuco, foram extintos 16.084 postos de trabalho com carteira assinada até abril deste ano eleitoral. Volume que é a diferença entre as 5.366 admissões e as 21.450 demissões no período. E a desculpa de que foi o fim da moagem não cola, porque a retração diz respeito ao mesmo período do ano passado.

Mas tragédia mesmo é o resultado de Alagoas no mesmo quadrimestre deste ano, quando registrou retração de 43,12% no setor sucroenergético. De janeiro a abril, foram extintos 25.669 postos trabalho.

Mas a realidade pernambucana não dá a Renan Filho margem para enxergar no estado vizinho uma “fórmula de sucesso” a ser adotada em Alagoas, com o objetivo de manter os empregos existentes no setor sucroenergético alagoano, para gerar novos postos de trabalho, elevando a produção e a competitividade.

“A política adotada por Pernambuco é uma fórmula de sucesso, principalmente porque privilegia a manutenção e a geração de empregos, por meio do aumento da competitividade. É isso que Alagoas busca. Fizemos isso em outros setores e, agora, estamos estudando a possibilidade de fazer isso também na produção do açúcar e do álcool para a economia alagoana avançar ainda mais”, declarou Renan Filho, por meio da agência oficial de notícias de seu governo.

De um modo geral, levando-se em conta todos os setores, em abril, Alagoas teve o pior desempenho do País, com a demissão de 2.565 trabalhadores – uma queda de 0,78% em relação ao mesmo mês do ano passado. E, no mesmo quadro geral, Pernambuco ficou com o terceiro pior desempenho do País, com a extinção de 270 vínculos empregatícios (queda de 0,02%).

Avanço no setor sucroenergético visto com luneta

Diante do quadro recente, o governador Paulo Câmara olha com luneta para o retrovisor, para poder enxergar o êxito da implantação de uma política tributária chamada de ‘Legislação do Açúcar e do Álcool Etílico Hidratado Combustível’, em 2015.

Alagoanos na sede do Governo de Pernambuco (Foto: Márcio Ferreira/Agência Alagoas)

“Mantivemos a arrecadação em patamares na forma que foi pactuada. Isso está sendo muito importante para atravessarmos esse período de crise e tem ajudado o setor e a economia de Pernambuco. O governador Renan Filho veio aqui conhecer essa experiência e tenho certeza que abrirá um debate importante em Alagoas, para que o setor possa também seguir forte, gerando emprego e melhorando a economia”, declarou o governador Paulo Câmara, sem citar os dados mais recentes de retração do emprego.

Se tivesse que escolher um modelo a seguir que realmente estivesse demonstrando ser eficaz, este ano, o governador de Alagoas viajaria ao Estado de Minas Gerais, para onde migraram as maiores empresas alagoanas do setor sucroenergético.

Em Minas, o setor criou 3.087 vagas com carteira assinada de janeiro a abril deste ano. Número que ė a diferença entre as 25.747 admissões e as 22.660 demissões no período. Lá, o crescimento de empregos no setor foi de 1,60% em relação ao mesmo período do ano passado.

Na comitiva alagoana que viajou a Recife (PE), estavam: o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Alagoas (Sindaçucar), Pedro Robério de Melo, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Alagoas (Faeal), Álvaro Almeida; da Associação dos Plantadores de Cana de Alagoas (Asplana), Edgar Filho; da Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (Fiea), José Carlos Lyra; da Associação Comercial de Maceió, Kennedy Calheiros; da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), Hugo Wanderley; do Sindaçúcar/PE, Renato Cunha; além dos representantes da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Alagoas (Fetag), Cícero Domingos e Antônio Torres Guedes, dentre outros convidados.

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