Quase 44% de reajuste

Prates nega ter aumentado próprio salário, mas terá R$ 50 mil a mais

Petrobras expõe formalidades da decisão do Conselho Administrativo da estatal, presidido por Prates

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Jean Paul Prates - Foto: Roque de Sá/Agência Senado.

A Petrobras informou neste domingo (26), ao Diário do Poder, que não é verdadeira a afirmação de que o presidente da estatal Jean Paul Prates aumentou o seu próprio salário em 43,88%, passando de R$ 115 mil para R$ 165 mil mensais. O relato das formalidades do reajuste feito pela estatal não cita se Prates rejeita os R$ 50 mil a mais no contracheque.

A estatal justifica que a proposta de correção da remuneração fixa dos administradores da companhia, que inclui membros da diretoria executiva e conselheiros, matéria que é deliberada diretamente no âmbito do Conselho de Administração (CA), sem passagem prévia pela Diretoria Executiva. E afirma que o aumento não tem efeito imediato, pois ainda depende da deliberação e aprovação ou rejeição na Assembleia Geral de Acionistas, prevista para o dia 27 de abril.

A Petrobras afirma que Prates se absteve da decisão tomada pelo colegiado que ele mesmo preside, bem como outros três Conselheiros, que, como ele, permanecerão no Conselho. “Os Conselheiros que votaram favoravelmente tiveram como base a percepção de oportunidade de melhoria dos valores de remuneração, atualmente praticados à luz de referências de empresas com as mesmas características”, afirma a estatal.

A nota ainda afirma que a indicação de correção dos salários “não tem nenhuma motivação individual e sequer atende a pleitos exclusivos da nova gestão, já que se trata de um tema que deve ser obrigatoriamente analisado pelas estatais para subsidiar decisão da AGO [Assembleia Geral] quanto ao montante que será destinado à remuneração de seus administradores no próximo ano”.

Sem voz dissidente

O Diário do Poder considera que as formalidades expostas na resposta da empresa não traduzem o fato de que ocupantes do cargo de presidente da Petrobras, historicamente, são quem decidem os rumos da gestão da estatal. E entende que espera-se de um presidente de estatal que leve conta pareceres técnicos. Mas afirma que todas as decisões são do presidente, por não haver vozes divergentes, ainda que se abstenha por haver benefício próprio no colegiado que ele preside.

A Petrobras prossegue na defesa de Prates, afirmando que, além de considerar que a remuneração dos dirigentes está congelada desde 2016, a decisão do Conselho Administrativo de propor o ajuste de 43,88% ponderou os resultados positivos obtidos pela companhia e a considerável defasagem da remuneração dos administradores em relação ao mercado.

“Para efeito de comparação, pesquisas apontam que a remuneração do presidente da Petrobras equivale a 19% da mediana da remuneração total anual de seus pares no mercado; a dos diretores equivale a 55%; e a dos conselheiros equivale a 26% do que o mercado similar pratica. A defasagem foi ampliada nos últimos anos em função do congelamento da remuneração dos dirigentes. Os empregados da companhia tiveram sua remuneração atualizada ao longo deste período”, conclui a explicação da Petrobras.

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