VW Polo Track, modelo de entrada apenas no nome e nos itens

Testamos a versão de entrada do hatch compacto, que tinha tudo para ser um carro popular, não fosse o preço absurdo cobrado pela Volks

Em uma tradução livre, Volkswagen significa “carro do povo”. Presente no Brasil há 70 anos, a marca alemã durante muito tempo correspondeu bem a esta interpretação, primeiro com o Fusca e depois com o mais que consagrado Gol. Lançado em 1980, o modelo praticamente moldou a indústria nacional no que se refere a veículos de entrada. 

O Golzinho, como é carinhosamente chamado, “pendurou as rodas” no fim do ano passado após 42 anos de mercado, passando 28 destes como veículo mais vendido do Brasil. O modelo, o mais popular de todos por aqui, emplacou mais de seis milhões de unidades 

Somente ele foi responsável por quase um terço dos 25 milhões de veículos produzidos pela marca no Brasil. Com sua aposentadoria, a Volks escolheu um modelo já presente no país para substituí-lo, o Polo. Mas em uma versão completamente nova, a Track, o nosso “Teste da Vez”. 

A configuração assume como opção de entrada da marca no Brasil que, ao contrário do Gol – quando lançado – passa longe de ser popular, já que a Volks cobra insanos R$ 84.690, podendo chegar a ainda mais salgados R$ 86.340, com a mesma pintura da unidade que testamos. 

Fora da lógica

O, agora saudoso, Gol também teve uma versão Track.

Muitos fatores assustam em relação ao preço do Polo Track, além do valor em si. Quando apresentado, em novembro do ano passado, ele custava já salgados R$ 79.990, ou seja, em pouco mais de seis meses subiu quase R$ 5 mil. Mesmo em um momento de recuperação na nossa economia, principalmente perante o dólar.

O preço da moeda americana costuma ser uma das principais desculpas das montadoras pelos altos valores. Mas para se ter uma ideia, o dólar caiu de R$ 5,20 em novembro passado para atuais R$ 4,74. Sem falar na inflação, que foi negativa em junho. E, lembrando, que estamos falando de um carro básico, como vocês verão. 

Apesar de entrada, o preço é fora da lógica.

A Volks pode até argumentar que, mesmo assim, o modelo está vendendo bem. Olhando os números frios, isso é uma “meia verdade”. Até junho, o Polo, no geral com todas as versões, emplacou quase 38 mil unidades, sendo o terceiro modelo mais vendido do país. 

Mas quase 50% disso, pouco mais de 17 mil unidades, foram de vendas diretas, ou seja, compradas por empresas, pessoas com deficiência, frotistas, entre outros, que realizam a compra diretamente com a montadora com um grande desconto tanto aplicado pela própria, quanto de impostos que não incidem nestas transações. 

Diferente

O interior tem o mesmo visual das demais versões, mudando apenas a qualidade dos materiais.

Em relação às outras versões do Polo, a Track é levemente diferente. O para-choque, a grade frontal e até os faróis têm desenho próprio. Na traseira, as lanternas são halógenas e tem máscara negra, o para-choque também tem visual próprio. As rodas são de aço, pelo menos as calotas escurecidas disfarçam um pouco melhor. 

Por dentro, o que muda é a qualidade dos materiais, que no Track são bem simplórios, o design em si é o mesmo. Pelo menos, não há nenhuma peça mal encaixada ou com rebarbas, mas é plástico duro para tudo que é lado. Com um bom compacto, ele leva até quatro adultos com certo conforto, um quinto gera aperto desnecessário. 

De entrada

Além de não ser pintado, os retrovisores externos tem ajustes apenas manuais.

O Polo Track é um carro básico, seja na sua concepção, seja na lista de equipamentos. Antigamente, seria chamado de “pé de boi”. A diferença é que, para os padrões atuais, existem itens que passam longe até de modelos completos dos anos 1990, mas outros que “pararam no tempo” e precisam ser atualizados.

Assim, o compacto vem com o que hoje falamos que são itens básicos, como ar-condicionado, travas e vidros dianteiros elétricos, luz de circulação diurna (mas com lâmpada halógena), auxiliar de partida em rampa, sistema de som com conexão bluetooth (não é uma central multimídia) com comandos no volante e porta USB. 

No lugar de uma central multimídia, apenas um simples som.

Ele ainda vem com quatro airbags, controles de tração e estabilidade, volante com ajuste de altura e profundidade, alerta sonoro e visual de não utilização dos cintos de segurança para todos os ocupantes, banco do motorista com ajuste de altura e só. 

Entre os itens básicos que ele não tem e deveria ter, por ser um modelo de quase R$ 85 mil, estão ajuste elétrico para os retrovisores externos, sensor de estacionamento traseiro, DRL em LED, central multimídia com câmera de ré e vidros traseiros elétricos, para dizer o mínimo.

Bem alinhado

O conjunto mecânico é bem encaixado.

Um ponto – para lá de – positivo do Polo Track é o conjunto mecânico. O hatch utiliza o moderno motor 1.0 MPI aspirado de 84 cavalos e 10,3kgfm de torque, aliado a transmissão manual de cinco velocidades e direção elétrica. 

O câmbio, inclusive, é um dos mais bem encaixados do mercado. Ele permite trocas precisas, com engates perfeitos, não são longos nem curtos demais. E a alavanca não vibra com o carro parado. A direção elétrica é outro ponto positivo, deixando o veículo leve em baixa velocidade e firme em alta, otimizando a segurança ao volante.

O câmbio também trabalha muito bem.

Por ser um modelo 1.0, é óbvio que ele não tem como foco a esportividade, longe disso. Assim, é preciso um pouco de cautela, principalmente em ultrapassagens, saídas e retomadas de velocidade, na hora de realizar qualquer manobra dessas, o motorista precisa “esticar” um pouco a troca de marchas e, mesmo assim, o motor não berra de forma errada.

Se ele não é esperto, como qualquer 1.0 aspirado, ao menos é muito econômico. Durante nosso teste, ele marcou média, com gasolina, de 15km/l, rodando quase 650 quilômetros com um único tanque de combustíveis. 

A opinião do Diário Motor

Volkswagen Polo Track.

O Polo Track assume a árdua missão de substituir o veículo mais vendido da história do Brasil. Tinha tudo para ser uma excelente opção de entrada, não fosse um fator, o preço exorbitante. Mesmo em um mercado surtado como o brasileiro atualmente, ele exagera no valor pedido. Mais de R$ 86 mil (com a pintura metálica) em um modelo de entrada, não dá.

Ele até tem bons predicados para um veículo de entrada, como o super bem encaixado conjunto mecânico. Mas ou deveria ter mais equipamentos, o que o aproximaria da versão MPI em itens, ou cobrar um preço mais condizente. Coisa de R$ 15 mil a menos faria um “estrago” na concorrência. Por este valor, vale apenas o teste drive! Nota: 5.

Ficha técnica

Motor: 1.0

Potência máxima: 84/77v 

Torque máximo: 10,3/9,6kgfm 

Transmissão: manual de 5 velocidades

Direção: elétrica

Suspensão: independente na dianteira e semi-independente na traseira

Freios: a disco na dianteira e tambor na traseira

Porta-malas: 300 litros 

Dimensões (A x L x C x EE): 1.471 x 1.751 x 4.079 x 2.566mm 

Preço: a partir de R$ 84.690

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