Testamos o Honda City Touring, o hatch compacto mais caro do Brasil

A novidade da família de compactos da japonesa, que na opção topo de linha se destaca pelos equipamentos, peca – muito – no valor

Nos últimos tempos, a Honda decidiu reformular completamente a linha de veículos da marca, tanto no Brasil, quanto no mundo. As modificações iniciaram pela atual geração do Accord, a 10ª, (que já parou de ser comercializada por aqui), pela decisão de não trazer o novo Fit para cá, pela aposentadoria do WR-V e a completa renovação da família City.

Esta última é, de longe, a que mais passou por mudanças, da lista de equipamentos ao visual e até na carroceria, ganhando pela primeira vez a opção hatchback, que veio para substituir o Fit, que a Honda decidiu aposentar por aqui e em vez de trazer a nova geração. 

Uma das novidades da linha City é a adequação das configurações com os demais modelos da marca. Dessa forma, agora, a versão topo de linha do compacto é a Touring, tanto para o sedã, quanto para o hatch, o nosso “Teste da Vez”, e seus assustadores R$ 130.700.

O preço, querendo ou não, é outra novidade. Para esta geração, a Honda subiu o City de patamar, principalmente para o sedã, mas também na novidade hatch. Com este valor estratosférico, a japonesa conta com o hatchback compacto mais caro do país e com folga. Para ter ideia, ele custa R$ 15 mil a mais que o segundo e sem contar com motor turbo. 

Hatch “raíz”

O modelo é idêntico ao irmão sedã, sem o porta-malas proeminente.

Para a carroceria hatchback, a Honda utilizou uma receita clássica do setor automotivo. Ao contrário de um movimento recente, no qual os modelos são diferenciados entre si, o City hatch é, basicamente, o sedã sem o porta-malas proeminente, tendo o estilo idêntico ao do irmão. 

Por dentro e por fora, o City evoluiu e segue o novo padrão mundial da marca, com a nova identidade visual da Honda no Brasil. Seguindo o irmão, o hatch tem design elegante, com faróis que combinam bem com a parte inicial da barra dianteira que, para variar, exagera no cromado, e envolve quase todo o logo da marca. 

O interior, igual o do sedã, tem acabamento escurecido.

O visual é tão igual ao do irmão, que as rodas, de desenho mais executivo, são idênticas às do sedã, assim como as lanternas em LED, que avançam pela lateral do veículo, e a antena do tipo barbatana de tubarão. A diferença do visual fica, obviamente, pela traseira. Além disso, o hatch conta com um aerofólio elegante na parte superior da tampa do porta-malas

Outro diferencial é o acabamento interior, apesar do visual ser o mesmo, no hatch o estilo é – quase – todo escuro (apenas teto e colunas não são) e não em tom claro como no sedã. Como no irmão, a Honda trabalhou bem, com materiais de boa qualidade, como o couro visto nos bancos, portas, console central e painel, com peças bem encaixadas e sem rebarbas.

1/9Honda City Hatcback Touring.Honda City Hatcback Touring.Honda City Hatcback Touring.Honda City Hatcback Touring.Honda City Hatcback Touring.Honda City Hatcback Touring.Honda City Hatcback Touring.Honda City Hatcback Touring.Honda City Hatcback Touring.

Sobre o espaço, o hatch consegue ser melhor que o sedã, por causa do sistema “magic seat”, que permite toda uma configuração diferenciada dos bancos traseiros (que levam quatro adultos com muito conforto). São quatro modos de uso (Utility, Long, Tall e Refresh), que permitem acomodar objetos de diferentes dimensões, com espaço total de até 1.168 litros, no uso “normal”, o porta-malas tem fracos 268 litros.

Além do espaço generoso, outros destaques da cabine são as modernas telas, da central multimídia de oito polegadas e do painel de instrumentos de sete polegadas. Ele ainda conta com saída de ar para a traseira, único hatch compacto a contar com o equipamento.  

Pouco para o 10

Saída de ar para a traseira é um dos destaques do hatch.

Falando dos itens presentes no City, a Touring, como topo de linha, faz bonito, mas não era para menos também, afinal, custa horríveis R$ 130 mil. A lista de equipamentos do hatch é generosa. E, só não leva um 10 por conta de ausências como stop&go, freio de estacionamento eletrônico com Auto Hold e carregador de indução para smartphones.

Na parte da segurança, ele vem com seis airbags, câmera de ré, monitoramento de pressão dos pneus, sensores de chuva, crepuscular e de estacionamento dianteiro e traseiro, controles de tração e estabilidade, auxiliar de partida em rampa, retrovisor eletrocrômico, LaneWatch que elimina o ponto cego a direita e o moderno sistema Sensing. 

Os auxiliares de condução são os principais diferencias do City.

O pacote é o grande diferencial do City, único da categoria junto com o irmão sedã. Ele conta com cinco funções: piloto automático adaptativo (ACC – mas sem stop&go, vacilo da Honda), auxiliar de frenagem de emergência, assistente de permanência em faixa, alerta de saída de pista e farol alto automático.

Na parte do conforto, ele conta com chave sensorial para abertura das portas e partida do motor por botão, ar-condicionado automático e digital com saída para a traseira, retrovisores externos com rebatimento elétrico e as telas da central multimídia (que tem conectividade sem fio para smartphones) e do painel de instrumentos. Por este preço, um teto solar era obrigação, mas não tem.

Mais do mesmo

O motor é o ultrapassado 1.5 aspirado.

Outro porém do City é a motorização. Ao contrário do que a categoria vem apresentando, ele utiliza um propulsor aspirado em vez de apostar nas caixas mais modernas e turbinadas, como os principais concorrentes vêm fazendo. Ele utiliza o velho conhecido 1.5, mas que foi modernizado e melhorado.

A caixa de força gera 126 cavalos e 15,8kgfm de torque, 10 a mais que a utilizada no Fit e no antigo City. Este ganho se deve, principalmente, à adoção de injeção direta de combustível. Como de costume, ele está aliado ao câmbio automático CVT, para a Touring, com borboletas no volante, e direção elétrica. Faltou freios a disco na traseira, outro deslize.

O câmbio CVT é moroso como qualquer um do tipo.

Por utilizar a transmissão CVT, o conjunto mecânico não é dos mais “animados”. A caixa, como todas do tipo, deixa a direção morosa. Mesmo pisando fundo no acelerador, o carro não dispara pelo asfalto. Com isso, é preciso um certo cuidado, principalmente nas ultrapassagens, acelerações e saídas em velocidade.

Um ponto alto é o isolamento acústico, mesmo ao subir o giro, nenhum barulho invade a cabine, algo relativamente normal para este tipo de câmbio, mas que a Honda soube trabalhar bem e, assim, deixar a viagem ainda mais confortável, do ponto de vista sonoro.

O consumo foi pior que do irmão sedã, mas ainda assim muito bom.

A aceleração é constante, como permite o câmbio. Mas apesar do cuidado a mais, ela é segura e confortável. Assim como no sedã, a suspensão trabalha bem, não repassando os desníveis das pistas para a cabine. O consumo é o ponto alto do conjunto, ao fim do teste, ele marcou 14km/l, abastecido com gasolina.

O grande destaque da direção é o sistema Sensing. O City é um dos poucos compactos a contar com auxiliares semi-autônomos de condução no Brasil. O japonês vai além do alerta de colisão, o assistente de frenagem automático auxilia o motorista em um momento de distração ou de necessidade de uma freada mais brusca. 

O sistema Sensing auxilia o motorista em diversos momentos.

O alerta de saída e o assistente de permanência em faixa ajudam a manter o veículo no traçado correto, nada de fazer curvas “sem as mãos”, mas ele deixa a direção menos cansativa, excelente para viagens mais longas.

Mas o ACC é meio inútil, já que nos momentos que mais necessitamos, de trânsito intenso, ele não funciona porque não tem stop&go, ou seja, ele não para totalmente, abaixo de 25km/h, o auxiliar simplesmente desarma. 

A opinião do Diário Motor

Honda City Hatcback Touring.

A primeira geração do City hatch tem uma árdua missão, substituir, em partes, o Fit, monovolume que fez sucesso no Brasil. Para isso, a Honda aposta em um modelo com espaço generoso, um dos melhores da categoria e bem equipado, mas com uma motorização velha, perante os concorrentes, e um preço para lá de assustador.

Assim como no sedã, o design manda bem, tanto por fora quanto por dentro. A cabine é bem desenhada, com materiais e acabamento de boa qualidade. Os equipamentos também se sobressaem, faltando pouco para o 10. Com destaque para o espaço interno, o conforto a bordo e o bom consumo, de 14km/l. 

O maior problema, como falamos, é o preço. Mesmo com o mercado surtando nos valores, a Honda conseguiu ir além com o City, tendo o hatch mais caro do segmento. O valor pode ser determinante na hora da escolha. Só por isso, vale apenas o teste drive! Nota: 6,5

Ficha Técnica

Motor: 1.5 

Potência máxima: 126cv 

Torque máximo: 15,8kgfm 

Transmissão: automática CVT

Direção: elétrica

Suspensão: independente na dianteira e semi-independente na traseira

Freios: a disco na dianteira e tambor na traseira 

Porta-malas: 268 litros

Dimensões (A x L x C x EE): 1.468 x 1.748 x 4.341 x 2.600mm 

Preço: R$ 130.700

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