Testamos o Fiat Pulse Audace, primeiro SUV da Fiat feito no Brasil
A versão intermediária do utilitário supercompacto chama a atenção pela boa condução com motor turbo e pelo preço exagerado
Quando a Ford, lá em 2002, apresentou o EcoSport, ela lançava ali uma nova categoria no mercado nacional, a dos SUV compactos. Se o segmento, hoje queridinho dos brasileiros, demorou para emplacar, atualmente é simplesmente a que mais vende e tem o maior número de representantes no país.
Ao longo dos anos, as demais marcas foram criando rivais para bater de frente com o falecido modelo fabricado na Bahia. O primeiro principal concorrente foi Renault Duster, mas ele logo viu quase todas as outras montadoras se movimentando e, a partir de 2015, tivemos uma “enxurrada” de SUVs compactos, com grande destaque para o Jeep Renegade.
Mas mesmo com números avassaladores e diversos representantes, algumas marcas ainda não contam com modelos na categoria. Tecnicamente, a Fiat é uma delas. A italiana – que teve como primeiro SUV no Brasil o Freemont, que era uma cópia do Dodge Journey –, apresentou no fim do ano passado o Pulse, mas que representa o segmento dos supercompactos.
O utilitário, o primeiro da marca produzido no Brasil, chegou chamando a atenção pelo conjunto mecânico, nível de equipamentos, pelo preço – como já está costumeiro no país –, e pela adoção de novos nomes para as versões, como a intermediária Audace, nosso “Teste da Vez” e seu motor 1.0 turbo e valor inicial de salgados R$ 112.490.
Estilo próprio
O SUV supercompacto, apesar de claramente ter inspiração nos primos Argo e Cronos, tem um visual para chamar de seu. A dianteira tem um desenho proeminente, marcada pelo capô alto e pelo para-choque volumoso. A grade central tem um tamanho correto, grande mas sem exageros. E o conjunto óptico dá um ar mais moderno ao utilitário.
Para distingui-lo de um hatch aventureiro, o Pulse conta com bons números em relação aos ângulos de ataque e altura. Ele tem 20,5º de entrada e 31,4º de saída. Ele ainda tem até 220mm de vão livre do solo com altura mínima de 196mm. As rodas são de liga leve diamantadas de 16 polegadas.
Os apliques de plástico nas saias laterais, caixas de rodas e nos para-choques apontam o lado mais aventureiro do modelo. A traseira é uma fusão de Argo com Cronos, a tampa do porta-malas lembra o hatch, já as lanternas são semelhantes às do sedã. O interior também tem visual próprio com destaque para a tela da central multimídia e para o volante.
O acabamento é bem feito e não tem peças mal encaixadas ou com rebarbas aparentes, mas os materiais poderiam ser melhores, é muito plástico duro e os bancos são de tecido. Por ser um supercompacto, é quase impossível levar cinco adultos, o ideal mesmo são quatro. O porta-malas tem um tamanho razoável, com 370 litros.
Bem completo
Atualmente, é complicado afirmar o quanto um veículo é completo, ou não. Com os valores cada vez mais altos, é de se esperar que a lista de equipamentos acompanhe os preços. Nisso, a Fiat mandou bem. Mesmo a versão intermediária do Pulse, a Audace, é bem completa.
De série, ele conta com quatro airbags, controles de tração e estabilidade, faróis, lanternas e luz de circulação diurna em LED, auxiliar de partida em rampa, piloto automático, sensores de estacionamento, de chuva e crepuscular, sistema TC+, monitoramento de pressão dos pneus e câmera de ré.
A Audace vem também com o inédito conjunto ADAS, que agrega frenagem autônoma de emergência, alerta de saída de pista e comutação automática do farol alto, além de retrovisor interno eletrocrômico e modo Sport com botão de acionamento no volante.
Na parte da comodidade, ar-condicionado digital, central multimídia com tela de 8,4 polegadas com conexão sem fio com smartphones via Android Auto e Apple CarPlay e três portas USB, carregador wireless para smartphones, chave sensorial, partida remota, borboletas, volante com revestimento em couro e banco traseiro rebatível e bipartido.
A versão que testamos contava com dois itens que encarecem ainda mais o SUV. A pintura metálica acrescenta R$ 2 mil e o pacote extra “Pack Connect Me”, que acrescenta navegação embarcada e central multimídia com tela de 10,1 polegadas e custa R$ 3.720. Há ainda outros dois kits extras.
O “Pack Design III” que por R$ 5.300 acrescenta bancos em couro, teto biton e rodas de 17 polegadas e o “Pack Multimídia I” que altera o tamanho da tela da central multimídia, sem acrescentar o sistema Connect Me, por R$ 1 mil. Assim, os já caros R$ 112.490 do Pulse Audace podem ser surreais R$ 123.510, ou R$ 118.210, como a unidade testada.
Pequeno e ágil
O Pulse inaugurou diversos itens na Fiat. Além de ser o primeiro SUV pequeno da marca no país, ele foi responsável por lançar a nova transmissão automática CVT e o novíssimo motor 1.0 turbo, lançando a montadora no universo dos propulsores pequenos e potentes.
A nova caixa de força, apesar da baixa litragem, tem uma ótima cavalaria. Com 130 cavalos no etanol e 125 com gasolina, ela é a mais forte entre os 1.0 turbo disponíveis no país. O torque é de excelentes 20,4kgfm, empatado com o motor 200 da Volkswagen entre os mais fortes.
Apesar da força do motor, a transmissão automática do tipo CVT meio que pasteuriza o conjunto mecânico. Ele é ágil, mas falta aquela força de impacto, principalmente inicial. Essa potência pasteurizada compromete mais para quem gosta de usar toda a potência do motor, com uma tocada mais arisca. Com o modo Sport, melhora um pouco, mas nada demais.
Mesmo assim, as manobras são feitas com extrema segurança, principalmente as ultrapassagens. As saídas e retomadas de velocidade demandam um pouco mais de paciência, algo comum neste tipo de transmissão.
Outro problema normal em câmbios CVTs é o barulho exagerado. Algo que o Pulse não sofre. A Fiat trabalhou bem a acústica do carro, que não repassa os excessos de ruídos para a cabine, tanto da transmissão, quanto do motor, deixando a viagem mais confortável.
Na parte do consumo, o Pulse também foi bem. Com uma pegada mais arisca, utilizando bastante o modo Sport, ele fez, em média, 10,1km/l com gasolina. Em uma tocada mais ergonômica, sem “apertar o botão vermelho”, ele chegou a marcar quase 12km/l.
A opinião do Diário Motor
A Fiat demorou a entrar no universo dos SUVs pequenos, apesar de, tecnicamente, ainda não ter um representante entre os compactos, atualmente a maior categoria de veículos do país, já que o inédito Pulse é um supercompacto. Mas quando resolveu “embarcar na onda”, fez bonito com o primeiro utilitário da marca fabricado no Brasil.
O Pulse, apesar de ser um pouco menor que os compactos, tem tudo para incomodar a categoria de cima, já que na dele ele chegou “colocando ordem na casa”. Com uma lista de equipamentos realmente completa, mesmo a versão intermediária é uma boa opção.
O preço é salgado, mas qual veículo não está caro neste país? O forte motor 1.0 até ficou meio pasteurizado pelo câmbio CVT, que deixa a tocada mais “morna”, mas problema esse facilmente resolvido com o gritante botão vermelho Sport, no volante. No geral, será uma excelente compra! Nota: 9,5.
Ficha Técnica
Motor: 1.0 turbo
Potência máxima: 110/125cv
Torque máximo: 20,4kgfm
Transmissão: automático tipo CVT
Direção: elétrica
Suspensão: independente na dianteira e semi-independente na traseira
Freios: a disco na dianteira e tambor na traseira
Porta-malas: 370 litros
Dimensões (A x L x C x EE): 1.576 x 1.774 x 4.009 x 2.532mm
Preço: R$ 112.490
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