Rainha de fôlego renovado: testamos a Fiat Toro Freedom turboflex
A picape intermediária finalmente ganhou um motor à sua altura
Em 2016, a Fiat apresentou sua primeira picape sem ser compacta. Ao contrário da maioria das marcas, a italiana lançou um modelo de porte intermediário, até pouco tempo inexistente — a Renault foi a pioneira na categoria com a Oroch lançada em setembro de 2015. Mas ao contrário da rival francesa, a Toro chegou com um leque generoso de versões.
Com motorizações diesel e flex, opção com câmbio manual e automático de seis e nove velocidades, tração 4×2 e 4×4, a Toro “chegou chegando” e, em conjunto com o visual para lá de inovador, conquistou o público brasileiro rapidamente. Sem tomar conhecimento da rival da Renault, ela dominou seu segmento e, no geral, só não vende mais que a irmã caçula, a Strada.
Mas de todos os predicados da Toro, um precisava melhorar, o motor flex. Até então, a picape utilizava o ultrapassado E.torq 1.8 de 139 cavalos, um dos propulsores mais antigos ainda em produção no país. Além de fraco para a caminhonete, ele era muito “beberrão”, com um consumo assustador. Mas neste ano, isso finalmente mudou.
Com o segundo facelift da picape — esse bem mais profundo que o primeiro realizado em 2019 — a Toro finalmente ganhou um motor flex à altura da sua capacidade. Agora, ela utiliza uma caixa de força turbo de 1.3 litros que gera ótimos 185 cavalos. Essa motorização equipa, entre outras, a versão Freedom (R$ 136.990), nosso Teste da Vez.
Fôlego de sobra
Neste segundo facelift, a Toro mudou muita coisa, recebeu um “banho” de tecnologia e teve o design dianteiro e interior, principalmente, alterado. Mas o mais esperado era a nova motorização e, nisso, a Fiat não decepcionou. Batizado de T270, em alusão ao torque do propulsor, a nova caixa vai muito bem na picape, aliada ao câmbio automático de seis velocidades.
Fora os já mencionados 185 cavalos, ele gera excelentes 27,5kgfm de torque (para se ter uma ideia, o antigo E.torq tem 19.3kgfm). Além do número bem maior, por ser turbo, ele trabalha em rotações mais baixas, ou seja, alcança toda a capacidade logo em 1.750rpm, o que permite acelerações vigorosas.
Ao contrário das versões anteriores, onde o propulsor era lento e fraco, agora, a Toro tá mais para um cavalo de corrida de tanta força. As acelerações ficaram muito boas, basta o mais leve toque no acelerador para fazer a picape disparar pelo asfalto e com muita vitalidade. Com isso, todas as manobras são feitas com extrema facilidade e segurança.
Com toda essa força, a picape “instiga” o motorista a acelerar, pois é muito fácil fazê-la disparar. Por ser monobloco, a Toro sempre teve uma direção otimizada, mas agora está ainda melhor, pois não há falta de fôlego em momento algum.
Se, por um lado, a Fiat resolveu a falta de força do motor flex, por outro, o consumo gerou grandes dúvidas. Com o propulsor turbo, era esperado um gasto menor. Mas a vitalidade da caixa de força virou um “calcanhar de aquiles” na picape. Como ela é boa de acelerar, e quanto mais você pisa, mais ela responde, o consumo ficou um pouco aquém.
Durante nosso teste, a Toro fechou em 8,5km/l com gasolina na cidade, abaixo do esperado. Mas nos momentos em que andamos igual gente não aceleramos tudo, ela chegou a marcar 15km/l e fez 11,1km/l de média. Ou seja, se pisar fundo, ela irá consumir bem, mas se maneirar no pé, o gasto com combustível pode ser bem otimizado.
Estilo renovado
Na época do lançamento, a Toro causou um certo furor graças ao design para lá de diferente. O visual ousado agradou boa parte do público e é um dos grandes motivos do sucesso da picape. Para o facelift, a marca decidiu mexer com parcimônia no desenho. A versão que testamos, a Freedom T270 foi uma das que menos mudou.
Ela mantém o estilo agressivo, com a luz de circulação diurna acima do para-choque, que foi redesenhado. A grade também conta com um novo desenho e está mais elegante. A Toro também passa a contar com o novo logo, que é apenas o nome da marca e conta com o “Fiat Flag” no canto inferior.
A traseira e as laterais mudaram quase nada. A Freedom ainda conta com rack de teto com um desenho diferenciado que deixa a picape com estilo ainda mais aventureiro. Por dentro, ao contrário da carroceria, as mudanças foram generosas. Para não dizer que tudo é novo, as alavancas do câmbio e do freio de mão e o volante permanecem iguais.
Agora, a picape conta com um painel de instrumentos digital de sete polegadas. A tela da central multimídia está maior, com 8,4 polegadas. Os comandos do ar-condicionado e do som foram redesenhados, assim como o painel, bancos e forros de portas. O espaço interno continua o mesmo, com quatro adultos viajando com conforto.
Lista intermediária
A Freedom é a versão intermediária da Toro e, com isso, não é tão bem equipada assim, mesmo para um veículo de R$ 136.990. De série, ela vem com os novos displays citados, controles de tração e estabilidade, sensor de estacionamento traseiro, auxiliar de partida em rampa, electronic locker, monitoramento de pressão dos pneus, piloto automático e seis airbags.
Ela ainda vem com borboletas no volante para trocas de marcha, câmera de ré, ar-condicionado digital e dual zone, faróis full LED, farol de neblina, barras longitudinais no teto, capota marítima e porta USB e 12v na traseira.
Como opcional, a versão testada contava com o Pacote Conforto (R$ 5 mil) que acrescenta bancos em couro, carregador sem fio e o Fiat Connect////me. A pintura branca custa mais R$ 1,5 mil, ou seja, a Freedom sai por salgados R$ 143.490. Os itens extras deveriam ser de série, sem falar na ausência de chave sensorial para abertura das portas e partida do motor.
Mas ela pode ficar ainda mais cara, há outro pacote, que acrescenta frenagem automática de emergência, aviso de saída de pista, comutação automática do farol alto, sensores de estacionamento frontal, de chuva e crepuscular e retrovisor eletrocrômico, por mais R$ 2 mil em relação ao Pacote Conforto. Sem contar as pinturas metálicas por R$ 2,5 mil.
A opinião do Diário Motor
A Toro, com a nova motorização turboflex, evoluiu muito na questão do conjunto mecânico. O motor flex aspirado sempre foi um grande porém da picape, mas agora ela passa a contar com uma caixa a altura. O propulsor turbo de 185 cavalos faz a caminhonete acelerar facilmente, com uma nova pegada que agrada quem gosta de “pisar fundo”.
O grande porém ficou pelo consumo. Como é “fácil” acelerar com a Toro, o gasto com combustível permaneceu alto, mas basta maneirar o pé que ela consome menos. O visual está ainda mais agradável, principalmente o interior e a lista de equipamentos deixa um pouco a desejar. Mas para quem procura uma picape urbana, vale a compra! Nota: 8,5.
Ficha Técnica
Motor: 1.3 turboflex
Potência máxima: 185/180cv
Torque máximo: 27,5/kgfm
Direção: elétrica
Suspensão: independente nas quatro rodas
Freios: a disco na dianteira e tambor na traseira
Capacidade de carga: 750kg
Dimensões (A x L x C x EE): 1.733 x 1.844 x 4.945 x 2.990mm
Preço: R$ 136.990
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