Primeiras impressões: Renault Duster melhora no visual, mas ainda peca no motor
A versão 2020 do SUV francês chega repaginada sem perder o lado robusto e espaçoso
Em 2011, a Renault resolveu desbravar um mercado pouco disputado, o de SUVs compactos. Até então, o segmento contava apenas com um representante, o Ford EcoSport. Mesmo com visual controverso, a disputa era mais amigável e o francês fez sucesso rápido.
Quatro anos depois, o modelo ganhou o primeiro facelift e viu a “briga” ficar mais acirrada com a chegada de diversos concorrentes. Com isso, o Duster despencou do topo dos mais vendidos da categoria para um mísero nono lugar em 2019. Para tentar reverter um pouco a situação, a montadora resolveu fazer mais um facelift, esse mais profundo.
Conhecemos de perto o Duster 2020 na última semana em Foz do Iguaçu (PR). O modelo, que não ganhou uma nova geração, recebeu uma profunda atualização visual, ficando bem mais moderno, mas sem deixar de lado o estilo robusto. Apesar do conjunto mecânico não ter sido alterado, as primeiras impressões do veículo são boas.
O modelo chega em quatro versões: Live (voltada para o público PcD), Zen, Intense e Iconic. Todas utilizam o mesmo conjunto mecânico: motor 1.6 e câmbio automático CVT, a exceção fica na Zen, que conta com uma opção com transmissão manual, que figura como configuração de entrada do SUV. Nosso primeiro contato foi com a topo de linha e seus R$ 91.490.
Estilo melhorado
O valor da Iconic parte de R$ 87.490, mas ela conta com dois pacotes extras que equipavam os modelos de teste, o banco de couro por R$ 1.700 e o Pack Outsider por R$ 2.300, que adiciona itens visuais externos ainda mais robustos.
Mesmo sem o Pack Outsider, o visual do Duster mudou consideravelmente. Na dianteira, tudo é novo, da saia ao vidro do para-brisa, que está mais inclinado. O conjunto óptico foi redesenhado e ganha uma elegante luz de circulação diurna em LED. Caixas de rodas, capô e toda a lateral estão mais volumosas, assim como os para-choques.
O Pack Outsider acrescenta bumpers dianteiros, protetores de plástico nas laterais e nas caixas de roda e um gigante aplica no para-choque frontal com grandes faróis de neblina, o que agrega um ar ainda mais robusto ao SUV.
A traseira também foi bem modificada, com novas lanternas traseiras — que lembram muito o desenho utilizado pela Jeep no Renegade. A tampa do porta-malas foi redesenhada e o nome do modelo na peça ficou maior. As rodas também contam com novos desenhos.
O visual externo do Duster 2020 mudou bastante, mesmo assim não se compara com as modificações internas. A cabine é completamente nova e conta com um estilo muito mais moderno. Para não dizer que tudo é novo, apenas a manopla do câmbio e os comandos do sistema multimídia permanecem iguais.
O grande destaque fica pelo painel, com foco na central multimídia, que finalmente adota um novo estilo e que deve indicar os próximos passos da montadora. O display do sistema ganha novo visual — é o primeiro da marca no país a contar com o novo modelo –, configuração e posição mais ergonômica, com melhor visualização por parte do motorista.
Além disso, painel, bancos, console, volante, saídas de ar e painel de instrumentos foram redesenhados. Inclusive, agora, o Duster conta com velocímetro digital em um pequeno display no painel. A pequena tela é simples mas funciona bem.
Um ponto que não foi alterado no novo Duster foi o espaço interno. A área para os ocupantes, como sempre, é generosa, podendo levar cinco adultos sem muito aperto. O porta-malas continua com os mesmos excelentes 475 litros.
Deveria ser melhor
O grande porém do Duster 2020 é o mesmo da linha anterior, o motor. O SUV conta com um propulsor 1.6 de 120 cavalos e 16,5kgfm de torque, aliado ao câmbio automático CVT. Com isso, o modelo não é muito esperto nas manobras, precisando de paciência por parte do motorista, mas, pelo menos com o carro vazio, não é tão comprometedor.
Na hora de realizar ultrapassagens, saídas e retomadas de velocidade é preciso um pouco mais de atenção do que deveria, o que acaba por preocupar, afinal, estamos falando de um veículo familiar. Mas a precaução a mais é até esperada, porque, naturalmente, o câmbio CVT não é conhecido por sua destreza.
Como qualquer veículo com este tipo de transmissão, é preciso esperar que ele desenvolva primeiro, a velocidade vai crescendo de forma constante, uma característica comum de modelos com transmissão CVT. Outro problema deste tipo de câmbio é o excesso de ruído, principalmente entre médias e altas rotações. Nessas faixas, ele berra sem dó.
Mesmo com todo esse porém, durante o teste — por estradas de chão e rodovias na região de Foz de Iguaçu — o utilitário até se comportou bem. Ao progredir a velocidade com calma, o utilitário até que desenvolve bem. Claro que, ao precisar de mais força, ele vai mais “gritar” do que realmente disparar pelo asfalto.
Mas estávamos com apenas duas pessoas dentro do veículo. Por ser um modelo familiar, é possível que, com o carro cheio (cinco pessoas mais bagagem), ele deva ser mais lento nas respostas, o que demandará ainda mais atenção do motorista.
Um ponto positivo do conjunto mecânico é a adoção da direção elétrica. Com isso, o volante fica bem mais leve em baixa velocidade e mais firme em alta. A suspensão também está bem calibrada, absorvendo bem as imperfeições do solo. Mesmo sem ser um modelo 4×4 (a opção tracionada não existe mais, assim como o motor 2.0), ele vai bem em trechos leves.
Evoluiu
Assim como o visual, a lista de equipamentos do Duster melhorou muito para a linha 2020. De série, ele vem com luz de circulação diurna em LED, banco do motorista com regulagem de altura, sistema start/stop, direção elétrica, a central multimídia, faróis de neblina, controle de estabilidade, sensor de estacionamento traseiro e ar-condicionado digital e automático.
O SUV ainda conta com sistema multiview (quatro câmeras permitem visualizar, de forma manual, a dianteira, traseira e as laterais do veículo), alerta de ponto cego, sensor de luminosidade, rodas de liga leve de 17 polegadas diamantadas, apoio de braço e chave cartão com abertura das portas e partida do motor por sensor.
Mas ele peca em um ponto, a quantidade de airbags. O SUV vem apenas com os dois obrigatórios por lei. O que mostra um certo descaso da montadora com os clientes do modelo, já que o Kwid e a família Sandero contam com quatro bolsas. Outro porém é a quantidade de portas USB, apenas uma. Para um modelo familiar, deveria ter muito mais, no mínimo mais uma para a traseira.
A opinião do Diário Motor
O Renault Duster sempre teve alguns pontos controversos, como o visual — tanto interno, quanto externo –, e a lista modesta de equipamentos. Em contrapartida, ele sempre se destacou pelo espaço interno generoso e pelo preço abaixo da concorrência. Para a nova versão, a marca focou nos itens que mais preocupava.
Mesmo sendo uma questão de gosto, é fato que o design do Duster está muito melhor. A carroceria está mais elegante, sem perder o aspecto robusto e a lista de equipamentos está maior. Mesmo com as novidades, ele não perdeu o lado positivo. O espaço continua generoso e é um dos melhores da categoria.
Na parte do valor, ele ainda vai bem. Para se ter uma ideia, a versão topo de linha está na faixa de preço das opções automáticas (até abaixo) de quase todos os concorrentes, mostrando que a montadora pensou em um valor mais competitivo para o utilitário.
O único porém é o motor, que poderia ser melhor. A expectativa é que, no futuro, ele receba uma opção turbinada. Falando no conjunto mecânico, a única novidade é a direção elétrica, que funciona muito bem. Pelo conjunto da obra, vale a compra! Nota: 8,5.
Ficha técnica
Motor: 1.6
Potência máxima: 120/118cv
Torque máximo: 16,5kgfm
Direção: elétrica
Suspensão: independente na dianteira e semi-independente na traseira
Porta-malas: 525 litros
Dimensões (A x L x C x EE): 1.683 x 1.822 x 4.376 x 2.674mm
Preço: R$ 87.490