Primeiras impressões: JAC T60, um utilitário que mais promete do que entrega
O novo SUV médio chinês, como de costume, é bem recheado, mas peca em vários aspectos
São Paulo (SP) — Na última semana, a JAC Motors, comandada pelo grupo SHC, apresentou o T60 no Brasil. O SUV, sob novo nome, foi o primeiro utilitário da marca no país, lançado em 2015, ainda chamado de T6. Totalmente renovado, ele foi o último a receber a nova identidade da montadora chinesa.
Como de costume, o modelo chega com uma boa relação preço versus lista de equipamentos. Em duas versões, o T60 já está disponível por R$ 99.990. Andamos por ruas e rodovias de São Paulo na configuração mais completa do SUV, que mais promete do que entrega.
Visualmente falando, a JAC vem acertando em seus modelos. Isso porque ela não adota mais a “receita” de copiar outros veículos. O próprio T6 era, basicamente, um iX35 com o símbolo da chinesa. Gosto é algo pessoal, mas o utilitário não faz feio no quesito beleza. Ele segue a tendência atual e utiliza linhas mais retilíneas e apliques em preto em toda a carroceria.
Por dentro, uma grande evolução. A primeira geração do T60 fazia medo de tanto desleixo no acabamento. Mas desde que a marca adotou a nova identidade — a partir do T40 –, ela evolui muito nesse quesito. Ainda resta saber se, com o tempo, os encaixes irão permanecer bem feitos. Outra moda que a marca adere é da tela flutuante, mas que ficou bem realizada no SUV.
Sobre o espaço, poderia ser melhor. Quatro adultos viajam com conforto, um quinto sempre gera aperto, mas por ser um SUV médio, não deveria. O porta-malas é de bom tamanho, mas a JAC informa apenas a medida chinesa, que é diferente da brasileira.
É, mas não parece
Olhando apenas os números frios, o conjunto mecânico do T60 parece ser interessante, mas só parece mesmo. Na prática, o SUV parece um sedentário, faz tudo com muito esforço. O motor é um 1.5 turbo de 168 cavalos e 21,4kgfm de torque. O problema é que ele é aliado a uma transmissão automática do tipo CVT.
Propulsor turbo e câmbio CVT simplesmente não conversam. Mesmo o motor trabalhando em baixas rotações, a transmissão tem uma aceleração contínua, lenta e monótona, o que tira qualquer esportividade que a caixa de força pode sugerir.
O que parece faltar ao conjunto mecânico do T60 é uma tropicalização, ou seja, uma preparação para atender melhor o público e as diferentes demandas do brasileiro. Mesmo sendo CVT, a transmissão conta com “marchas” virtuais. Elas poderiam ter sido escalonadas de maneira mais dinâmicas, para dar maior agilidade ao utilitário.
Com isso, mesmo com uma boa potência e números que chamam a atenção, a direção é lenta e monótona. É preciso ter cuidado ao realizar as manobras, principalmente saídas e ultrapassagens. Outro porém do CVT é o alto ruído, ao pisar fundo no acelerador, o carro grita sem dó, mostrando que o isolamento acústico não é lá essas coisas.
Muita promessa
Desde que chegou ao Brasil, a JAC tem como costume apostar em muitos itens de série. Com o T60 não é diferente. São duas versões, praticamente idênticas, as únicas coisas que difere uma da outra é o teto solar e os bancos em couro, de resto, tudo igual. Essa configuração parte de R$ 104.990.
Assim na parte da segurança, o T60 vem com sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, câmera 360º, controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa, piloto automático, faróis com acendimento automático, regulagem elétrica e luz de circulação diurna em LED e sistema de monitoramento de pressão dos pneus.
No entanto, ele vem apenas com dois airbags, os obrigatórios por lei. Se um dos intuitos da marca é se diferenciar com a lista de equipamentos, deveria utilizar mais bolsas de proteção.
Na parte da comodidade, ele conta com abertura das portas e partida com chave presencial, vidros, travas e ajustes dos retrovisores e dos bancos elétricos (no entanto o ajuste do encosto é manual), ar-condicionado digital (mas que não é automático e não conta com saída para a traseira) e freio de estacionamento eletrônico.
Além disso, ele conta com três displays. O da tela da central multimídia de 10,2 polegadas, do painel de instrumentos digital e configurável e um para os comandos do ar-condicionado e sistema de som. A tela que faz a vez do painel de instrumentos é interessante, mas as informações são difíceis de visualizar, principalmente as configurações.
A tela da central multimídia também é complexa. Ela apresenta muita informação de uma vez só, o que pode acabar confundindo. E, dependendo da altura do motorista, o sol pode atrapalhar a visualização. Outro porém dela é que não há conexão nativa com smartphone, seja via Android Auto ou Apple CarPlay. Até é possível espelhar, mas é preciso utilizar um app específico.
A opinião do Diário Motor
Como qualquer veículo da JAC, o T60 tenta cativar pelo custo benefício. O porém é todo o resto. Ainda é difícil afirmar que o modelo não repetirá os erros dos outros modelos da marca. Mesmo com uma lista de equipamentos boa, o conjunto mecânico deixa a desejar.
O acabamento melhorou muito em relação a primeira geração, mas como todo o resto é preciso ter calma para saber se vai durar. A ideia de ser um SUV médio no preço de modelos compactos pode chamar a atenção, mas ainda é R$ 100 mil em um veículo com uma rede de atendimento curta.
O conjunto mecânico é o grande porém. Mesmo com números bons, na prática, o carro é fraco, sem fôlego e demanda muita paciência do motorista para realizar manobras simples. Vale o teste drive! Nota: 5.
Ficha Técnica
Motor: 1.5 turbo
Potência máxima: 168cv
Torque máximo: 21,4kgfm
Direção: elétrica
Suspensão: independente na dianteira e eixo de torção na traseira
Dimensões (A x L x C x EE): 1.800 x 1.660 x 4.410 x 2.620mm
Preço: R$ 99.990
Viagem a convite da JAC Motors