Honda HR-V Touring evolui como merecia, mas cobra muito alto

Testamos a versão topo de linha do SUV compacto mais caro do país, que tinha tudo para tirar um 10, mas o preço exagerado não permite isso

O segmento de SUVs compactos está mais do que consolidado no Brasil, sendo um dos que mais vendem. Criado em 2003 com o falecido Ford EcoSport, a categoria começou a ganhar – ainda – mais evidência em 2015 quando três marcas resolveram apostar em modelos do tipo, Peugeot com o 2008, Jeep com o Renegade e Honda com o HR-V. 

Cronologicamente falando, o japonês foi o primeiro apresentado naquele ano e contribuiu muito para a categoria cair de vez no gosto do brasileiro. Junto com o americano, logo ele dominou o segmento e, mesmo com meses a menos de mercado, fechou 2015 como líder entre os utilitários, tanto entre os compactos, quanto no geral. 

Com a dominância do HR-V, logo outras marcas apresentaram seus representantes para a categoria. Desde então, a onda de SUVs compactos só aumenta. Atualmente, o segmento conta com mais de 10 modelos, sendo que alguns “morreram” nos últimos oito anos, como o pioneiro EcoSport. 

A quantidade de rivais fez o japonês perder espaço, que a Honda procura retomar com a segunda geração do SUV, apresentada no fim do ano passado. Totalmente reformulado, o novo HR-V surgiu bem mais tecnológico, mas com um grande – imenso – porém, o preço, que bate os R$ 190.900 na topo de linha Touring, o nosso “Teste da Vez”.

Fora da realidade

O HR-V é, de longe, o SUV compacto mais caro do país.

Não é de hoje que falamos que carro – seja qual for – está caro no Brasil. Mas sempre tem alguma marca que “abusa” na hora de propor o preço do veículo e, nisto, a Honda está se sobressaindo negativamente. Como falamos, a versão topo de linha do HR-V custa exagerados R$ 190,9 mil, o que lhe concede o título de SUV compacto mais caro do país. 

E a diferença para o segundo é enorme. O Renegade Trailwalk custa salgados R$ 174.990, mas lembrando que esta versão conta com o consagrado sistema de tração 4×4, se for olhar para a 4×2 mais cara, ele sai por impressionantes R$ 40 mil a menos que o HR-V. 

Nem a boa lista de equipamentos justifica o alto valor.

Até outros modelos fora da realidade em relação ao preço, como o Renault Captur, o Chevrolet Tracker, o Hyundai Creta e o Volkswagen T-Cross, que nas opções topo de linha estão na casa dos R$ 160 mil, custam cerca de R$ 25 mil a menos do que o japonês. O HR-V consegue ser muito mais caro (exatos R$ 25.910) que o eletrificado Caoa Chery Tiggo 5x Hybrid.

Mas os poréns do preço não param por aí, ele consegue ser mais caro até do que alguns SUVs médios. As duas versões iniciais do Jeep Compass e do Toyota Corolla Cross custam menos, assim como a do Volks Taos. E a Touring está quase no mesmo valor de Mitsubishi Eclipse Cross e Caoa Chery Tiggo 7, tanto na opção Pro, quanto na Hybrid, de entrada.

“Ortodoxo”

O visual está mais sóbrio, mesmo com o estilo coupé.

Como de costume, para a segunda geração do HR-V, a Honda modificou completamente o visual do SUV. Apesar de elegante, o novo design é muito sóbrio e deixa o japonês nada chamativo. Um ponto alto, pelo menos na versão testada, a Touring, é a completa ausência de detalhes cromados na carroceria, pelo contrário, o uso de preto brilhante é abundante. 

A grade dianteira, que cresceu consideravelmente, é composta por múltiplos elementos que parecem flutuar. Ela e as saias, principalmente a frontal, dão um estilo bem esportivo ao SUV. O para-choque tem vincos que reforçam o lado atlético do modelo. 

O interior elegante peca no acabamento claro, para um veículo familiar.

Na traseira, as lanternas fumê são unidas por uma barra horizontal que faz a vez de luz de posição e, assim como na frente, tudo é em LED. Na segunda geração, o estilo coupé do HR-V está ainda mais acentuado, principalmente ao olhá-lo mais de lado. Um detalhe mantido foram as maçanetas das portas traseiras, “escondidas” na coluna C.

Por dentro, tudo novo também. A cabine segue o estilo apresentado no City, apesar de algumas diferenças, como a posição da tela da central multimídia e a manopla do câmbio. Volante e botões do ar-condicionado são idênticos. Uma novidade é a saída de ar para a traseira. Além disso, segundo a Honda, ele ganhou 35mm de espaço para os pés. 

Maior conforto

O espaço traseiro está ainda mais generoso.

Se antes ele já tinha um bom espaço, principalmente traseiro, agora está ainda melhor. Até quem for no meio conseguirá viajar com certo conforto, mas claro que, para viagens muito longas, o ideal são até quatro adultos. Mas o porta-malas perdeu área, levando apenas 354 litros. Os bancos contam com dois poréns, um positivo e outro negativo. 

A parte negativa é, inclusive, o único porém do acabamento que, como de costume, é muito bem feito, sem rebarbas ou peças mal encaixadas e um há um bom trabalho com o couro, nas portas e no painel, o problema é a cor. O tom claro não cai bem em um veículo familiar, quem tem filho pequeno sabe bem, o trabalho com a limpeza será muito maior. 

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O lado positivo dos bancos não é nada novo, pelo contrário, desde a primeira versão lançada em 2015, o HR-V conta com ela, o “Magic Seat”. O sistema permite toda uma configuração diferenciada para os assentos traseiros, desde levantando-os a rebaixando o encosto, em ambos os casos, total ou parcialmente. 

Com as mais diferentes configurações, é possível levar objetos grandes sem se preocupar com o espaço, desde a carrinhos de compra (como fizemos) a bicicletas sem precisar desmontá-las, já que, com os encostos rebaixados, eles ficam planos em relação ao porta-malas, otimizando a área de carga. 

Como deveria

A lista de equipamentos é recheada.

Apesar de não amenizar as críticas em relação ao preço, ao menos, a lista de equipamentos da Touring é para lá de generosa, como tem que ser em um veículo de R$ 190 mil. Mas como nem tudo são flores, há alguns poréns, principalmente um que o consumidor deste tipo de veículo costuma gostar, a ausência de um teto solar.

Na parte da comodidade, ele vem com chave sensorial e partida por botão, ar-condicionado digital e dual zone, três modos de condução (Normal, Eco e Sport), central multimídia com tela de oito polegadas, conexão sem fio com smartphones via Android Auto e Apple CarPlay, quatro portas USB e carregador de celular por indução.

Saída do ar e duas portas USB voltados para o banco traseiro.

Ele conta com volante revestido em couro com paddle shifts, banco do motorista com ajuste elétrico, partida remota do motor, abertura automática do porta-malas por sensor de movimento com função de fechamento, painel de instrumentos com tela de sete polegadas e retrovisores com rebatimento elétrico, direito com “Tilt-Down” e interno eletrocrômico.

Entre os itens de segurança, seis airbags, controles de tração e estabilidade, LaneWatch, auxiliares de partida e descida em rampa (raro em veículos 4×2), alerta de baixa pressão dos pneus, câmera de ré, freio de estacionamento eletrônico com brake hold, sensores de chuva e de estacionamento dianteiros e traseiros e sistemas Sensing e myHonda.

A LaneWatch é interessante, mas poderia ser substituída por um monitoramento de ponto cegos.

O Sensing engloba piloto automático adaptativo, frenagem automática com detecção de pedestres e veículos no sentido contrário, assistência de permanência e alerta de saída de faixa e farol alto automático.

Já o myHonda, oferece, via aplicativo, serviços como consultar status do veículo, acionar controles remotos (dar a partida no motor, ligar o ar-condicionado, travar e destravar as portas), saber a localização do carro, verificar o status de pressão dos pneus, receber alertas e fazer agendamentos de revisões.

Pasteurizado

Para a nova geração, o motor turbo finalmente passou a ser flex.

O conjunto mecânico da nova geração do HR-V, na versão que testamos, a Touring, é “igual mas diferente”. Ela mantém o propulsor 1.5 turbo, mas que agora é flex, gerando 177 cavalos e 24,5kgfm de torque tanto com gasolina, quanto com etanol. A caixa de força está alinhada ao câmbio automático do tipo CVT com sete marchas virtuais. 

Apesar de agora “beber” dois tipos de combustível, o propulsor continua com o mesmo porém, a velha e monótona transmissão continuamente variável, ou seja, zero esportividade, mesmo usando o “Modo Sport”. O câmbio “pasteuriza” o motor – que claramente é muito bom –, deixando a direção sem graça, mesmo para um turbo. 

O câmbio CVT “pasteuriza” o bom motor turbo.

O câmbio CVT da Honda é um dos melhores do tipo disponível no mercado atualmente, mas ainda assim é uma transmissão contínua, ou seja, falta uma marcha de verdade para garantir uma pegada mais divertida. Ao menos ela deixa a condução confortável e o SUV é relativamente econômico, ao fim do teste marcou 11km/l com gasolina. 

Apesar da ausência de emoção, a direção é segura, com todas as manobras sendo feitas sem risco, principalmente as ultrapassagens, saídas e retomadas de velocidade também. O sistema Sensing ajuda bem, mas a LaneWatch poderia ser substituída por um sistema bilateral de monitoramento de ponto cego e não apenas para um lado. 

O sistema Sensing é um dos destaque da boa lista de equipamentos.

Falando no sistema Sensing, o piloto automático trabalha bem e conta com stop & go, o que ajuda muito em engarrafamentos, fazendo o carro frear totalmente sem o auxílio do motorista. Mas o assistente de permanência em faixa é muito sensível, nem sempre consegue ler as marcações da pista, ficando sem funcionar por muitas vezes. 

Um item para lá de interessante é o auxiliar de descida, raro de se ver em veículos que não são 4×4. Como em modelos off-road, basta ativá-lo para deixar o veículo agir sozinho ao descer alguma rampa, desde as de garagem, a alguma trilha leve que não necessite que o veículo seja tracionado.

A opinião do Diário Motor

Honda HR-V Touring.

O HR-V sempre foi um SUV bom e melhorou ainda mais na segunda geração. Com um espaço interno maior e uma lista de equipamentos generosa, ele manda bem. Se você não ligar para esportividade, o conjunto mecânico atenderá muito bem também. Na construção dele, são poucos poréns, é mais questão de um detalhe ou outro, como a ausência do teto solar e o acabamento claro, para um veículo familiar. 

Se olhássemos apenas estes pontos, ele seria a melhor opção do mercado. No entanto, como sempre, o preço é de um exagero inexplicável. Sabemos que carro no Brasil anda – sempre foi – caro, mas a Honda pegou pesado com o HR-V, ele é R$ 15 mil, R$ 25 mil, R$ 40 mil mais caro do que os concorrentes, não dá para um SUV compacto custar quase R$ 200 mil e, somente por isso, não vale a compra! Nota: 4,5.

Ficha Técnica

Motor: 1.5 turbo

Potência máxima: 177cv 

Torque máximo: 24,5kgfm 

Transmissão: automática CVT

Direção: elétrica

Suspensão: independente na dianteira e semi-independente na traseira

Freios: a disco nas quatro rodas

Porta-malas: 354 litros

Dimensões (A x L x C x EE): 1.590 x 1.790 x 4.385 x 2.610mm 

Preço: R$ 190.900

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