Ford Ranger Raptor, uma predadora super ágil de primeira ordem

Testamos a picape mais insana – até o momento – disponível no Brasil, com alta capacidade off-road e esportividade de hot hatch

Em toda a história, o ser humano, ao desenvolver, criar ou pensar em algo a ser feito, muito se buscou inspiração na natureza, seja ela atual, seja ela pré-histórica. A ideia vindo do natural pode ser no formato, na própria idealização ou apenas no batismo do que se está criando. Muitas vezes, apenas o nome é utilizado como forma inspiradora.

No universo automotivo não é diferente. A toda hora vemos veículos inspirados, principalmente, em animais, seja por conta de uma linha mais suave, de uma dianteira aguda, ou de detalhes que lembram guelras. Há quase uma fusão entre carros e bichos.

Existe uma nomenclatura que, inicialmente utilizada para batizar uma versão insana de uma picape, exemplifica bem essa teoria, Raptor. Este nome, se utilizado em uma roda de paleontólogos, certamente falarão de um dos dinossauros mais rápidos que já existiu, o Velociraptor. Se for entre ornitólogos, a conversa será sobre as aves de rapinas. Entre entusiastas automotivos, sobre a Ford F-150 ou Ranger Raptor.

Ao criar uma versão insana de seu mais famoso modelo, a F-150, a Ford se inspirou tanto no dinossauro quanto nas aves de rapina para o nome. Os três têm muito em comum: velocidade e são exímios predadores. Quando a marca decidiu aumentar a família, o “sobrenome” foi mantido e, assim, surgiu a Ranger Raptor, o nosso “Teste da Vez”. 

Precificação 

A picape esportiva reina sozinha no Brasil.

Hoje, no Brasil, não há nenhum modelo que minimamente rivaliza com a Ranger Raptor. Nenhuma picape no mercado brasileiro une motorização V6 de quase 400 cavalos, pegadas super esportiva e off-road e preço na casa dos R$ 470 mil (R$ 469.700, para ser mais específico).

A única que pode competir, de forma muito indireta, com a americana, é a compatriota Jeep Gladiator. Ela também utiliza um motor V6 a gasolina (mas bem mais fraco), tem valor na mesma faixa de preço (mas mais cara, R$ 499.990), só que o foco é totalmente no off-road, sem nenhum quê de esportividade.

Bem tratada

A versão predadora da Ranger passou por um tratamento completo.

A Raptor, como outros modelos de pegada esportiva da Ford, foi desenvolvida pela divisão Performance da marca. A essência dela é a Ranger mas com um trato daqueles, com direito a crescer e tudo mais. Em comparação com as versões normais da picape, a esportiva é 10mm maior no comprimento (5.360mm), 193mm na largura (2.208mm), 40mm na altura (1.926mm) e 90mm na bitola (1.710mm) o entre-eixos é o mesmo, de 3.270mm.

O visual é muito semelhante, mas com algumas alterações, como na dianteira, que leva o nome Ford estampado em letras pretas grandes na grade. Os para-choques, de aço e também em preto, foram redesenhados e se conectam aos alargadores dos para-lamas da mesma cor. O protetor dianteiro inferior em prata, traz dois ganchos de reboque.

A caçamba tem proteção especial e tomadas 120v e 12v.

A caçamba é equipada com protetor Flexbed, pontos de ancoragem, tomadas de 120V e 12V e tampas para a instalação de acessórios. A picape exibe a assinatura Raptor com adesivos nas laterais e na traseira e o nome Ranger em baixo relevo na tampa. Ela ainda conta com estribo tipo plataforma, lanternas em LED e escapamento esportivo duplo.

Por dentro, o acabamento em couro e suede preto com detalhes em laranja aponta o lado esportivo da caminhonete. A cor é vista nas costuras do volante (que tem desenho próprio), dos bancos (exclusivos para a versão) e na manopla do câmbio, nas molduras das saídas de ar e em partes dos assentos, que ainda conta com a inscrição “Raptor” no encosto. 

O interior de acabamento com detalhes em laranja.

Outro destaque da cabine são as telas digitais, ambas de 12,4 polegadas, com a da central multimídia montada na vertical e a que faz a vez do painel de instrumentos. O acabamento é todo bem feito, com peças bem encaixadas, sem qualquer tipo de rebarba. Tirando as cores, o visual é bem próximo ao das versões normais da Ranger. 

Um ponto bem diferente são os bancos, principalmente os dianteiros. Eles são do tipo concha, com apoio lateral, o que ajuda a segurar melhor o corpo em manobras de alta velocidade no asfalto ou fora dele. O espaço interno é ótimo, como de qualquer picape média, e leva cinco adultos com conforto, claro que o do meio atrás fica um pouco mais prejudicado.

Confortável e segura

A lista de equipamentos é generosa.

Apesar do foco aqui ser a esportividade no fora de estrada – no asfalto também –, claro que estamos falando de um carro, no caso, de uma picape, de quase R$ 500 mil, ou seja, há um mínimo de equipamentos que se espera em um veículo deste preço e a Ranger Raptor não faz feio, pelo contrário.

Ela vem com as telas digitais, sendo que a central multimídia tem conexão sem fio com Android Auto e Apple CarPlay e GPS integrado com navegador off-road, som premium B&O, ar-condicionado dual-zone com saída para a traseira, retrovisores com ajuste e rebatimento elétrico e interno eletrocrômico, caçamba com trava elétrica e iluminação.

Bancos e volantes são exclusivos da Raptor.

Bancos de couro e suede com ajuste elétrico e aquecimento para os dianteiros e compartimento extra sob o traseiro, carregador de smartphones por indução, protetor de caçamba, rodas de liga leve de 17 polegadas com pneus 285/70 R17 General Grabber, chave sensorial, partida por botão, iluminação 360° e conexão remota via app Ford Pass.

Na parte da segurança, sete airbags, câmera 360º, conjunto óptico full LED e faróis Matrix, alerta de ponto cego, sensores crepuscular, de chuva e de estacionamento dianteiro e traseiro, reconhecimento de sinais de trânsito, assistente de reboque, monitoramento de pressão dos pneus, start & stop, controles de tração e estabilidade e assistente de partida em rampa. 

Os variados modos de condução tem fácil acesso pelo volante.

Ela ainda conta com auxiliares de condução como piloto automático adaptativo com stop & go, frenagem autônoma com detecção de pedestres e ciclistas e em marcha ré, assistentes de pré-colisão, de manobras evasivas, de permanência e de centralização em faixa, estacionamento automático, sistema de frenagem pós-colisão e alerta de tráfego cruzado.

Ainda entre as tecnologias, a Raptor vem com três modos de amortecedor selecionáveis (Normal, Sport e Off-Road), quatro de direção (Normal, Conforto, Sport e Off-Road), quatro de escapamento (Silencioso, Normal, Sport e Baja) e sete de condução (Normal, Esportivo, Escorregadio, Lama/ Terra, Areia, Baja e Rock Crawl).

Raptores

São quase 400 cavalos no V6 sob o capô.

Como falamos, o nome da Raptor foi inspirado no dinossauro e nas aves de rapina, que também são conhecidas como “raptores”. Como os homônimos, a picape tem a velocidade como maior princípio, graças ao poderoso motor V6 3.0 biturbo de insanos 397 cavalos e 59,4kgfm de torque, o que lhe dá o título de caminhonete média mais rápida do Brasil.

A força extrema do motor está alinhada ao câmbio automático de 10 velocidades com conversor de torque e opções de troca por borboletas no volante, direção elétrica progressiva e tração integral com modos 4×2, 4x4H e 4x4L, a reduzida. Assim, apesar dos 2.415kg em ordem de marcha, a Ranger Raptor tem atitude de um hot hatch no asfalto. 

A transmissão é automática de 10 velocidades.

O mais leve toque no acelerador faz a picape disparar pelo asfalto com extrema facilidade, a tração integral a deixa sempre no percurso e ainda garante uma agilidade “paranormal” para uma caminhonete. Ultrapassagens, saídas e retomadas são feitas com extrema facilidade, sem nenhum esforço e com muita segurança. 

Em curvas, ela sempre fica na mão do motorista, em momento algum a caçamba, mesmo vazia, tenta “passar a frente”. A Raptor é, de longe, a picape mais divertida de se guiar disponível no Brasil atualmente, seja no asfalto, seja fora dele. Sobre consumo, foram 5,7km/l de média, claro, em uso extremo e divertidíssimo.

No habitat

A Raptor manda bem no asfalto, mas fora dele, vai ainda melhor.

A Raptor é uma picape super bem ambientada. Não interessa o terreno, ela manda muito bem. No asfalto, ela esbanja esportividade. Fora dele, mostra uma capacidade off-road acima da média. Infelizmente, não conseguimos testar o modo mais legal dela, o “Baja”, usado para andar em alta velocidade no off-road, por pura falta de local mesmo. 

Mas os demais, foram muito bem aproveitados. Construída sobre um chassi exclusivo, projetado para suportar níveis ainda mais severos de impacto, com reforços estruturais laterais nas longarinas, nas torres dos conjuntos de mola-amortecedor e no suporte do estepe, a Ranger Raptor domina o fora de estrada como poucas.

A picape tem opção de tração integral, 4×2, 4x4H e 4x4L, a reduzida.

O sistema de suspensão foi completamente reforçado e tem curso de 256mm na dianteira e 290mm na traseira, ela é tipo Double-Wishbone na frente, com braços de liga de alumínio, e Watts Link atrás, com mola helicoidal. Os amortecedores são Fox ativos de competição, ou seja, tem modos de ajuste automáticos para maior estabilidade em saltos e acelerações.

Ela foi feita para correr no off-road, mas se a trilha for travada, não há problema, ela supera com facilidade. Para isso, são 32º de ângulo de entrada, 27º de saída, 24º de transposição de rampa, 45º de capacidade de aclive, 35º de inclinação lateral máxima, 850mm de capacidade de imersão, 272mm de vão livre e diferencial traseiro e dianteiro blocante. 

A opinião do Diário Motor

Ford Ranger Raptor.

Aqui, dessa vez, pedirei licença para contar um “causo de bastidor”. Na vida de jornalista automotivo, é muito comum em uma semana estarmos com um super carro e em outra com um mais simples. Os “altos e baixos” são comuns e, até por isso, não nos apegamos muito aos modelos. Mas vez ou outra surge um que a vontade de devolver passa longe, e uma dessas raras vezes, com este que vos escreve, ocorreu com a Ranger Raptor. 

A picape é simplesmente absurda em todos os sentidos positivos que a expressão pode ter. Pessoalmente, não sou muito chegado em caminhonete, mas a alta capacidade fora e dentro da estrada da americana, a dirigibilidade e a diversão que ela proporciona ao volante faz com que, se tivesse R$ 470 mil para gastar em um carro, ela certamente estaria no topo da lista de opções. Vale a compra! Nota: 10.

Ficha Técnica

Motor: V6 3.0 gasolina

Potência máxima: 397cv 

Torque máximo: 59,4kgfm 

Transmissão: automática de 10 velocidades

Direção: elétrica

Suspensão: independente nos dois eixos 

Freios: a disco nas quatro rodas

Capacidade de carga: 715kg 

Dimensões (A x L x C x EE): 1.922 x 2.208 x 5.381 x 3.270mm 

Preço: R$ 469.700

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