Fiat Toro Rach: otimizando o caminho entre a cidade e o sítio
Testamos uma das versões topo de linha da picape intermediária, queridinha do público brasileiro
No Salão do Automóvel de São Paulo de 2014, a Fiat apresentou um conceito para lá interessante, o FCC4. O modelo chamou muita atenção e revelava como poderia ser a primeira picape não compacta da marca, há época ainda sem qualquer informação.
O lançamento da esperada caminhonete – hoje a consagrada Toro – veio apenas em 2016, o que abriu espaço para a Renault ser pioneira no segmento das intermediárias com a Duster Oroch (hoje em dia apenas Oroch). O que, na prática, não prejudicou muito o fator inovação da Fiat.
Ao ser lançada, a Toro surpreendeu por manter boa parte do visual visto no FCC4, principalmente a dianteira. Com um estilo ousado, inúmeras versões e porte diferenciado (maior e mais espaçosa que as compactas, mas menor e mais fácil de manobrar que as médias), a picape logo caiu no gosto do brasileiro.
Desde então, entre todas as caminhonetes, ela só vende menos que a irmã Strada. Para manter a forte participação da Toro, a Fiat vem constantemente atualizando a picape, com o principal facelift, até agora, realizado no ano passado. Com as constantes mudanças, hoje em dia uma das versões topo de linha é a Ranch (R$ 208.990), o nosso “Teste da Vez”.
Sempre ousada
Se, de início, a Toro chamou a atenção, para o primeiro grande facelift a montadora conseguiu melhorar o que já era bom, principalmente na Ranch. O estilo da picape foge do usual da categoria e está ainda mais moderno, focando na dianteira.
A topo de linha, junto com a Ultra, conta com a grade dianteira diferenciada, com moldura cromada e airbump prateado no para-choque. Como já de costume da marca, ela também tem o Fiat Flag, que remete ao primeiro emblema da montadora nas cores da bandeira da Itália. Os faróis, full LED, continuam ousados e se destacando no desenho da picape.
A traseira não mudou praticamente nada. A Ranch conta com itens diferenciados, como os protetores dos para-lamas e laterais, o santo antônio e o rack de teto exclusivo, além dos espelhos retrovisores e maçanetas cromadas. O porém fica pelos estribos, que tem pouca funcionalidade.
Além de não serem necessários, ao entrar e sair mais atrapalham do que ajudam, a forma pela qual as peças foram encaixadas prejudicam na hora de encarar um terreno muito acidentado. Eles acabam diminuindo o vão livre da picape e, em qualquer obstáculo mais alto, arrastam, o que pode acabar deslocando os estribos.
Agora, se o desenho externo ficou ainda mais ousado, nada se compara com o da cabine. O interior foi bem renovado, com destaque para as telas digitais, a gigante na vertical da central multimídia e a do painel de instrumentos. Os bancos e detalhes do acabamento são em marrom, focando o lado off-road da Ranch, que tem o nome bordado nos assentos.
Como de costume, os materiais são bem empregados, não há rebarbas ou peças mal encaixadas. O espaço interno é bom e leva quatro adultos com extremo conforto, um quinto sempre gera apertos desnecessários. Mais uma vez, o deslize fica pela falta de uma saída de ar para o banco traseiro, que pelo menos conta com uma porta USB e uma tomada 12V.
Pouco para o 10
Assim como o visual, a lista de equipamentos da Toro, na sua versão topo de linha, melhorou bastante. Além das telas de 10 e sete polegadas, ela vem com ar-condicionado dual zone, carregamento e conexão sem fio para smartphones e os bancos em couro marrom.
Ela ainda conta com ajuste elétrico para o banco do motorista, chave sensorial para abertura das portas e partida remota do motor, retrovisor interno eletrocrômico e externo com tiltdown, capota marítima, iluminação na caçamba e porta-objetos no assento do banco do passageiro.
Na parte da segurança, ela vem com sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, crepuscular e de chuva, câmera de ré, auxiliares de partida e descida em rampa, monitoramento de pressão dos pneus, faróis full LED, sete airbags, controles de tração e estabilidade, piloto automático e sistema ADAS.
O conjunto engloba frenagem autônoma de emergência, comutação automática do farol alto e assistente de permanência em faixa, faltaram dois itens para a Toro Ranch tirar 10 entre os equipamentos: alerta de ponto cego e piloto automático adaptativo.
Ida ao Rancho
O conjunto mecânico foi um dos poucos pontos da Toro que não foram alterados pela Fiat – apesar que, a partir da linha 2022, por causa do Proconve L7, ela, assim como os primos Jeep Compass e Commander, passa a contar com tanque de Arla 32, que otimiza as emissões de poluentes –, mantendo o já consagrado 2.0 turbodiesel.
O propulsor gera 170 cavalos e 35,7kgfm de torque. Aliado ao, também já consagrado, câmbio automático de nove velocidades, direção elétrica e suspensão independente nas quatro rodas. Com isso, a condução da picape é segura, todas as manobras são feitas sem problemas
De ultrapassagens à retomada e saídas em velocidade, o motor responde prontamente – sempre tem aquele pequeno delay clássico de propulsores diesel e câmbios automáticos, mas nada que atrapalhe – basta pisar no acelerador que a picape dispara pelo asfalto. A suspensão trabalha bem, deixando o rolar da picape confortável para os ocupantes.
Durante nosso teste, rodamos mais de mil quilômetros com a Ranch, entre rodovia, cidade e fora de estrada. Uma das vantagens do novo painel de instrumentos são as funcionalidades, uma delas é o histórico de consumo que mostra os últimos cinco trechos de 20 quilômetros cada, o que auxilia o motorista a ter uma condução mais econômica.
No geral, ao fim dos 1.142km rodados, ela marcou ótimos 11,5km/l, contando todos os tipos de terreno que percorremos. Com a facilidade do painel digital, foi possível perceber que, em certos momentos, principalmente em rodovias, ela marcava 15km/h.
Como falamos, ela deixa a ida ao sítio muito mais tranquila, seja pegando rodovias, seja rodando em trechos sem asfalto. Não há trajeto ruim para a Toro Ranch. Como não sofreu alterações no conjunto mecânico, o sistema 4×4 permanece o mesmo.
Assim, a Ranch mantém a qualidade da Toro no fora de estrada. É até um pouco melhor, já que ela vem com pneus AT, de uso misto, de série, o que ajuda bastante na hora de encarar pistas sem asfalto, com cascalhos soltos, valas ou descidas íngremes.
Ao se deparar com um obstáculo off-road, basta ativar os modos 4×4 ou 4×4 com reduzida por meio de botões no painel, que ficaram ainda mais práticos. A única coisa que falta para a Toro é o seletor de terreno, como nos primos da Jeep. Mas mesmo assim ela não se atrapalha na hora do off-road, tirando a questão dos desnecessários estribos.
A opinião do Diário Motor
A Toro não faz sucesso à toa, mesmo não sendo a primeira picape intermediária do país, ela caiu nas graças do brasileiro. O grande diferencial sempre foi o visual, que a marca atualiza para melhor. O porte também ajuda, pois tem mais espaço que uma compacta e não é um “trambolho” para manobrar como as médias.
Em uma das suas versões topo de linha, a Rach, a picape ítalo-brasileira desfila toda sua qualidade, seja no visual, na consagrada motorização diesel ou na renovada lista de equipamentos. A caminhonete é uma excelente opção, seja para rodar na cidade ou para ir para o rancho. Os únicos deslizes ficam pela falta do ACC e pelos estribos desnecessários. Vale a compra! Nota: 9,8.
Ficha Técnica
Motor: 2.0
Potência máxima: 170cv
Torque máximo: 35,7kgfm
Direção: elétrica
Suspensão: independente nas quatro rodas
Freios: a disco nas quatro rodas
Capacidade de carga: 1t
Dimensões (A x L x C x EE): 1.741 x 1.844 x 4.945 x 2.990mm
Preço: a partir de R$ 208.990
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