De forma rara, Brasil produziu menos veículos do que vendeu em julho
Com o recorde de emplacamentos por conta da MP 1.175, as fábricas aproveitaram para diminuir os estoques em detrimento da produção
Em julho, muito por conta da MP 1.175, que dispõe sobre mecanismos de descontos patrocinados na aquisição de veículos zero quilômetro para, entre outros, aquecer o mercado automotivo nacional, as vendas de veículos bateram recordes há muito não vistos. Como isso, as fábricas instaladas no Brasil aproveitaram para escoar os inchados estoques.
Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), as montadoras contavam com mais de 250 mil unidades paradas nos pátios das fábricas, com o escoamento do estoque, muito por conta da MP, este número hoje está abaixo dos 200 mil. Assim, a produção em julho teve uma leve queda e, em um raro movimento, ficou abaixo das vendas.
No último mês, o Brasil produziu 183.016 veículos – contra 195.853 emplacamentos, sem contar as motos – e o que representou quedas de 3,3% referente a junho (189.182) e de 16,4% em comparação com o mesmo período do ano passado (218.950). O acumulado do ano está praticamente estável, com leve alta de 0,3% (1.314.984 contra 1.310.639).
Entre os veículos leves, a única diferença é no acumulado do ano, que há um crescimento um pouco maior, de 3,3% (1.249.620 contra 1.209.682). No mais, os números estão bem parecidos com o geral, em julho foram 174.364 unidades produzidas, quedas de 3,2% em relação a junho (180.204) e de 14,1% na comparação o mesmo mês de 2022 (203.096).
O que está derrubando, ainda mais, os números totais são os caminhões e ônibus. Em junho, o segmento produziu apenas 8.652 unidades, quedas de 3,6% em relação a junho (8.878) e de sonoros 45,4% na comparação com o mesmo mês do ano passado (15.854). O acumulado também tem uma redução acentuada, de 35,25% (65.364 contra 100.957).
Segundo a Anfavea, por conta de crises em países vizinhos (Argentina, Chile e Colômbia, especialmente), as exportações seguem em queda livre. Em junho 30.349 veículos foram enviados para outros mercados, quedas de 17,1% para junho (36.622) e de 27,6% contra o mesmo mês de 2022 (41.906). No acumulado, redução de 10,6% (257.566 contra 288.166).