Conexão Rio-Tóquio, testamos o ‘olímpico’ Nissan Kicks Exclusive
Lançado durante os últimos Jogos, realizado em 2016 no Rio de Janeiro, o SUV japonês recebeu o primeiro facelift no início deste ano, também de Olimpíadas
Nos últimos Jogos Olímpicos, realizados em 2016 no Rio de Janeiro, a Nissan apresentou seu principal veículo em anos no Brasil, o Kicks. O primeiro SUV compacto da marca foi o carro chefe das Olimpíadas que tinha a Nissan como uma das grandes parceiras.
O utilitário recebeu o facelift de meio de vida em mais um ano Olímpico e meio que criou uma ligação Rio-Tóquio, sendo o Brasil o primeiro lugar onde ele foi lançado e o Japão o país de origem da Nissan.
Como é comum neste tipo de atualização, as mudanças focaram o visual e a lista de equipamentos, que já era bem interessante no Kicks, principalmente na versão topo de linha — que passou a se chamar Exclusive –, o nosso “Teste da Vez”, mas não passaram pelo conjunto mecânico, que permanece o mesmo.
Na questão do preço, o SUV segue o padrão atual do mercado, pedindo salgados R$ 126.990, longe de ser o mais caro, mas também não passa perto de ser o mais barato entre os topo de linha. Mas há um porém, considerando apenas os modelos com motor aspirado, ele é o terceiro mais caro da categoria e ainda há concorrentes turbinados mais baratos.
Atualizado
Como falamos, a principal modificação no facelift do Kicks foi no design, principalmente na dianteira. A grade “V-Motion” passou por uma reformulação grande e está bem maior, se destacando bem, com pequenos detalhes cromados e uso abundante do preto brilhante. Os faróis estão mais finos e conversam bem com os novos capô e para-choque.
Na traseira, o para-choque também foi redesenhado e agora ele conta com uma faixa luminosa ligando as lanternas, que são em LED — todo o conjunto óptico utiliza a tecnologia –, e antena tipo barbatana de tubarão. Ele mantém a coluna “C” em preto, para apontar o estilo teto flutuante, que mantém a opção em preto, que não foi o caso da versão testada.
Por dentro, a principal novidade é a tela da central multimídia, que ganhou nova moldura. Além disso, ele tem duas opções de interior, cinza com preto e macchiato, o marrom. Como de costume, o acabamento é muito bem feito, sem nenhum tipo de rebarba ou peça mal encaixada.
Outro atributo mantido no Kicks é o amplo espaço interno. O SUV continua com uma área traseira generosa, quatro adultos viajam com extremo conforto e mesmo um quinto não fica muito apertado, apesar de não ter o aconchego ideal. O porta-malas, continua espaçoso, com bons 432 litros.
Lista melhorada
Como falamos, a Nissan melhorou o já bom nível de equipamentos do Kicks, deixando o modelo fabricado em Resende, no interior do Rio de Janeiro, um dos mais completos do segmento, principalmente com o Pack Tech, que foi a configuração que testamos.
Na parte da comodidade, ela vem com ar-condicionado digital — o porém é ele ser de apenas uma zona, poderia ser de duas, e sem saída para a traseira –, central multimídia com tela de oito polegadas, conexão com smartphones e duas portas USB, chave sensorial para abertura das portas e partida do motor por botão
Ele ainda tem display digital de sete polegadas no painel de instrumentos, retrovisor interno eletrocrômico e externos com indicador de direção, rodas de liga leve de 17 polegadas e sistema de som premium Bose com oito alto-falantes, sendo dois deles no encosto de cabeça do motorista, que é um caso à parte.
A ideia da marca é que o motorista tenha uma maior imersão sonora. É possível perceber que há uma diferença, principalmente ao modificar a posição do som com o “Personal Space”, que pode focar no condutor ou “espalhar” pela cabine.
Na parte da segurança, são seis airbags, controles de tração e estabilidade, auxiliar de partida em rampa, luz de circulação diurna e faróis full LED, sensor de estacionamento traseiro, piloto automático, controles inteligentes de freio motor e de curvas, estabilizador de carroceria, retrovisores rebatíveis e câmera 360º.
O sistema de câmeras ainda é único na categoria (os primos Renault Duster e Captur até contam com lentes em volta do carro, mas não fazem a configuração 360º). O porém é que, ao manobrar de ré para “drive” a imagem frontal só aparece se o motorista acionar de forma manual, fosse automático, facilitaria ainda mais na movimentação, principalmente na hora de estacionar.
Na versão Pack Tech — e seus R$ 126.990 –, o Kicks evoluiu a já boa lista de itens de segurança. Agora, o SUV conta com monitoramento de ponto cego, acendimento inteligente dos faróis com ajuste de altura e luminosidade, alertas de tráfego traseiro, de mudança de faixa, tráfego cruzado traseiro e de frenagem, que também tem auxilar, só faltou mesmo o piloto automático adaptativo e freio de estacionamento eletrônico para tirar o 10.
Mais do mesmo
Se o visual e o nível de equipamentos melhorou, o mesmo não podemos dizer do conjunto mecânico, principalmente em um momento no qual os concorrentes estão apostando em caixas turbinadas. A Nissan mantém o ultrapassado motor 1.6 aspirado de míseros 114 cavalos e 15,5kgfm de torque aliado à transmissão automática CVT e direção elétrica.
Como qualquer veículo com este tipo de câmbio, as acelerações são fracas e demanda uma certa paciência e atenção do motorista, até porque, o CVT é literalmente contínuo. Com isso, as saídas são feitas de forma progressiva, assim como as retomadas, o que chega a comprometer as ultrapassagens, pois é necessário um espaço maior do que o normal.
O lado bom dele não conseguir acelerar forte é o consumo, o Kicks manda muito bem no gasto com combustível. Durante nosso teste, rodando basicamente na cidade — lembrando que sempre fazemos nossas avaliações em Brasília, onde as vias são mais planas e largas — ele fez excelentes 13,4km/l com gasolina.
Se o motor não empolga, o mesmo não podemos falar dos itens de segurança voltados para a direção. O monitoramento de ponto cego é muito bem vindo, principalmente no trânsito pesado das grandes cidades. O interessante é a posição da luz que avisa quando há algo na lateral do carro, na parte interna do retrovisor, o que facilita a visualização.
O aviso de saída de faixa tem um lado curioso, ele funciona bem, basta começar a invadir a via ao lado que ele avisa o motorista, mas para isso é preciso estar acima de 60km/h, ou seja, se estiver em baixa velocidade, ele não funciona para nada. Com o farol alto inteligente, o motorista pode sempre andar com ele ativado, pois o veículo identifica outro carro e alterna para o baixo automaticamente.
Outro ponto alto é que a Nissan passou a utilizar um para-brisa acústico melhorado. Com isso, diminui consideravelmente o barulho na cabine, principalmente quando o câmbio CVT faz o giro subir, que ocorre, basicamente, sempre. Assim, o conforto a bordo está ainda melhor.
A opinião do Diário Motor
Com a primeira grande renovação, o Kicks ficou um SUV interessante, principalmente para quem não se incomoda de ter um veículo “manco”. O visual, apesar de ser algo mais pessoal, que já era agradável ficou ainda melhor. A grade dianteira, mesmo crescendo, não ficou exagerada e conversa bem com o resto do carro. O interior também agrada bastante.
Como falamos, o grande porém é o motor fraco, mas que compensa no baixo consumo de combustível. O nível de equipamentos é um dos melhores da categoria, com direito a itens exclusivos como a câmera 360º. O preço tá salgado como tudo e, como usa um propulsor aspirado, deveria ser mais barato. Vale o teste com possível compra! Nota: 8.
Ficha Técnica
Motor: 1.6
Potência máxima: 114cv
Torque máximo: 15,5kgfm
Transmissão: automática do tipo CVT
Direção: elétrica
Suspensão: independente na dianteira e eixo de torção na traseira
Freios: a disco a frente e tambor atrás
Porta-malas: 432 litros
Dimensões (A x L x C x EE): 1.590 x 1.760 x 4.295 x 2.620mm
Preço: R$ 126.990
1/38