Primeiras Impressões

Com foco na potência eletrificada, BYD King busca reviver categoria

A chinesa aposta em um segmento que já foi o queridinho das famílias brasileiras, mas que hoje está em decadência por conta dos SUVs

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BYD King.
Com foco na potência eletrificada, BYD King busca reviver categoria (fotos: Geison Guedes/DP e BYD).

São Paulo (SP) – Há 10 anos, quando se falava em carro familiar, a resposta estava sempre “na ponta da língua”: vai de sedã médio! A categoria era envolta de muitas místicas, como bom espaço interno, porta-malas grande, suspensão macia, rolar confortável. Muitas vezes era chamado de “carro de tiozão” por ser exatamente o que um pai ou mãe de família procurava. 

Com isso, a categoria era bem disputada, com diversos representantes buscando um lugar ao sol e um espaço na garagem do brasileiro. Para se ter uma ideia, em 2014 – último ano de números espetaculares do setor automotivo antes de uma sequência de crises – o Brasil tinha nada menos que 14 sedãs médios e boa parte deles produzidos por aqui. 

Os números também eram excelentes, no fim daquele ano, o modelo que menos emplacou foi o Peugeot 408, com mais de 3,3 mil unidades, quase o mesmo tanto que o segundo colocado de 2023, o Nissan Sentra, que teve 4,1 mil emplacamentos. A decadência da categoria começou em 2015, com o início da “onda” de SUVs compactos, que substituíram os sedãs no imaginário popular de “carro da família”.

Além da aposentadoria de diversos modelos, marcas que não tinham representantes no segmento não apostaram mais nos três volumes, até o momento. Após muitos anos, uma montadora resolveu apresentar um novo sedã de médio porte no Brasil, a BYD com o King, que chega com uma missão clara, tentar fazer frente ao rei absoluto da categoria, o Toyota Corolla. Fomos até São Paulo ver se realmente temos um novo “rei” no pedaço.

Precificação

BYD King.

O foco é claro, incomodar o líder absoluto do segmento, o Toyota Corolla.

O King chega ao Brasil em duas versões, a GL (R$ 175.800) e a GS (R$ 187.800). A diferença entre as duas configurações é basicamente a motorização, sempre híbrida plug-in, com potência e capacidade e autonomia das baterias diferentes. Com isso, ele chega com valores abaixo da opção de entrada híbrida tradicional do Corolla, a Altis, que sai por R$ 190.120, na topo de linha, o japonês bate R$ 200.910.

A categoria ainda conta com outros dois híbridos. Um com sistema leve de 48V, o Caoa Chery Arrizo 6 (R$ 139.990) e outro tradicional e surrealmente caro, o Honda Civic e seus R$ 265.900. O segmento tem também três modelos puramente a combustão, o Cruze (R$ 179.660), o Sentra (R$ 178.390) e o Volks Jetta, de pegada esportiva, (R$ 245.390).

Nada usual

BYD King.

O visual foge do estilo mais ortodoxo da categoria.

Design, como sempre falamos, é algo bem pessoal. O que uma pessoa pode achar bonito, outra pode não considerar. Entre os sedãs médios, há uma mística de estilo mais sóbrio, no geral da categoria, mas sempre há um modelo que tenta fugir do usual e apresenta um visual mais ousado e o King foi mais por esta linha do que para o lado clássico da categoria.

Alinhado com outros modelos da marca, como Song e novo Tan, ele conta com uma grade bem proeminente, que ocupa quase toda a área do para-choque. Os faróis full LED são afilados e contam com um filete cromado que liga uma lente à outra e o capô conta com grandes vincos e é bem inclinado em direção a ponta do veículo.

BYD King.

Visualmente falando, a cabine segue o padrão dos outros modelos da marca.

O sedã tem um estilo coupé, o que só corrobora a ideia da marca de fugir do tradicionalismo da categoria. A linha do teto, desde antes da coluna C, é inclinada em direção a tampa do porta-malas, deixando o visual do King mais esportivo e ousado. Atrás, as lanternas também são afiladas e ele conta com uma linha luminosa que corta toda a traseira.

Por dentro, o design já conhecido da BYD, com destaque para a gigante tela rotatória da central multimídia, aliado a um console central elevado, painel de instrumentos 100% digital e bancos belamente esculpidos. Ao contrário do esperado, ele conta com materiais de boa qualidade, principalmente nos assentos, parte superior dos forros das portas e no painel. 

BYD King.

O sedã leve cinco pessoas sem muito aperto.

Com bom uso de couro e plástico macio ao toque em toda a área de contato da cabine, plástico duro mesmo, só na parte inferior das portas. Além disso, o acabamento é muito bem-feito e não há nenhuma rebarba aparente ou peça mal encaixada. Na cabine, só faltou um teto solar, coisa que na categoria, só o Cruze não tem.

Como um bom sedã médio, o espaço traseiro é generoso. Quatro adultos viajam com extremo conforto, até com um quinto é possível encarar a estrada sem muito aperto. Ele ainda conta com saída de ar para a traseira. O porta-malas leva 450 litros, o terceiro menor da categoria, atrás, inclusive, do principal alvo, o Corolla e seus 470 litros.

Nada animadores

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Como sempre, a tela rotatória da central multimídia é um dos destaques da BYD.

O maior porém do King é a lista de equipamentos, inclusive fugindo do que vemos na categoria. Ao contrário de praticamente todos os rivais, ele não conta com nenhum sistema Adas, que são os auxiliares de condução, como piloto automático adaptativo, auxiliar de permanência em faixa, monitoramento de ponto cego e afins. 

Com isso, os itens de série são mais do que obrigatórios para um veículo dessa faixa de preço. Ele vem com a central multimídia com tela de 12,8 polegadas rotativa, GPS integrado, quatro portas USB, wi-fi nativo, .carregamento e conexão sem fio para smartphones via Android Auto e Apple CarPlay, painel de instrumentos digital de 8,8 polegadas, chave sensorial e ar-condicionado digital com a saída para a traseira. 

BYD King.

Faltaram os sistemas Adas para ele receber uma nota melhor.

Na parte da segurança, o único destaque é o sistema de câmeras 360º. No mais, ele vem com monitoramento de pressão dos pneus, piloto automático, assistente de partida em rampa, freio de estacionamento eletrônico com Autohold, frenagem inteligente, controles de tração e de desaceleração, distribuição eletrônica da força de frenagem e seis airbags.

No lançamento, o breve – muito breve – contato que tivemos foi com a versão GL do King, que conta com estes itens que falamos. A GS, ganha banco do passageiro com ajuste elétrico, iluminação interna e luz central dianteira tipo contínua, o ar-condicionado passa a ser de duas zonas e o sistema de som ganha dois alto-falantes.

Força eletrificada

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A motorização híbrida supera os 200 cavalos de força.

Como em outros modelos, o foco da BYD para o King é na eletrificação, no caso do sedã, para um conjunto híbrido plug-in, algo inédito na categoria. Como falamos, já existem modelos híbridos, como o Corolla, Civic e Arrizo 6, mas nenhum com opção de carregar a bateria também pela tomada, o que permite uma condução ainda mais otimizada. 

Para o King, a BYD escolheu um conjunto parecido com o do Song, aliando um motor 1.5 aspirado (deveria ser turbo) a um elétrico que, juntos, despejam 209 cavalos no eixo dianteiro do sedã (na GS são 235 cavalos). A chinesa divulgou apenas o torque máximo, que é de 33,1kgfm, para a GS, a da versão de entrada fica um pouco abaixo disso.

BYD King.

A suspensão apenta ser boa, já o isolamento acústico, não.

Uma coisa é certa, mesmo no breve contato que tivemos com o sedã, a aceleração dele é muito forte. Durante o lançamento, testamos ele apenas em um ambiente fechado, mas ainda assim foi possível perceber que, mesmo na GL, o mais leve toque no acelerador faz ele disparar pelo asfalto, com uma potência diferenciada. 

Como estas são apenas as “Primeiras Impressões” do King, a percepção em um teste mais longo pode mudar a inicial. Mesmo assim, ele se mostra um sedã interessante de ser conduzido, com uma suspensão firme na medida correta, volante “na mão” do motorista, aceleração forte e ao mesmo tempo suave e, de ponto negativo, um isolamento acústico que não se mostrou muito bem realizado, deixado passar para a cabine o ruído do rolar.

Na tomada

BYD King.

O King é o primeiro sedã híbrido plug-in do mercado brasileiro.

Como falamos, o conjunto mecânico é a principal diferença entre as duas versões do King, além do motor, a bateria também é diferente. Na GL ela é de 8,3kWh de capacidade, enquanto na GS é 18,3kWh. Com isso, a autonomia elétrica dele é bem fraca, de apenas 55 quilômetros e no padrão NEDC, que é maior que o brasileiro pelo Selo Conpet do Inmetro. Ou seja, não espere algo maior do que 35 quilômetros. A GS tem 120 pelo mesmo padrão.

A vantagem da bateria menor, no caso da versão de entrada, é o tempo de recarga. Em um carregador comum, são menos de três horas na tomada para ir do zero aos 100%. Ele também usa o motor a combustão para realizar a recarga. Durante o nosso breve contato, foi possível perceber a carga subir de 17% para 20% em cerca de cinco minutos.

A opinião do Diário Motor

BYD King.

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A BYD escolheu um nome interessante para seu sedã médio, afinal, se tem uma categoria no Brasil que tem um “rei” é essa. O King chega com a missão de, ao contrário dos outros modelos do segmento, tentar fazer frente de verdade ao líder absoluto, o Toyota Corolla. E, para isso, a marca aposta no forte conjunto mecânico híbrido plug-in.

Com preço agressivo, mesmo em relação a modelos apenas movidos a motores aspirados arcaicos, o King só desliza no quesito equipamentos com a ausência de sistemas Adas e do teto solar. Até por isso, a marca foca muito na autonomia total e no consumo, que ela afirma ser na casa dos 25,6km/l. Se, por este preço ele tivesse mais itens de série, seria uma excelente opção de compra, como não tem, vale o teste com possível compra! Nota: 7,5.

Ficha Técnica

BYD King.

Motor: híbrido plug-in

Potência máxima: 235cv 

Torque máximo: 33,1kgfm 

Transmissão: automática

Direção: elétrica

Suspensão: independente na dianteira e barra de torção na traseira

Freios: a disco nas quatro rodas

Porta-malas: 450 litros

Dimensões (A x L x C x EE): 1.495 x 1.837 x 4.780 x 2.718mm 

Preço: a partir de R$ 175.800 

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Com foco na potência eletrificada, BYD King busca reviver categoria (fotos: Geison Guedes/DP e BYD).
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Em sequência de lançamentos, BYD apresenta o ‘anti-Corolla’, o King (foto: BYD).
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*Viagem a convite da BYD

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