Citroën C3 Aircross Shine: é SUV, minivan ou crossover?
Testamos o modelo que já foi crossover e que agora é um utilitário, mas tem como foco competir com o último monovolume do mercado
O mundo dos automóveis é repleto de estilos, formas e tamanhos diferentes de carrocerias. De sedãs às extintas (no Brasil) peruas, passando por picapes, SUVs, minivans, hatches e monovolumes. Ainda há os crossovers, que são uma mistura de mais de uma categoria sem focar exatamente em alguma delas.
Os primeiros esboços do automóvel surgiram na segunda metade do século XIX. As diversas experiências da época eram feitas com espécies de carroças. Com o início dos anos 1900, os carros começaram a ganhar carrocerias e, ao longo do tempo, elas evoluíram muito, para todos estes estilos que temos nos dias de hoje.
No entanto, apesar da diversificação, atualmente o mercado é dominado por um estilo, o dos SUVs. E este domínio aponta também para uma tendência atual, a de mudança de design. O mais recente exemplo é o Citroën C3 Aircross. Quando apresentado em 2010, ele surgiu como um crossover baseado no irmão hatch. Agora, passou a ser um utilitário.
Apesar da mudança de design, o novo C3 Aircross tem um estilo próprio. Mesmo considerado um SUV, ele tem um visual completamente diferente dos demais modelos da categoria e tem como principal rival a Chevrolet Spin, uma minivan. Isso por conta da opção de cinco e sete lugares em todas as versões do francês, inclusive na topo de linha, a Shine, o nosso “Teste da Vez”.
Precificação
Essa “confusão” do estilo do C3 Aircross influência no preço do modelo. A versão topo de linha com cinco lugares parte de R$ 128.590. Mas como falamos, ele não compete diretamente com os demais modelos da categoria, que superam os R$ 150 mil facilmente nas opções mais caras, mas contam com motorização e equipamentos melhores também.
Talvez, no segmento, ele possa disputar espaço com os SUVs supercompactos, apesar de ser bem maior, mas conta com preço e motorização parecidos. Mas a principal rival mesmo é a Spin, e contra ela, o francês pede bem menos. A americana bate em R$ 144.990 na topo de linha, com apenas cinco lugares, a mais completa é a LT e seus R$ 126.990.
C3 “esticado”
Na primeira geração, visualmente falando, o Aircross tinha poucas semelhanças com o irmão C3. Agora, na atual, está bem mais parecido. Faróis e capô são idênticos, com as luzes de circulação diurna alinhadas com os filetes cromados que “saem” dos chevrons, o símbolo da marca. Grade e a parte de baixo do para-choque são levemente diferentes.
Nas laterais, apenas o tamanho que muda, o Aircross é mais “esticado” que o C3, mas o desenho é exatamente o mesmo, como é visto nas portas, maçanetas e apliques de plástico nas caixas de roda e saias. A traseira apresenta as maiores diferenças, as lanternas, tampa do porta-malas e para-choque são exclusivas do SUV.
O interior é idêntico, do volante à central multimídia, falando dela, é até grande, de 10 polegadas, mas a visualização da imagem da câmera de ré é minúscula, abrangendo cerca de metade do display. Os materiais utilizados são simplórios, muito plástico duro por tudo que é lado. Ao menos, o acabamento é bem feito, sem rebarbas ou peças mal encaixadas.
Por ser a versão de cinco lugares, o porta-malas é o grande destaque do interior, com generosos 493 litros, ou seja, espaço de sobra para muita bagagem. Já a área do banco traseiro não é muito generosa. Quatro adultos viajam com um pouco de aperto, cinco é impossível. Se o assento fosse corrediço, poderia otimizar melhor o espaço interno.
A chave
A lista de equipamentos é totalmente controversa por causa de um aspecto, a chave. Um veículo deste preço deveria vir com sistema sensorial para abrir as portas e partida por botão, mas a peça do C3 Aircross passa longe disso, nem do tipo canivete é, parece uma chave reserva de um veículo lançado em 2009. No mais, ela é razoável.
Entre os itens de segurança, ele vem com quatro airbags, sensor de estacionamento traseiro, câmera de ré, monitoramento de pressão dos pneus, luz de condução diurna em LED, assistente de partida em rampa e controle de tração e estabilidade.
Na parte da comodidade, a central multimídia com tela de 10 polegadas e conexão sem fio para smartphones via Android Auto e Apple CarPlay, três portas USB, ar-condicionado manual, banco do motorista com regulagem de altura, faróis de neblina, assentos e volante com forração premium, apoio de braço para o motorista e retrovisores elétricos.
Ele ainda conta com painel de instrumentos digital de sete polegadas e, na parte visual, a Shine, como topo de linha, vem com barras longitudinais no teto, skid plate frontal e traseiro, grade do radiador e acabamento traseiro exclusivo em preto brilhante e teto biton em preto.
Grande estrela
A Citroën, assim como a irmã Peugeot, fazem parte do grupo Stellantis, que ainda conta com Fiat, Jeep e Ram no Brasil. Entre as diversas sinergias das marcas, está a motorização. Criada pela italiana, a francesa faz bom uso do moderno propulsor 1.0 turbo, em conjunto com a transmissão automática CVT e direção elétrica.
Como nos demais modelos que utilizam o mesmo conjunto, no C3 Aircross, o T200 gera 130 cavalos e 20,4kgfm de torque com etanol e 125 cavalos e o mesmo torque com gasolina. O câmbio tem marchas simuladas, que não fazem muita diferença por ser CVT, e ele ainda conta com modo Sport, que como no primo Peugeot 208, fica meio escondido.
Ao contrário dos modelos da Fiat, o botão de ativação do modo Sport não é tão visível no volante, mas do lado esquerdo do painel. A união do motor com o câmbio é a mesma vista nos primos italianos e franceses, com uma pegada segura e até divertida.
Normalmente, esse tipo de câmbio tende a tornar os propulsores turbo mais monótonos, especialmente nas saídas, mas isso não acontece com o Aircross. Ele acelera bem. Assim, tanto as ultrapassagens, quanto às retomadas e saídas em velocidade são feitas com extrema facilidade. Sobre o consumo, uma boa média, na casa dos 8,6km/l com etanol.
A opinião do Diário Motor
O C3 Aircross ressurge completamente modificado, com estilo SUV – apesar de parecer mais uma minivan – ele busca espaço em uma categoria diferenciada, a dos veículos de sete lugares. Logo, as opções com apenas duas fileiras de bancos contam com um porta-malas bem acima da média. A área de carga e o conjunto mecânico, principalmente o motor T200, são os destaques do modelo.
O utilitário pode levar bastante bagagem e garante boa dirigibilidade com a força do propulsor turbinado. O que pega mais é a lista de equipamentos, que é bem aquém dos R$ 128.590 pedidos pelo modelo, principalmente a chave mixuruca. Os itens de maiores destaques são as telas digitais, sendo que a da central multimídia nem é tudo isso. “Salvo” pelo motor e pelo espaço de carga, vale o teste com possível compra! Nota: 7.
Ficha Técnica
Motor: 1.0 turbo
Potência máxima: 130cv
Torque máximo: 20,4kgfm
Transmissão: automática CVT
Direção: elétrica
Suspensão: independente na dianteira e eixo de torção na traseira
Freios: a disco na dianteira e tambor na traseira
Porta-malas: 493 litros
Dimensões (A x L x C x EE): 1.651 x 1.720 x 4.320 x 2.675mm
Preço: R$ 128.590