Chevrolet Trailblazer é o SUV ‘multiuso’ para levar toda a família
Testamos o utilitário grande baseado na S10 e que passou por um ‘banho de loja’ visual e tecnológico sem perder a capacidade todo terreno
Que os SUVs são os queridinhos do momento – há um bom tempo já – todo mundo já deve estar cansado de saber. E faz muito sentido a categoria que mais cresce no Brasil e no mundo (só em 2024 por aqui foram quase um milhão de utilitários emplacados), ser também a mais diversificada de todas, para todos os gostos, estilos e bolsos.
São tantas opções que fica até complicado subcategorizar o segmento. A forma mais fácil delas é por tamanho, onde podemos separar por supecompactos, compactos, médios e grandes. É possível dividir ainda mais, por motorização, por exemplo, com modelos flex, diesel, híbrido e elétricos. Sem falar no estilo, de entrada, premium, luxo ou esportivo.
E há, claro, uma outra segmentação, essa bem mais controversa por conta do motivo da separação. Muitos gostam de afirmar que “utilitário de verdade” são somente aqueles baseados em picapes, ou seja, do tipo chassis e não monobloco, como a maioria dos modelos comercializados hoje em dia, pejorativamente chamados de “SUVs de shopping”.
O único problema dessa afirmação é que, hoje, no Brasil, só contamos com três modelos baseados em caminhonetes e que, curiosamente, juntos fazem parte de outro subsegmento, os de SUVs grandes diesel de sete lugares. Como o Toyota SW4, baseado na Hilux, o Mitsubishi Pajero Sport, na L200, e o nosso “Teste da Vez”, o Chevrolet Trailblazer, que é a versão fechada da S10.
Precificação
Como falamos, ao subsegmentar os SUVs, o Trailblazer conta apenas com dois rivais diretos. Atualmente, o modelo da gravata é comercializado em versão única no Brasil, a topo de linha High Country. Apesar de absurdamente caro, saindo por salgados R$ 392.590, ele ainda é menos caro que os rivais.
O maior porém do preço do Trailblazer é que, quando o atual facelift foi apresentado, no meio do ano passado, ele custava quase R$ 30 mil a menos (R$ 368.550). Mas mesmo assustador, o valor ainda é bem menor que os surreais R$ 432.990 e R$ 446.690 pedidos por Mitsubishi e Toyota para Pajero e SW4, respectivamente.
Gemialidade
Por ser baseado na S10, o Trailblazer tem o visual idêntico ao da irmã, com exceção, claro, da caçamba. Na dianteira, a grade é bipartida, os faróis são afilados e, assim como a picape, ele conta com dois detalhes gigantes, o skid plate no para-choque (que foi redesenhado) e um acabamento na grade, ambos super cromados.
O material prateado é visto com abundância no SUV, da grade dianteira aos frisos das janelas, passando pelas maçanetas, capas dos retrovisores, o skid plate frontal, rack de teto e por um detalhe na tampa traseira. Completam o visual, estribos tipo plataforma e rodas de 18 polegadas calçadas com pneus 265/60 AT.
Por dentro, até a segunda fileira de bancos, o SUV é idêntico à S10 e segue o novo padrão da Chevrolet, com destaque para as telas de 11 polegadas para a central multimídia e de oito para o painel de instrumentos, agora totalmente digital. O painel frontal, volante, saídas e comandos do ar, console central, manopla do câmbio e forros das portas foram alterados.
Além disso, parte do acabamento interno, que está primoroso, passa a ser bicolor. Todas as peças são bem encaixadas, não há rebarbas. Outro ponto positivo é que, nos forros das portas e no painel, partes das peças plásticas de maior contato foram cobertas com couro, deixando o toque mais confortável. Faltou apenas as colunas e o teto serem escurecidos.
Família toda
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O principal foco do Trailblazer é o fato de levar até sete pessoas. Por ser um SUV grande, baseado em uma picape, ele faz isso otimizando bem a área para todos os ocupantes. A terceira fileira tem um espaço legal e consegue levar dois adultos com certo conforto, possibilitando até pequenas viagens, com direito a porta-copos e saídas de ar.
A do meio não é corrediça, o único porém dos assentos, mas ela reclina o encosto, o que já ajuda a otimizar o espaço para todos. Além disso, ela dobra todo o banco, facilitando bastante o acesso para quem for na terceira fila de assentos. Com todos os lugares ocupados, ele ainda tem 205 litros de espaço no porta-malas, levando cinco pessoas, a área pula para generosos 554 litros.
Topo da montanha
O alinhamento das novidades com a irmã seguem por todos os lados no Trailblazer. O SUV também passou por um “banho de loja” na lista de equipamentos e ganhou carregador por indução, faróis full LED, alertas de ponto cego e de tráfego cruzado traseiro, partida por botão e chave inteligente sensorial, além das novas telas já citadas.
Ele ainda vem com seis airbags, alertas de colisão frontal e de saída de faixa, câmera de ré, monitoramento de pressão dos pneus, controles anticapotamento, de oscilação de trailer, reboque, estabilidade e tração, frenagem automática e inteligente de emergência com detecção de pedestres, assistentes de partida e descida em rampa, sensores de chuva, crepuscular e de estacionamento dianteiro e traseiro e retrovisor eletrocrômico.
Na parte da comodidade, ele conta com banco do motorista com regulagem elétrica, sistema OnStar, a central multimídia tem conexão sem fio para smartphones via Android Auto e Apple CarPlay, wi-fi embarcado e ar-condicionado digital.
Apesar dos bons acréscimos, a lista de equipamentos poderia ter ganho mais dois itens que deixaria o SUV praticamente perfeito nesse quesito, ar-condicionado dual zone e piloto automático adaptativo. Seriam dois incrementos excepcionais.
Bem melhorado
Assim como a irmã, o Trailblazer passou por uma mudança tão profunda, que quase foi para uma nova geração. Não fosse a plataforma, basicamente a única coisa não alterada, que consequentemente não mudou o tamanho do SUV e da picape, ambos teriam mudando de geração. O facelift passou, inclusive, pela motorização.
O utilitário grande mantém o consagrado 2.8 Duramax, mas deu uma boa atualizada na caixa de força, que agora gera ótimos 207 cavalos e 52kgfm de torque, aliado a uma novíssima transmissão automática de oito velocidades e as clássicas direção elétrica e tração 4×4, além de suspensão Multilink na traseira.
Neste ponto, ele é diferente da irmã, que usa feixe de molas. O SUV foca ainda mais no conforto para todos os ocupantes. Durante nosso teste, rodamos quase 650 quilômetros, entre estrada de chão, cidade e rodovias, além de levar de duas a sete pessoas em momentos variados. Mesmo para quem vai na última fileira, a viagem é feita com conforto.
Na calibração anterior, o forte motor já fazia bonito, mas o ganho, mesmo que pequeno (sete cavalos e um quilo de torque) ajuda o SUV a ficar ainda mais seguro e dinâmico ao volante. Na estrada ou na cidade, ele atende de forma super positiva, com manobras feitas de forma fácil e com segurança, as respostas do acelerador são primorosas.
O clássico delay de motores diesel está bem reduzido e, assim, ultrapassagens, retomadas e saídas em velocidade são feitas com o mínimo de esforço do motor. O câmbio atua muito bem também, com trocas precisas e sem trancos. Como de costume, a já conhecida direção elétrica assistida deixa o volante firme em alta velocidade e super leve em baixa.
Ainda melhor
As comparações com a S10 não param, afinal, são dois modelos quase gêmeos. Assim como visto na picape, outro ponto que ficou ainda melhor no SUV é o sistema de tração 4×4, ou seja, a vida na hora de encarar terrenos fora de estrada está mais divertida e segura.
Na estrada de chão, o Trailblazer também está ainda melhor e nem aparenta ser um SUV grande, de quase cinco metros de comprimento. O 4×4 atua bem na distribuição de força e, apenas com ele ativado, garante ao motorista um controle absoluto do utilitário, mesmo em vias com muito cascalho solto, ou seja, com baixa aderência.
A sensação é de como não estivesse saído do asfalto, tamanha a segurança e conforto. Mesmo nos momentos de aderência reduzida, não há a mínima percepção de perda de controle. Ou seja, pode colocar a criançada em todos os bancos que eles se divertirão muito, principalmente quando o sistema mostra a verdadeira evolução, em trilhas mais pesadas.
Com a reduzida ativada, o sistema praticamente transforma o Trailblazer em um trator, deixando até os obstáculos mais difíceis, super fáceis de superar, ajudado também pelos ótimos pneus de uso misto. Com o combo asfalto, rodovia, estrada off-road e trilha, o consumo foi bom, de bons 10,5km/l, com picos de 12,4km/l.
A opinião do Diário Motor
Como falamos no início, os SUVs podem ser super segmentados em diversas categorias. Uma delas é a que o Trailblazer se encontra, a de utilitários grandes de sete lugares e motorização diesel. E, nela, o modelo da gravata é, de longe, a melhor opção. A começar pela diferença de preço, mais de R$ 40 mil mais barato que os rivais.
Mas ele vai além, pois conta com todos os pontos muito bem encaixados, da renovada motorização, ao espaço super otimizado, passando pela repaginação visual e pela boa lista de equipamentos (que poderia – deveria – ser um pouco melhor), com o plus de levar até sete pessoas. Para quem procura um veículo desse estilo, vale a compra! Nota: 8,5.
Ficha Técnica
Motor: 2.8 diesel
Potência máxima: 207cv
Torque máximo: 52kgfm
Transmissão: automática de oito velocidades
Direção: elétrica
Suspensão: independente na dianteira e multilink na traseira
Freios: a disco nas quatro rodas
Porta-malas: 205/554 litros
Dimensões (A x L x C x EE): 1.844 x 1.902 x 4.887 x 2.845mm
Preço: R$ 392.590
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