Chevrolet Equinox EV, a evolução da marca nos últimos 30 anos
O SUV médio elétrico da marca chega repleto de tecnologia, conjunto mecânico interessante e autonomia generosa, mas preço assustador
Indaiatuba (SP) – Peço licença a você, caro leitor, para uma abordagem um pouco diferente desta vez. Para quem está acostumado a ler as avaliações aqui no Diário do Poder, já percebeu que sempre abrimos os textos contando histórias sobre a marca, a categoria, o mercado, de forma mais sutil, até chegar ao assunto, o carro que está sendo avaliado. Para quem está nos lendo pela primeira vez, é desta forma que fazemos.
Ao pensar sobre como abrir o texto das “Primeiras Impressões” do Equinox EV, me veio a minha história com a Chevrolet. Da primeira lembrança de um carro, um Opala branco duas portas que meu pai teve quando eu tinha uns três anos, até o meu primeiro carro, um Celta pé de boi todo. Inclusive, a marca da gravata foi a que mais preencheu nossas garagens por aqui.
O SUV é o mais novo veículo da marca no Brasil.
De um Chevette hatch, que me fez ter traumas com o modelo do tanto de problema que teve, a um belíssimo Monza perolizado, passando por outros dois Opalas, sendo um Comodoro maravilhoso, Vectra da última leva, até o último que passou por aqui, já há um bom tempo, um Captiva V6 (que bebia mais que os Opalas juntos). Até que virei jornalista automotivo e o contato com a Chevrolet – e outras marcas – ficou ainda maior.
Nesses anos de muito asfalto, testei do Onix ao Camaro, até chegar ao mais novo deles, o Equinox EV. A marca nos presenteou com uma avaliação no famoso Campo de Provas da Cruz Alta, o local em si não é inédito, mas algumas das pistas no qual passamos, sim. Ao andar em trechos onde somente os engenheiros da GM passam, me fez lembrar do lá do primeiro Opala e como a montadora evoluiu nestes 30 anos, como mostra o SUV elétrico.
Precificação
O preço é para lá de salgado.
Mas é claro que toda essa evolução tem um preço e, no caso do Equinox EV, ele é extremamente fora de sentido. Depois de errar na mão do valor do Blazer EV, a Chevrolet resolveu pesar no segundo SUV elétrico de nova geração da marca, ao pedir salgados R$ 419.990, bem a mais do que todos esperávamos. Sem falar que, como vem do México, nem imposto de importação ele tem, ou seja, podia muito bem ficar na casa dos R$ 350 mil.
A maior questão, além de ser caro, é que, como o irmão, ele chega com um valor acima dos concorrentes, como Renault Megane E-Tech (R$ 279.900) e Mini Countryman (R$ 294.990). Inclusive ele supera modelos de luxo, como BMW iX1, que é R$ 57 mil mais barato (sai por R$ 362.950), Volvo XC40 Ultimate (R$ 405 mil) e Mercedes-Benz EQA (R$ 399.900).
Nova tendência
Faróis afilados e grade fechada na cor da carroceria.
Para o Brasil, a Chevrolet escolheu a versão “normal” do Equinox, deixando para o Blazer o visual mais esportivo visto na RS. Com isso, o SUV médio tem mais cara de veículo elétrico, por conta da grade frontal na cor da carroceria e não em preto brilhante. Ele até conta com o acabamento, mas um detalhe que emoldura o para-choque de fora a fora.
Ainda na dianteira, os faróis afilados são um dos destaques, com direito a um filete luminoso que liga uma lente à outra. O mesmo estilo é visto na traseira, com as lanternas, também em LED, interligadas. Atrás, o para-choque também tem acabamento em preto brilhante e há um spoiler no topo da tampa do porta-malas, que tem acionamento elétrico.
A dianteira e traseira têm filetes luminosos.
Nas laterais, destaque para os frisos cromados na parte inferior das portas, maçanetas embutidas, que deixam o visual mais limpo, e coluna C larga. Ele ainda tem rack de teto prateado e antena tipo barbatana de tubarão. As rodas, de 19 polegadas, são em preto brilhante com detalhes diamantados, os pneus são 245/55.
Por dentro, o Equinox vem com novo padrão visual da marca, destacando as telas duplas de 17,7 polegadas para a central multimídia e 11 para o painel de instrumentos. O volante é o mesmo visto no Blazer EV, assim como as saídas de ar laterais (as centrais são próprias). O teto solar panorâmico também se destaca na cabine do SUV elétrico.
O interior segue o padrão atual da marca.
O acabamento interno conta com partes em plástico azul no painel, portas e console central (que tem dois andares), independente da cor da carroceria e meio que esconde o fato da marca abusar do material duro em um veículo de R$ 420 mil. Ao menos, bancos, volante, e apoio dos braços nas portas são em couro.
Como um bom utilitário médio, o Equinox EV conta com um generoso espaço interno, principalmente no banco traseiro. Ele permite levar quatro adultos com extremo conforto e até um quinto não gera muito aperto. O assoalho plano também ajuda na comodidade. O porta-malas leva honestos 441 litros.
Kit completo
O painel de instrumentos digital é configurável.
Apesar de não ser a versão topo de linha disponível nos Estados Unidos, o Equinox EV é bem recheado, com diversos equipamentos de segurança, conforto e tecnologia. Mas há deslizes, como as ausências de head-up display e sensor de estacionamento dianteiro e o ar-condicionado digital ter apenas uma zona, primordiais em um veículo de R$ 420 mil.
Na parte da segurança, ele vem com oito airbags, piloto automático adaptativo, alertas de colisão frontal com detecção de pedestres e de tráfego cruzado, frenagem autônoma, monitoramento de ponto cego com detecção de ciclista, veículos e pedestres e alerta lateral de abertura de porta, correção da direção em caso de risco de colisão lateral,
O ar-condicionado não é dual zone, mas tem saída para a traseira.
Sensores de estacionamento traseiro, crepuscular e de chuva, câmera 360º, faróis full LED com alto adaptativo, auxiliar de permanência em faixa, alertas de esquecimento de objeto no banco de trás, de movimentação em marcha ré com frenagem de emergência e detecção traseira de pedestres e sistema One Pedal de dois estágios.
Entre os itens de conforto e comodidade, o SUV vem com chave sensoria, partida remota e “hands free” (basta entrar no veículo e ativar o modo Drive para ligá-lo), tampa do porta-malas com abertura por aproximação, painel de instrumentos configurável, sistema boas-vindas e de despedida por meio de animações das luzes externas.
A chave é sensorial e basta entrar no SUV para ligá-lo, sem botões.
Wi-fi embarcado com conexão para até sete equipamentos, bancos dianteiros aquecidos e do motorista com ajuste elétrico, memória e alerta vibratório, o teto solar elétrico panorâmico, carregador de smartphones por indução e a central multimídia com tela de 17,7 polegadas e Google built-in.
O sistema dispensa o uso de celulares e transforma a central multimídia em um tablet, basta logar na conta Google e ativar aplicativos tanto nativos, como Assistant, Masp e Play, quanto baixar outros, como Spotify, Deezer, Waze e WhatsApp. Ele também está interligado ao serviço OnStar e myChevrolet app.
Pelo CPCA
São dois motores, um na dianteira e outro na traseira.
Como falamos, o lançamento do Equinox EV foi no Campo de Provas da Cruz Alta (CPCA) da Chevrolet em Indaiatuba, no interior de São Paulo. Não foi a primeira vez que a marca apresentou um veículo novo no local, mas dentre as diversas pistas, algumas nunca haviam sido utilizadas por pessoas de fora, apenas pelos engenheiros e pilotos da montadora.
Claro que, em um teste neste formato, não é possível averiguar o uso no dia a dia do veículo, principalmente falando de um elétrico. Mas pudemos colocar à prova toda a potência dos 292 cavalos e 46kgfm de torque gerados pelos dois motores do SUV, um em cada eixo. Força suficiente para levá-lo do zero aos 100km/h em ótimos 5,8 segundos.
O lançamento foi realizado no famoso campo de provas da GM.
A velocidade máxima aferimos in loco dentro do veículo, na histórica “reta infinita”, uma pista ovalada que passa a sensação de não ter fim. Os quase 300 cavalos trabalham bem e de forma muito rápida chegamos aos limitados 188km/h (lembrando que o máximo em rodovias brasileiras é 120km/h). A aceleração do SUV é forte e vigorosa, o mais leve toque no acelerador faz ele disparar com rapidez e os freios a disco também trabalham bem.
Em outro trecho do CPCA, de baixíssima – quase nenhuma – aderência, tiramos a prova como a eletrônica do veículo atua de forma primorosa para mantê-lo no traçado, mesmo em situação de extrema adversidade, os controles, e a tração integral, atuam bem e auxiliam o motorista a parar o veículo de forma segura, além de ajudar em curvas de alta, mantendo sempre o SUV no traçado correto, sem qualquer sensação de perda da direção.
O conjunto mecânico elétrico do SUV é bem acertado.
Um ponto interessante, e infelizmente, altamente necessário no Brasil, é como o Equinox EV encara áreas alagadas. Por ser elétrico e com o assoalho “blindado”, ele não corre o risco de apagar ao atravessar locais com acúmulo de água, podendo realizar a travessia de forma segura e sem maiores percalços.
Como qualquer veículo elétrico, o silêncio é a “norma” máxima da cabine. Mesmo o ruído das rodas em contato com o solo é bem absorvido pelo isolamento acústico do utilitário. A viagem fica ainda mais confortável, isso com o acréscimo do bom trabalho da suspensão, ao menos o visto no CPCA, se mostra segura e cômoda.
Na tomada
Em pontos de 150kWh, ele carrega de 15 a 80% em 48 minutos.
Como essas são apenas as “Primeiras Impressões” do Equinox, ainda mais com o teste realizado dentro do Campo de Provas da Cruz Alta, não foi possível aferir a autonomia ou tempo de recarga real do veículo. A Chevrolet afirma que, pelo padrão do Inmetro, o SUV é capaz de rodar interessantes 443 quilômetros. A bateria, de impressionantes 85kWh, pode ser carregada em pontos AC, de até 22kW, e DC, de 150kW.
Com isso, em um wallbox, ele vai do zero aos 100% em pouco menos de cinco horas. Já em um super rápido, vai de 15 a 80% em 48 minutos. Os freios regenerativos também ajudam na recuperação de carga, assim como o sistema One Pedal, que tem dois níveis e, dependendo do trajeto, pode recuperar mais de 40% de energia. Em um teste de cerca de um quilômetro no CPCA, usando apenas um pedal, o SUV recuperou o equivalente a mais de 400 metros de uso.
A opinião do Diário Motor
Chevrolet Equinox EV.
O Equinox EV segue o padrão do irmão maior, o Blazer EV, ao ser um SUV elétrico para lá de interessante, com boa potência, autonomia acima da média, lista de equipamentos – quase – generosa, mas preço fora da realidade, até em relação a modelos premium ou de luxo. Os R$ 420 mil são exagerados demais e acabam por diminuir o brilho do utilitário.
Como falamos, o SUV mostra toda a evolução da marca, do visual à tecnologia embarcada, passando pela dirigibilidade (que nele é acima da média graças aos dois motores e da tração integral) e, claro, dos propulsores elétricos. Assim, o Equinox EV tinha tudo para levar um 10 e ser uma boa primeira opção de SUV médio elétrico, mas o preço peca muito e derruba a avaliação final para um “vale o teste com possível compra”! Nota: 7.
Ficha Técnica
Motor: elétrico
Potência máxima: 29cv
Torque máximo: 46kgfm
Autonomia: 443 quilômetros
Direção: elétrica
Suspensão: independente nos dois eixos
Freios: a disco nas quatro rodas
Porta-malas: 441 litros
Dimensões (A x L x C x EE): 1.646 x 1.954 x 4.840 x 2.954mm
Preço: R$ 419.990
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*Viagem a convite da Chevrolet