CPI contra investigadores

Deputados e partidos investigados querem criar CPI contra delações

Baseados em jornal, eles desejam investigar supostas manipulações em acordos

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Este cenário desolador é frequente no plenário da Câmara dos Deputados, mas, para quem paga a conta, nada muda - Foto: Lula Marques.

Um grupo de 16 deputados federais, oito deles do PT, vários denunciados ou investigados por corrupção, fazem uma nova investida para investigar os investigadores. Eles protocolaram requerimento de criação de CPI para investigar supostas manipulações nos acordos de delação premiada em operações como a Lava Jato.

A suspeita de manipulação, segundo o requerimento, indica fraude nos procedimentos e a possibilidade do envolvimento de agentes públicos”. O requerimento de criação da CPI das Delações Premiadas é assinado pelos deputados Arthur Lira (PP-AL), Baleia Rossi (MDB-SP), José Guimarães (PT-CE), Paulo Pimenta (PT-RS), Júlio Delgado (PSB-MG), André Figueiredo (PDT-CE), José Rocha (PR-BA), Orlando Silva (PCdoB-SP), Chico Alencar (PSOL-RJ) e Weverton Rocha (PDT-MA) recebeu o “apoiamento” de mais 181 parlamentares.

O pretexto utilizado para requerer a CPI foram as denúncias contra o criminalista Antonio Figueiredo Basto, responsável por diversos acordos de colaboração premiada na Lava Jato, em reportagem do jornal O Estado de S. Paulo. Os doleiros Vinícius Claret, conhecido como “Juca Bala”, e Cláudio de Souza, o “Tony”, relataram, em delação, que entregavam US$50 mil mensais ao advogado para não serem delatados. Os deputados também justificam o pedido de CPI com o depoimento do advogado da Odebrecht Rodrigo Tacla Durán na CPI da JBS, que acusou seu colega Carlos Zucolotto de propor a ele o abrandamento da pena e diminuição da multa em troca de pagamento a ele no exterior. Duran disse que Zucolotto garantiu que conseguiria melhorar a sugestão que havia recebido do procurador Roberson Pozzobom – delação com pagamento de US$ 15 milhões – ao incluir “DD [Deltan Dallagnol]” na negociação.

Os deputados citam no requerimento de criação da CPI citaram o caso de Marcelo Miller, apontado como “braço direito” do ex-procurador-geral Rodrigo Janot e acusado de negociar, como advogado da JBS, os acordos de delação de seus principais executivos enquanto ainda era procurador da República.

Os deputados também citam a denúncia do ex-subsecretário da Receita municipal de São Paulo Ronilson Rodrigues. Ele contou que não conseguiu firmar acordo de delação com o Ministério Público paulista por acusado o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD).

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