Hipocrisia ambiental

Senador critica Macron por ‘pausa ambiental’ que só beneficia a França

Durante toda a gestão do ex-presidente Bolsonaro, o presidente francês defendeu justamente o contrário do que foi solicitado agora

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Plínio Valério cita uma "hipocrisia ambiental" dos países desenvolvidos que tentam dar lições ambientais ao Brasil mas, no passado enriqueceram às custas de explorações. Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado.

O senador Plínio Valério (PSDB-AM) criticou o presidente francês Emanuel Macron por solicitar “uma pausa nas regulamentações ambientais europeias” alegando que a ação serve para “reindustrializar a França”. Durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, Macron defendia justamente o contrário do que foi solicitado agora.

Para o parlamentar, a ação do francês só beneficia a França e cita uma “hipocrisia ambiental” dos países desenvolvidos que tentam dar lições ambientais ao Brasil, mas no passado enriqueceram às custas de explorações.

“Imagine-se a gritaria mundial se o governo brasileiro solicitasse uma pausa nas regulamentações ambientais hoje em vigor, alegando que precisa de mudanças em sua economia. Com certeza, haveria um protesto internacional veemente, enfurecido — Greenpeace, Greta, Leonardo DiCaprio, ONGs. Sem falar, é claro, dos governantes de países europeus. Todo mundo estaria estarrecido”, declarou o senador.

Durante a fala, o parlamentar lembrou que a França impediu um acordo entre Mercosul e União Europeia em 2021, alegando que o Brasil não cuida direito da Amazônia. Citou o caso dos Estados Unidos que bloquearam também em 2021 a exportação de madeira brasileira alegando exploração irregular e segundo o senador os estadunidenses continuam explorando madeira em seus territórios normalmente.

“Esses países ricos que nos contestam e oprimem em questão ambiental, se descobriram ambientalistas depois que ficaram ricos. Isso é hipocrisia! Trata-se, mais uma vez, de uma armadilha. Os países já desenvolvidos não se envergonham de usar esses recursos naturais como bem lhe aprazem: caso de Macron, caso da Alemanha, caso dos Estados Unidos. Fica aqui, portanto, o registro de um senador que não se cansa de protestar, de se opor aos ‘trombeteiros do apocalipse’. Em momento algum contesto a necessidade de preservação do nosso meio ambiente. Mas não aceito que venham nos impor limite quando eles próprios agem no sentido contrário quando isso lhes traz benefícios”, declarou Plínio.

O senador citou também a Alemanha, que é doadora do Fundo Amazônia e que, para ele, também “tenta dar lições ao Brasil”.

Plínio disse que os germanos reabriram minas de linhita, mineral combustível que contém 70% de carvão. Citou que o uso desse combustível aumentou o problema energético europeu, e é considerado nocivo ao meio ambiente pela grande emissão de gases de efeito estufa. O parlamentar destacou também que, “essas minas na Alemanha se transformam em enormes crateras, que destroem tudo ao seu redor à medida que se expandem, engolindo vilarejos, igrejas centenárias, casas e rodovia”.

De acordo com o jornal francês Le Monde, Macron defendeu essa “pausa” ao apresentar um projeto da “indústria verde”, alegando preservar as empresas francesas, que estariam competindo com as de “países com padrões ecológicos mais baixos”.

 

 

 

 

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