Pindaíba

Falta de verba pode comprometer COP30, dizem diplomatas

Sinditamaraty diz que servidores tem que tirar dinheiro do próprio bolso para desempenhar funções

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Palácio Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores - Foto: EBC.

Faltando um ano para o Brasil sediar 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30) em Belém (PA), em novembro de 2025, surgem preocupações sobre a capacidade do país em realizar o evento seguindo todos os padrões internacionais. Servidores do Itamaraty temem a sobrecarga do trabalho devido a deficiências estruturais e orçamentárias no Ministério das Relações Exteriores (MRE).

De acordo com o Portal da Transparência, o MRE conta com um dos menores orçamentos entre os ministérios brasileiros. Foram R$ 4,5 bilhões destinados em 2024, representando cerca de 0,09% dos gastos públicos totais no ano. Coincidentemente, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima é uma das poucas pastas com orçamento inferior, recebendo R$ 3,6 bilhões. A restrição orçamentária afeta diretamente a capacidade de trabalho, alertam representantes do Sindicato Nacional dos Servidores do Ministério das Relações Exteriores (Sinditamaraty).

Segundo o Sinditamaraty, o MRE enfrenta uma escassez crítica de recursos humanos e materiais, o que limita o suporte necessário para eventos internacionais de grande porte. Ivana Vilela, presidente do sindicato e Oficial de Chancelaria do Itamaraty, afirma que os servidores frequentemente utilizam seus próprios equipamentos em missões internacionais, uma “realidade inaceitável”. “Estamos lidando com um orçamento que mal sustenta o dia a dia, quanto mais um evento global desse porte. Computadores defasados e sistemas antigos. Os servidores precisam investir do próprio bolso para garantir que possam realizar suas atividades”, lamenta.

Ivana também expressa preocupação com o contingente de pessoal necessário para a COP30. Dados do próprio Itamaraty revelam que o ministério dispõe de 3.093 servidores (1.552 diplomatas, 812 oficiais de chancelaria, 439 assistentes de chancelaria e 290 concursados de outras carreiras), um número que, segundo Ivana, corresponde a um terço do ideal. “Esse é um trabalho extraordinário realizado por um quadro muito abaixo do necessário, com servidores executando a função de três pessoas. Estamos sobrecarregados e fazendo hora extras sem remuneração, o que tem levado muitos servidores à estafa total”, afirma. Entre os países referência em diplomacia, a França tem 17 mil funcionários nas Relações Exteriores, número cinco vezes maior que o do Brasil.

As condições atuais indicam que o Itamaraty pode ter dificuldades para coordenar um evento desse porte com os padrões exigidos. “Todos os eventos internacionais que acontecem no Brasil, que incluem a presença de chefes de Estado, ficam a cargo do Itamaraty. Isso exige uma infraestrutura robusta e recursos humanos adequados”, alerta Ivana.

Para que a COP30 seja um marco de liderança climática e um sucesso internacional, especialistas destacam que é essencial que o governo federal atenda às demandas dos servidores do Itamaraty, promovendo investimentos estruturais e assegurando condições de trabalho sustentáveis para 2025. “Existem muitos pontos relevantes para discutirmos em meio à COP, onde todos falam sobre sustentabilidade. No entanto, a sustentabilidade da força de trabalho no Itamaraty parece estar longe do ideal”, completou a sindicalista.

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