Nova acusação

Vídeo gravado por Pazuello mostra tratativa para comprar vacinas, que ele negou na CPI

Empresa de Santa Catarina oferecia vacina chinesa a US$28, após o governo pagar US$10 por dose da Coronavac

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Único sem paletó, Pazuello faz pose para informar no vídeo tratativas que agora ganham aparência de escândalo.

O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello aparece fazendo pose em vídeo, de março deste ano, que ele próprio gravou, dirigindo-se à câmera para informar sobre reunião com um grupo de pessoas, ao seu lado, com objetivo de comprar vacinas do laboratório chinês Sinovac.

Essas vacinas eram oferecidas ao governo brasileiro, naquele momento, a 28 dólares por dose, valor quase três vezes superior aos 10 dólares cobrados por vacina idêntica do Instituto Butantan. O negócio não foi concretizado.

As pessoas que fazem pose e falam ao vídeo, ao lado de Pazuello, eram de uma empresa de Santa Catarina, que ofereceu ao governo 30 milhões de doses. No vídeo, o então ministro se refere a um dos presentes como “John”.

Falando à câmera que o filma, Pazuello afirmou que a reunião resultaria em um “memorando de entendimento já assinado” e o “compromisso” de comprar as vacinas. “Memorando de entendimento” é um ofício através do qual o Ministério da Saúde manifesta interesse em seguir conversando sobre o assunto.

No vídeo, Pazuello parece empolgado. Após apresentar o grupo que se perfila para aparecer junto com o ministro, o então ministro observa: “E já abre também uma nova possibilidade de termos mais doses e mais laboratórios.”

Senadores de oposição na CPI têm criticado o governo federal por haver resistido aos preços cobrados por laboratórios como Pfizer, para fecharem contratos com o Ministério da Saúde, alegando que em tempos de pandemia esse tipo de preocupação não seria relevante.

Pazuello disse à CPI que não negociava a compra de vacinas. “Eu não posso negociar com a empresa”, afirmou. “Quem negocia com a empresa é o nível administrativo, não o Ministro”.

O vídeo não caracteriza uma negociação, mas mostra o então ministro se envolvendo pessoalmente ao menos no início de tratativas para a compra.

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