Rui atrai Lessa

Vice de Maceió pode ser candidato a senador em chapa rival do prefeito

Ex-governador Ronaldo Lessa não encontra espaço na chapa apoiada pelo prefeito JHC

acessibilidade:
Ex-prefeito de Maceió, Rui Palmeira, e o vice-prefeito Ronaldo Lessa articulam chapa majoritária em Alagoas. Foto: Arquivo/Divulgação

O ex-governador de Alagoas e atual vice-prefeito de Maceió, Ronaldo Lessa (PDT), tenta viabilizar sua candidatura a senador, após ter frustrada a oportunidade de assumir o comando da capital alagoana, com uma eventual e já descartada renúncia do prefeito João Henrique Caldas, o “JHC” (PSB), que avaliava disputar a sucessão do ex-governador Renan Filho (MDB).

Por causa das portas fechadas para Lessa no grupo de seu aliado JHC, o líder do PDT alagoano foi levado a uma avançada fase de articulação para ingressar como postulante ao Senado, na chapa majoritária encabeçada pelo ex-prefeito de Maceió Rui Palmeira (PSD), que é pré-candidato a governador de Alagoas.

Se a aliança com Rui for consumada como fato, esta levará o vice-prefeito a um inevitável rompimento político com JHC. Fato comum a Lessa, que, por motivações eleitorais, já circulou bem entre os principais extremos da política alagoana na última década, alternando entre alianças e rompimentos com Rui Palmeira e Renan Filho, principais adversários do prefeito de Maceió.

Espaços se fecharam

As pretensões iniciais de Ronaldo Lessa foram ruindo aos poucos. Primeiramente, acreditava que se tornaria prefeito de Maceió, para apoiar JHC para o governo. Depois, o vice-prefeito viu ruir suas chances de ter o apoio do prefeito JHC, para duelar contra a reeleição do senador Fernando Collor (PTB-AL), na chapa do senador Rodrigo Cunha (UB-AL), que disputará o mandato de governador.

É que os rumos das articulações políticas do grupo de capitaneadas pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL), abriram espaço para que o deputado estadual Davi Davino Filho assumisse a candidatura a senador pelo partido de Lira.

Por isso, segundo uma fonte que acompanha o debate interno diário da chapa de Rodrigo Cunha, não há nenhuma chance de Lessa assumir a vaga conquistada por Davi Davino Filho, que por muito pouco não chegou ao segundo turno na disputa pela Prefeitura de Maceió, em 2020.

Aliança pauta gestão

O avanço das articulações da aliança entre o vice-prefeito de Maceió e Rui Palmeira levaram o prefeito JHC a entrar em uma reunião com Ronaldo Lessa, no final da manhã desta quarta-feira (13). Se for levado em conta o nível da rivalidade entre JHC e Rui Palmeira, a reunião que se estendeu até esta tarde tratou do futuro da permanência do PDT na administração do PSB, após uma eventual aliança de Lessa com o ex-prefeito.

Como prêmio pelo seu papel essencial para angariar votos e apoios para a vitória em 2º turno de JHC, Ronaldo Lessa hoje comanda uma das pastas mais vantajosas, em termos de prestação de serviços e de volume de orçamento da Prefeitura de Maceió.

No comando da Superintendência Municipal de Energia e Iluminação Pública (Sima), que ilumina grotas e todas as ruas da cidade, o PDT deverá pesar bem a decisão de apostar na aventura de empurrar Lessa para uma competitiva disputa, em um momento tão precoce da gestão municipal, contra gigantes da política como Collor e Renan Filho. Sem contar com o peso do apoio de Lira e Rodrigo Cunha a Davi Davino Filho.

O debate, tanto com JHC, quanto com Rodrigo Cunha, tem sido bastante respeitoso. E JHC não pretende ir para a briga pelo espaço conquistado por Davi Davino Filho, porque pretende criar uma aliança duradoura, tanto com o senador Rodrigo (fundamental nas suas últimas conquistas), quanto com Arthur Lira (esperança para apoiar maiores saltos futuros).

Indefinições

Apesar de avançadas, as tratativas entre Lessa e Rui não podem chegar a uma definição nesta Semana Santa. Mas a esperança de ver, mais uma vez, Lessa trocar de lado por méritos políticos e interesses partidários tomou conta dos que tentam fortalecer a chapa de Rui Palmeira para o duro desafio de disputar o governo contra grupos que reúnem não só Arthur Lira (unido a JHC e Rodrigo Cunha); mas também de Collor (que busca apoio de Bolsonaro), e grupo do senador Renan Calheiros (MDB-AL) e do provável governador tampão emedebista Paulo Dantas  (que têm Renan Filho e a maioria da Assembleia Legislativa unidos).

Um interlocutor do PDT Nacional com quem o Diário do Poder conversou confirmou que os cenários para o PDT em Alagoas ainda estão em discussão, inclusive o Senado. E ponderou que o jogo partidário nacional está impactando demais em todos os cenários regionais, ainda mais diante da indefinição do PSD na corrida presidencial.

Reportar Erro