Viaduto barra entrega de prédio a vítimas da chuva
Minha Casa ficou pronto, mas chaves dependem de obra atrasada
Desde o início de 2014, quando começou a ser construído o Condomínio Parque Ermitage, em Teresópolis, região serrana do Rio, para famílias que perderam casas nas chuvas de janeiro de 2011, Fernando da Silva de Souza, de 20 anos, espera o apartamento e faz fotos da evolução da obra do Minha Casa Minha Vida. Um ano depois, viu que os primeiros prédios estavam prontos, mas soube que ainda não era a hora de receber as chaves. Falta um viaduto.
Estão concluídos 37 prédios de cinco andares, com 740 apartamentos, mas a condição da Caixa Econômica Federal para entregá-los é a construção do viaduto, a cargo do governo do Estado. A obra viária só começou no fim de março e tem previsão de durar oito meses.
Serão 1.600 apartamentos em sete blocos na beira da Rio-Bahia (BR -116). O trecho, perigoso para pedestres por causa do intenso fluxo de carros, ficaria ainda mais inseguro com a chegada de ao menos 5 mil pessoas. Essa é a razão da exigência do viaduto, para veículos que seguem viagem pela rodovia. Os pedestres passarão por baixo.
A ideia de entregar as primeiras 700 moradias esbarrou no atraso do viaduto. Os prédios prontos são os mais próximos da estrada. Os apartamentos de 40 metros quadrados estão concluídos. As ligações de energia e água, informou o governo do Estado, serão providenciadas pelas concessionárias em breve.
Ainda segundo o governo estadual, a obra do viaduto "dependia de autorização da concessionária CRT e, em seguida, da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), responsável pela liberação e emissão de licença para execução da obra. A ANTT só aprovou o projeto no início de 2015". Disse também que, por ser área sem infraestrutura, houve outros entraves, já superados.
A ANTT informou que recebeu o pedido de autorização para início das obras em 5 de janeiro e o contrato de permissão de uso foi assinado um mês depois. "Por causa da obra em outro trecho da estrada, atrasou um pouco. Não dava para fazer dois sistemas 'pare e siga' na rodovia", diz a secretária de Planejamento e Projetos Especiais de Teresópolis, Silvana Pires.
Reencontro. Enquanto a entrega atrasa, a família de Souza espera a oportunidade de voltar a se reunir. Ele, a avó e tios estão inscritos e aguardam para ocupar os apartamentos. Eram vizinhos no bairro de Campo Grande até 2011, quando houve a tragédia que deixou 844 mortos e R$ 1 bilhão de prejuízo.
A tia Valdete Pereira, de 52 anos, perdeu a filha mais velha, Ana Paula, de 29 anos, grávida de 5 meses, a caçula Ana Luiza, de 18, e o neto Victor, de 6. Sem moradia, as famílias se espalharam por Teresópolis e vivem em casas alugadas por R$ 500 mensais, pagos pelo programa estadual Aluguel Social. "Prometeram para 2014, depois falaram em setembro deste ano. Só falta esperarem a eleição de 2016", lamentou Valdete.
A construção do condomínio custou R$ 135 milhões (R$ 120 milhões em recursos federais e R$ 15 milhões em estaduais). Mais R$ 26,2 milhões do Estado foram destinados à infraestrutura, incluindo o viaduto. A Caixa informou que o viaduto faz parte do "projeto original" do condomínio. "A questão do viaduto está sendo resolvida. Os outros apartamentos seguem em construção", disse Silvana. (AE)