'Cansei de ser roubado'

Usinas irritam fornecedores de cana ao divulgar falsa quitação em AL

Só foram pagos 3% da dívida de R$ 250 milhões com produtores

acessibilidade:

A iniciativa do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Alagoas (Sindaçúcar-AL) de publicar nota em que afirma haver dez das 19 usinas com débitos “quitados” junto aos seus fornecedores irritou o Movimento União Rural de Alagoas (Mural), que desmentiu parte fundamental da a informação. E considerou desrespeitosa a nota do sindicato dos usineiros alagoanos, replicada nos jornais alagoanos no último final de semana.

Os fornecedores esclareceram que a “quitação” alegada pelos usineiros não representa 3% dos R$ 250 milhões devidos pela cana de açúcar fornecida há mais de três anos. E reconheceu e parabenizou apenas as usinas Serra Grande, a Copervales e Coruripe por honrar seus compromissos e respeitar fornecedores, pagando as safras regularmente.

“Apenas a Usina Leão pagou integralmente para alguns fornecedores e apenas os créditos relativos à safra 2015/2016, restando pendentes débitos de safras anteriores. […] Estamos cansados de ser enganados pelas unidades industriais e seus proprietários que ao invés de pagar o que devem de fato e direito viajam para o exterior e posam em imagens de luxo, enquanto nós arcamos com prejuízos!”, dizem alguns trechos da nota do Mural.

O movimento remarcou para o próximo dia 21 a manifestação denominada “Cansei de ser roubado”, que tornará pública a cobrança contra o que chamam de massacre financeiro contra a classe e as 300 mil pessoas que vêm sendo afetadas de forma direta e indireta.

Dos 7,4 mil produtores de cana alagoanos, 90% são pequenos fornecedores. Com as dificuldades financeiras, aliadas à sequência de estiagens, várias famílias estão vendendo suas terras para pagar empréstimos, enquanto as usinas recebem o que produzem antecipadamente e não pagam aos fornecedores.

Presidente do Sindaçúcar/AL Pedro Robério (Foto: Valor Mercado)Do céu e da suíça

Os usineiros do Sindaçúcar afirmaram que a “salvação da lavoura” em meio à crise cairá literalmente do céu, com a regularidade das chuvas e a obtenção do empréstimo internacional de 500 milhões de dólares, negociado entre as usinas nordestinas e um banco suíço.

Na nota dos usineiros, o presidente do Sindaçúcar-AL, Pedro Robério Nogueira, afirma que, nesta safra, a moagem está entrando na normalidade com mais unidades operando. “Além disso, os preço do etanol e do açúcar estão melhores neste início de safra em comparação ao ciclo anterior”, argumenta.

Leia a nota de esclarecimento do Mural:

Nota de esclarecimento

O Movimento União Rural de Alagoas (Mural) vem a público esclarecer algumas declarações relatadas na matéria “Usinas confirmam pagamento de atrasados a fornecedores”, publicada na Coluna Agora, do Sindaçúcar/AL.

Informamos que apenas a Usina Leão pagou integralmente para alguns fornecedores e apenas os créditos relativos à safra 2015/2016, restando pendentes débitos de safras anteriores. Outras estão fazendo pagamento que não chega a 3% do montante devido. E várias não estão pagando nada.

A nota do Sindaçúcar/AL é desrespeitosa com os fornecedores que estão há mais de três anos esperando o pagamento de mais de R$ 250 milhões. Muitos produtores estão passando por necessidades financeiras e com dificuldade em manter suas propriedades e funcionários.

Estamos cansados de ser enganados pelas unidades industriais e seus proprietários que ao invés de pagar o que devem de fato e direito viajam para o exterior e posam em imagens de luxo, enquanto nós arcamos com prejuízos!

Parabenizamos as usinas Serra Grande, a Copervales e a Coruripe que honram seus compromissos e respeitam seus fornecedores pagando em dia as safras.

Lamentamos a postura do Sindaçúcar em Alagoas e esperamos que a questão seja resolvida o mais breve possível.

Veja a nota publicada na Coluna Agora, do Sindaçúcar/AL:

Reportar Erro