Crise financeira

UFRJ e bandejão da UFF paralisam por falta de limpeza

Serviços de limpeza foram interrompidos por falta de salário

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O Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (CAp-UFRJ) suspendeu as aulas a partir de hoje (13) por causa da interrupção dos serviços de limpeza de funcionários terceirizados, que estão sem receber salários e benefícios. Na Universidade Federal Fluminense, em Niterói, a falta de pagamento levou ao fechamento do restaurante universitário "para preservar as condições sanitárias".

Em nota, a direção do colégio classificou a situação como caótica. "O resultado material do cenário caótico vivido por nós é muita sujeira acumulada e insalubridade. Sem falar na convivência com o desrespeito à dignidade humana por meio da opressão e exploração do trabalhador", posicionou-se a direção-geral, que anunciou a paralisação para "não compactuar com a violação de direitos trabalhistas nem conviver com a sujeira, insalubridade e insegurança".

Segundo a nota, apenas os alunos do terceiro ano do ensino médio continuam a ter aulas no colégio, que também oferece ensino fundamental. Problemas no pagamento já haviam causado o atraso do início do ano letivo para os alunos do 1º ao 9º ano do ensino fundamental e para os do 1º e 2º ano do ensino médio. Enquanto as aulas do 3º ano começaram em 26 de fevereiro, o 1º e o 2º ano tiveram o primeiro dia do ano letivo em 5 de março. O ensino fundamental, por sua vez, voltou às atividades em 16 de março.

Pais dos alunos do CAp-UFRJ chegaram a se prontificar para participar de um mutirão na escola e organizar uma doação de mantimentos para as famílias dos funcionários terceirizados, contou Patrícia Boueri, mãe de uma estudante do 4º ano do ensino fundamental. Além de se preocuparem com o cumprimento do conteúdo do ano letivo, os pais de filhos menores ainda precisam improvisar para cuidar deles nos dias sem aula. "Um adolescente, um jovem do ensino médio tem como ficar sozinho e tocar o dia sem a necessidade de olhos de guarda. Para os menores, é mais complicado", lembra a mãe.

O Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ (IFCS) foi outro campus que suspendeu as aulas por causa dos problemas com os serviços terceirizados. Em seu site, o instituto informa que a decisão foi tomada ontem (12) por unanimidade até que os serviços sejam "plenamente restabelecidos". Na segunda-feira (11), a Escola de Comunicação e a Faculdade de Direito tomaram a mesma medida.

Robson de Araújo, de 21 anos, é um dos alunos do curso de direito que ficou sem aulas nesta semana. Para ele, o pior não é o atraso no calendário, mas saber que vários funcionários estão sem receber. "Me preocupa muito mais a questão dos terceirizados, que estão sem receber há tanto tempo". Ele conta que a situação da limpeza na semana passada ficou "terrível" com a paralisação do serviço. "Os banheiros todos estavam sujos", disse.

Em nota publicada no site da UFRJ, o reitor Carlos Levi afirma que a universidade está tomando medidas operacionais para minimizar os efeitos da paralisação dos serviços de limpeza em algumas unidades, o que levou à realização de mutirões em áreas mais críticas. O serviço, segundo a nota, foi feito ontem no CAp e será estendido a outras unidades.

O posicionamento da UFRJ também afirma que serão tomadas medidas legais e administrativas, cabíveis a cada caso, para punir qualquer empresa que descumpra cláusulas contratuais e previstas na legislação.

Já a UFF publicou em seu site uma nota na tarde de ontem em que se solidariza com a situação dos terceirizados e em que informa que conseguiu a liberação de parte da verba. A universidade afirma que está tomando providências administrativas necessárias para o repasse às empresas visando o pagamento imediato aos terceirizados. Na nota, a UFF lamenta ainda que a repetição dos atrasos. "[O atraso no pagamento] gera dúvidas em relação a capacidade [da universidade] de funcionar de maneira satisfatória, alimenta a insegurança e, de modo algum, favorece a continuidade dos trabalhos em bom nível".

Aluno de jornalismo da UFF, Luís Pedro Rodrigues, de 22 anos, tinha o hábito de comer no bandejão. Ele conta que antes de ser fechado, o restaurante do Campus Gragoatá apresentava grandes filas por causa do fechamento da unidade do Campus Boa Viagem. Com isso, o estudante passou a comer em casa, apesar do custo mais alto. "Sai mais barato comer no bandejão do que comprar e fazer a própria comida em casa. Por enquanto, ainda dá para fazer isso".

Em reunião realizada ontem com o Conselho Pleno da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), o ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, afirmou que não haverá cortes no custeio das universidades e que, desde março, o governo federal tem repassado um doze avos do orçamento previsto às instituições. Apesar disso, Janine Ribeiro disse que "esta será a primeira gestão com menos recursos" e pediu que os docentes estabeleçam prioridades e planejamento para aumentar benefícios possíveis de se obter com o que já foi investido. (ABr)

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