De Bolsonaro ao petista

Após delatarem Lula na Lava Jato, irmãos Batista tentam reaproximação

J&F nega que advogados tenham sido contratados antes dos fatos

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Wesley e Joesley Batista. Foto: Twitter
Wesley e Joesley Batista, figuras controvertidas da J&F. (Foto: Reprodução/Redes Sociais).

Após delatarem o atual presidente Lula na Lava Jato, os irmãos Wesley e Joesley Batista, da JBS, se distanciaram do PT e tentaram se aproximar de Jair Bolsonaro nos últimos quatro anos. Até contrataram o advogado Frederick Wassef, de confiança da família do ex-presidente, com esse objetivo.

Uma das tarefas de Wassef era tratar da repactuação do acordo de delação premiada dos irmãos Batista, de 2017, com o objetivo de tentar reduzir a multa estipulada na delação, da ordem de R$10 bilhões. A informação é da Coluna Claudio Humberto, do Diário do Poder.

Sem procuração oficial, Wassef não conseguiu avançar na negociação com o procurador Adonis Callou de Araújo Sá, da PGR.

Com a volta de Lula ao Planalto, os Batista rapidamente contrataram Cristiano Zanin, advogado e homem de confiança do presidente.

A missão de Zanin seria “reconstruir pontes”, após Joesley contar na Lava Jato que tinha conta no exterior para pagar propinas a Lula e Dilma.

Em nota enviada por sua assessoria, o grupo controlado pela controvertida dupla afirma que Wassef representou apenas um dos seus executivos e que a contratação de Zanin seria anterior à eleição de Lula.

E negou o que de fato ocorreu: Lula foi delatado ao Ministério Público Federal (MPF) por Joesley Batista, que disse ter depositado no exterior US$150 milhões (cerca de R$780 milhões) em propinas destinadas a Lula e também à ex-presidente Dilma Roussef. Veja aqui.

A nota

É a seguinte a nota divulgada pela J&F:

“Diferentemente do informado pela coluna, Lula não foi delatado pelos executivos da J&F. Os acordos de colaboração são públicos.

Além disso, o advogado Frederick Wassef nunca representou a J&F, mas um de seus executivos, e nunca atuou em temas ligados aos acordos de colaboração e leniência do grupo. Sua contratação é muito anterior à eleição do presidente Bolsonaro, de forma que não há qualquer relação entre esses fatos.

A contratação do advogado Cristiano Zanin Martins também é muito anterior à eleição do presidente Lula em 2022, de forma que é impossível traçar qualquer correlação entre esses fatos.”

Não é o que dizem

O Ministério Público Federal encaminhou ofícios à J&F e à JBS, em 2020, solicitando informações que comprovassem o “caráter lícito” da relação profissional e dos serviços prestados pelo advogado Frederick Wassef ao grupo e suas empresas.

O subprocurador-geral da República, José Adonis de Araújo Sá, ex-coordenador do grupo de trabalho da Lava-Jato na PGR, relatou à imprensa que Wassef esteve no seu gabinete no final de 2019 para tentar negociar uma repactuação do acordo de delação dos irmãos Batista. Na ocasião, a conversa foi encerrada porque Wassef não apresentou procuração.

Segundo movimentações financeiras identificadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), o escritório de advocacia Wassef & Sonnenburg recebeu R$9,8 milhões das empresas dos irmãos Batista.

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