Alinhamento do Incra à empresa de Joesley dá razão ao MST
J&F perdeu todas as manobras para não entregar Eldorado a quem a comprou
A discreta aproximação entre o Incra e uma das gigantes do agronegócio brasileiro vem aos poucos dando razão à crítica feita pelo MST ao governo Lula (PT) sobre a paralisação das políticas de reforma agrária.
Em um protesto realizado nas sedes do Incra em todo o país, em outubro, os manifestantes pediam “mais agilidade” do governo para criação de novos assentamentos.
Para líderes do movimento, essa paralisação pode estar ligada a uma aparente aproximação do órgão com empresas como a J&F, dos irmãos Batista e conhecida não apenas por suas atividades no agronegócio, mas também pelas inúmeras denúncias de desmatamento e uso ilegal de terras.
Recentemente, o Incra do Mato Grosso do Sul passou a dar manifestações alinhadas aos interesses de Joesley Batista. A superintendência regional da autarquia se manifestou oficialmente para impedir a transferência da Eldorado para a Paper — algo que Joesley tenta há cinco anos na Justiça sem sucesso. A Paper ganhou uma arbitragem por unanimidade e também venceu no TJ-SP em primeira instância.
A aproximação mais estreita do Incra com empresários do agronegócio deixa a autarquia numa posição delicada, no momento em que o governo sofre pressão dos movimentos sociais. Atento a isso, como o Diário do Poder já adiantou, o deputado federal Evair de Melo (PP-ES) vai convocar o presidente do Incra, César Aldrighi, para depor na Câmara dos Deputados.