Secretário de Educação do DF ignora orientação da Saúde e gera crise no governo
Subsecretário de Saúde, Alexandre Garcia se desliga de Comitê de Vacinação alegando cansaço
O subsecretário de Atenção Integral à Saúde do governo do Distrito Federal, Alexandre Garcia, pediu nesta quarta-feira (2) desligamento do Comitê Gestor de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19.
Oficialmente, ele alegou em carta ao secretário de Saúde, Osnei Okumoto, que a segunda onda provocou uma carga excessiva de trabalho, devido as atividades nas frentes de vacinação e atendimento aos pacientes infectados com o novo coronavírus, o que lhe causou esgotamento.
Mas, nos bastidores, consta que a decisão de Garcia tem a ver com a atitude do secretário de Educação, Leandro Cruz, de ignorar a orientação do Comitê em relação a imunização de profissionais da Educação, para priorizar a imunização de gestores, incluindo integrantes da cúpula da secretaria.
O imbróglio teve início quando ocorreu a mudança nos grupos prioritários entre os profissionais. Em princípio, a vacinação seria para quem trabalha em creches públicas e particulares, conforme foi determinado pelo próprio governador Ibaneis Rocha (MDB).
O governador ressaltou a importância da imunização desse segmento em razão da situação de vulnerabilidade de mães que deixam os filhos em creches para retomarem com segurança ao ambiente de trabalho presencial.
Mas o secretário da Educação ignorou essa diretriz do governador e a orientação do Comitê Gestor de Vacinação para incluir os gestores na primeira etapa de imunização, entre 21 e 31 de maio – quando foi interrompida e retomada nesta quarta-feira.
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) recebeu denúncias de que integrantes da cúpula da Secretaria de Educação foram imunizados, indevidamente, como seria o caso de Otoniel Linhares, diretor de Educação Integral. Os nomes dos privilegiados foram incluídos na lista para receber a vacina.
Nas redes sociais, integrantes da Secretaria de Educação comemoram a imunização. Linhares inclusive teria confessado sua vacinação “na xepa”, mas não há sobras (“xepas”) do imunizante AstraZeneca.
A vacinação de integrantes da cúpula da Educação gerou desconforto e indignação entre os professores da Secretaria de Educação, que ainda aguardam a sua vez na fila.
O secretário Leandro Cruz, no entanto, nega qualquer irregularidade. Em um vídeo postado em seu Instagram, ele defendeu a própria decisão de incluir gestores como prioridade citando casos de alguns deles que teriam morrido em decorrência do coronavirus, por estarem na linha de frente da educação pública. Veja o vídeo do secretário:
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