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Sarney lamenta morte de Paulo Tarso, ‘um dos maiores diplomatas da História’

'Paulo Tarso foi expoente de uma geração que modernizou a diplomacia brasileira', diz o ex-presidente

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José Sarney (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado.)

Muito triste e emocionado, o ex-presidente José Sarney lamentou o falecimento do embaixador Paulo Tarso Flecha de Lima, que ele define como “meu querido amigo e um dos maiores diplomatas da história do Itamaraty”.

Sarney foi o presidente que nomeou Flecha de Lima secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, concedendo-lhe a oportunidade de fazer História na liderança da diplomacia brasileira, ainda que a escolha tenha sido do ex-presidente Tancredo Neves.

Em nota, o ex-presidente lembra a trajetória de Paulo Tarso Flecha de Lima, com quem mantinha relações pessoas. “Há poucos dias havíamos nos falado ao telefone e combináramos que lhe faríamos, Marly e eu, uma visita. Não houve tempo”, lamentou.

Leia na íntegra o texto do ex-presidente José Sarney sobre o ex-colaborador e velho amigo falecido neste segunda-feira (12):

Foi com imensa tristeza e profunda emoção que recebi a notícia do falecimento de Paulo Tarso Flecha de Lima, meu querido amigo e um dos maiores diplomatas da história do Itamaraty. Há poucos dias havíamos nos falado ao telefone e combináramos que lhe faríamos, Marly e eu, uma visita. Não houve tempo.

Paulo Tarso foi expoente de uma geração que modernizou a diplomacia brasileira. Acompanhei sua carreira brilhante e tive a oportunidade de tê-lo ao meu lado como Secretário-Geral do Ministério das Relações Exteriores durante todo o meu governo. Quem o escolheu para o cargo foi Tancredo Neves. Foi com satisfação que pude confirmar um amigo de total confiança para comandar o grande quadro de diplomatas que viabilizou a aproximação com a Argentina e o Uruguai para formarmos a base do Mercosul e a abertura da política externa a novos parceiros, de Cuba e da América Latina, de Moscou a Pequim, passando pela África e negociando com firmeza com nossos tradicionais parceiros europeus e com os Estados Unidos, inclusive na questão do clima, pavimentando o caminho para a Rio 92.

Em Londres, Washington, Roma, Paulo Tarso — tendo ao seu lado Lúcia, extraordinária companheira — mostrou toda a sua habilidade como representante do Brasil, elevando a nossa interlocução a níveis excepcionais, a par dos nossos maiores nomes, como, em Washington, Joaquim Nabuco. Num momento crítico soube usar sua capacidade de interlocução para libertar os brasileiros reféns no Iraque.

Paulo Tarso era um homem de brilhante formação, com grande cultura, dominando perfeitamente todos os instrumentos de um grande intelectual. A Academia Mineira de Letras o tinha como um dos seus grandes nomes. Seu texto reflete sua inteligência aguda, sendo sempre estilisticamente impecável e profundo em sua análise e interpretação do mundo.

Seus filhos e sua família sabem que acompanhamos, Marly e eu, com o coração ferido, sua dor e sua tristeza. Quero manifestar minha solidariedade a suas Casas, o Itamaraty e a Academia Mineira de Letras, e a Minas Gerais, a que ele honrou com o seu nome, inscrito para sempre entre os seus maiores nomes.

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