SP anuncia produção de 58 novos trens e geração de 700 empregos em Taubaté

Fábrica da Alstom será retomada e ampliada, na região do Vale do Paraíba

O Governador João Doria anunciou nesta terça-feira (5) a retomada e ampliação da fábrica da Alstom, na região do Vale do Paraíba, para a produção de uma nova frota com 58 trens para linhas do Metrô e da CPTM. Com isso, ao menos 750 novos postos de trabalho serão abertos no estado de SP, sendo 700 vagas para o município de Taubaté.

“Essa é uma data muito importante, da retomada da produção nesta grande fábrica que, acreditando na região do Vale do Paraíba, no estado de SP e no Brasil, aqui fez investimentos expressivos. E agora retoma com grande força, com cinco novos contratos nacionais e internacionais para fornecimento de mais 130 trens. Isso é o renascimento da indústria de trens no Brasil. Isso tem importância estratégica para o Brasil”, destacou Doria.

A compra dos novos trens faz parte do contrato da Alstom com as concessionárias Acciona/Linha Universidade (Linha Uni), responsável pela Linha 6-Laranja de Metrô, e ViaMobilidade, vencedora da licitação das Linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). “O aumento da produção industrial, propiciado pelas concessões metroferroviárias à iniciativa privada, fomenta o mercado de trabalho e favorece a geração de novos empregos”, destacou o Secretário de Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy.

Além do fornecimento de 58 trens para atender às concessões das linhas do Metrô e da CPTM, a Alstom ainda realizará em Taubaté a produção de composições para outros três contratos internacionais. No total, serão mais de 130 trens com cerca de 750 carros. A empresa promoverá cursos de capacitação de mão de obra juntamente com o SENAI Taubaté.

“Investir no país e saber que a empresa é a responsável pela mobilidade de milhões de pessoas em grandes cidades como São Paulo, além de Taipei e Bucareste, é motivo de grande orgulho para todos os funcionários da Alstom no Brasil”, destacou Michel Boccaccio, vice-presidente Sênior da Alstom para a América Latina.

Trensalão tucano

A Alstom esteve envolvida no esquema de corrupção conhecido como trensalão tucano”.

O escândalo das licitações no transporte público em São Paulo é um esquema de corrupção ocorrido no Estado de São Paulo que culminou na formação de um cartel entre corporações transnacionais para fraudar licitações do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos. Cinco contratos supostamente fraudulentos foram assinados entre 1998 e 2008, enquanto os governadores de São Paulo Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra ocupavam cargo durante o período.

As denúncias dariam conta de que o cartel – formado ao menos pelas transnacionais alemã Siemens, francesa Alstom, canadense Bombardier, espanhola CAF e japonesa Mitsui – teria atuado em pelo menos seis licitações desde 1998, a partir das licitações para a construção da primeira parte da Linha 5–Lilás e da extensão da Linha 2–Verde.

Investigado pela Polícia Federal do Brasil e o Cade, o trensalão tucano foi revelado após delação da Siemens. Segundo a empresa alemã, corporações internacionais combinavam previamente os preços de vencedores e perdedores das licitações para a aquisição de equipamentos e serviços ferroviários em São Paulo, e assim faturar acima do preço correto. Há também a denúncia de que os empresários também corromperam políticos e autoridades ligadas ao PSDB (que tem governado o Estado de São Paulo desde 1995) e servidores públicos de alto escalão.

Em dezembro de 2013, o Ministério Público de São Paulo pediu suspensão de dez contratos para a reforma de 98 trens usados nas linhas 1–Azul e 3–Vermelha, sob alegação de que a reforma saiu mais cara do que a compra de trens novos. No mês seguinte, o Metrô anunciou a suspensão desses contratos por 90 dias. Em maio de 2015, seis representantes das empresas Alstom, Temoinsa, Tejofran e MPE, contratadas para a reforma desses trens, foram denunciados pelo Ministério Público de São Paulo, além da prisão preventiva de César Ponce de Leon, que foi diretor da Alstom.