Dono da empresa

Doria pode ser investigado por favorecer grupo Lide em seu governo

Pedido de investigação foi protocolado no Ministério Público de SP por deputados estaduais do PT

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O governador de São Paulo, João Doria. Foto: Valter Campanato/ABr
Ex-governador de São Paulo João Doria. (Foto: Valter Campanato/ABr)

O Ministério Público de São Paulo recebeu uma representação contra o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), para que investigue suposto favorecimento na gestão do tucano em prol do grupo empresarial Lide, criado por ele em 2003, e que tem como dirigente seu filho, João Doria Neto.

Autores do requerimento que aponta atos de improbidade administrativa de Doria, os deputados estaduais Paulo Fiorilo e Mário Maurici, do PT de São Paulo, tomaram como base ao pedido matéria publicada na revista Crusoé na semana passada, que detalha “constante interrelação entre o grupo Lide, Lide China e o Governo do Estado de São Paulo”. O pedido foi protocolado nesta terça-feira, 27.

Segundo a revista, Doria ofereceu uma recepção, em 2019, no Palácio dos Bandeirantes, promovido pelo advogado Marcelo Braga Nascimento, presidente do Lide China até a última quinta-feira, 22. O advogado é amigo pessoal de Doria e seu advogado da campanha eleitoral. O Lide China é filial do grupo para negócios e relações entre o Brasil e a China.

Marcelo Braga assumiu a presidência do Lide China em julho de 2017, no mesmo mês em que Doria fez sua primeira viagem oficial ao país, ainda como prefeito, “com o objetivo de vender uma carteira de projetos de parceria público-privada e de privatizações na capital paulista”.

Em agosto de 2019, já como governador, Doria promoveu uma viagem à China com 40 empresários. A expedição, batizada pelo próprio de “Missão China”, foi destinada a “ampliar cooperação e atrair investimentos”. Foi nessa viagem que Doria inaugurou o escritório da agência de fomento do governo paulista, a InvestSP, em Xangai, para ser um “ponto de apoio para as empresas brasileiras”.

“O que vemos na prática é que o Governador João Doria nunca deixou sua frente privada de negócios de lado. Ele mantém despachos frequentes com Celia Pompeia, vice-presidente executiva do grupo, e transferiu sua participação societária nas empresas para o filho mais velho, João Doria Neto”, diz o denúncia dos parlamentares do PT enviado ao Ministério Público.

Ainda segundo o documento, como fator que comprova a estreita ligação entre Doria e a atuação do grupo, ”a seção oriental do Lide fica com a receita das anuidades pagas pelas empresas filiadas – hoje são 30 companhias – e repassa uma parte do dinheiro à matriz, onde atua o filho de Doria, pelo uso da marca”.

“Alguns dos pagamentos recebidos pelo escritório em 2018, que vão de alguns milhares a 2,3 milhões de reais, foram feitos por empresas que possuem concessão de rodovias, uma empreiteira que venceu recentemente a licitação de uma obra do metrô do governo paulista”, ressalta o documento.

Para os parlamentares, há indícios de atos dolosos “seja com a nítida intenção de favorecer um grupo, seja em deliberadamente atentar contra a administração pública”.

Paulo Fiorilo e Mário Maurici afirmam no pedido ao MP que é preciso investigar com urgência “se há mistura entre os interesses do grupo Lide, do conglomerado empresarial de João Doria e os interesses do Estado de São Paulo; com a responsabilização do Sr. Governador e outros que tenham agido conjuntamente por violação aos mandamentos constitucionais”.

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