Réu que matou advogado no lugar de juiz pega 24 anos de prisão em Alagoas
Vítima foi executada em 2009, quando falava de um orelhão há poucos metros do juiz Marcelo Tadeu, em farmácia de Maceió
Após quase 13 anos de espera por respostas para um dos crimes de pistolagem de maior repercussão em Alagoas, a Justiça chegou ontem (31), tardia e incompleta, ao condenar Antônio Wendell Guarnieir a 24 anos e seis meses de prisão, em regime fechado, pelo assassinato do advogado Nudson Harley Mares de Freitas, que foi executado por engano em Maceió, no lugar do juiz aposentado Marcelo Tadeu. A família da vítima e os alagoanos esperam respostas das autoridades sobre o mandante do crime.
O promotor de Justiça Antônio Villas Boas, que atuou na acusação considerou que a pena atendeu às expectativas, após o júri que durou 12 horas e foi presidido pela juíza Lívia Matos. Consta nos autos que o advogado mineiro que estava em Maceió a trabalho e teria morrido por engano, em julho 2009, no bairro de Mangabeiras, no lugar do magistrado que ainda atuava.
“O réu foi condenado a uma pena de 24 anos e seis meses, por crime triplamente qualificado: mediante paga; perigo comum e recurso que impossibilitou a defesa da vítima, uma vez que foi surpreendida pelos seus algozes quando estava em uma ligação num telefone público localizado em frente à Farmácia São Luiz, na rua João Davino, bairro Mangabeiras”, enfatizou Villas Boas.
Segundo o promotor Villas Boas, a defesa tentou derrubar as qualificadoras, inclusive apontando que se dispôs a ser ouvido em delação premiada.
“O conselho de Justiça refutou a tese de defesa que apelou para que reconhecessem a delação premiada do réu Wendel Guarnieri, mas isso não ocorreu e, finalmente, foi feita a justiça que era tão aguardada pela viúva e os demais parentes. Com a condenação dele, o Ministério Público tem a convicção de que cumpriu o seu papel, promoveu justiça, e hoje a sociedade alagoana está de parabéns”, afirmou o promotor Villas Boas.
Ação penal contra delegado foi extinta
Em 11 de maio, a Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL) aceitou o recurso do delegado que já chefiou a Polícia Civil de Alagoas, Paulo Cerqueira, e determinou a extinção da ação penal em que ele era réu por homicídio qualificado do advogado Nudson Harley. O delegado chegou a ser indiciado pela Polícia Federal (PF) e denunciado pelo Ministério Público de Alagoas (MPAL) como mandante do atentado contra o juiz Marcelo Tadeu, que terminou na morte do advogado.
Paulo Cerqueira foi indiciado em abril do ano passado, quando pediu exoneração do comando da Polícia Civil de Alagoas, no governo de Renan Filho (MDB). O delegado se tornou réu cinco meses depois. Ele nega ter cometido qualquer crime, afirmando ser inocente, ao apontar ser vítima de um equívoco da PF. (Com informações da Comunicação do MPAL)