Prevista para o dia 22, filiação do presidente ao PL é suspensa
Partido diz que decisão saiu após ‘intensa troca de mensagens’
A filiação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao Partido Liberal (PL), de Valdemar Costa Neto, no próximo dia 22 foi cancelada. A informação foi divulgada em nota pelo partido após o presidente, que está Dubai, dizer à imprensa que o acompanha que ainda que tem “muito a conversar” com o Valdemar.
Eleito presidente pelo PSL em 2018, Bolsonaro deixou o partido em 2019 em meio a divergências com a cúpula da legenda. Na ocasião, chegou a articular a criação de uma nova sigla, a Aliança Pelo Brasil, que não passou da fase de coleta de assinaturas.
“Quer saber a data da criança se eu nem casei ainda? Que data vai nascer a criança. Tem muita coisa a conversar com o Valdemar”, disse o presidente ao ser uqestionado durante visita a uma feira de aviação em Dubai, a Dubai Airshow.
“Eu acho difícil essa data de 22. Tenho conversado com ele, e estamos em comum acordo que podemos atrasar um pouco esse casamento para que ele não comece sendo muito igual os outros. Não queremos isso”, completou Bolsonaro.
Poucas horas depois, o PL divulgou nota em nome do presidente do partido, Valdermar Costa Neto, que chegou a ser preso por corrupção em decorrência do mensalão do PT. Ele também estava envolvido em casos de corrupção da Operação Lava Jato.
Segundo o texto assinado pel, a decisão foi tomada em comum acordo “após intensa troca de mensagens durante a madrugada”. O anúncio ainda afirma que não há nova data prevista para a filiação de Bolsonaro.
Entre as questões para acertar, Bolsonaro citou o apoio da legenda em candidatos a governador em 2022. “A gente não vai aceitar, por exemplo, apoiar alguém do PSDB em São Paulo. Não tenho candidato ainda”, disse, citando que o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, pode sair na disputa no ano que vem. “É um casamento que tem que ser perfeito. Se não for 100%, que seja 99%”, disse o presidente.
Após o anúncio da ida de Bolsonaro ao PL, a cúpula da sigla trabalhou para viabilizar chapas e palanques para as eleições de 2022. O chefe do Executivo federal pediu autonomia para indicar aliados em locais considerados importantes, com foco em montar uma bancada robusta, sobretudo, no Senado, onde o governo tem acumulado derrotas. O plano, no entanto, esbarrava nos projetos para São Paulo, onde a legenda do Centrão tem um acordo com o vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB), que disputará o pleito para tentar suceder o governador João Doria (PSDB).
Além de São Paulo, há problemas também em estados do Nordeste, que tendem a apoiar o PT.
Outro complicador para a situação em São Paulo é a aproximação entre Lula e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB).
Alckmin era um dos possíveis aliados identificados pelo bolsonarismo no maior colégio eleitoral do país.
“Estávamos dispostos a conversar com o Alckmin, o Valdemar chegou a fazer esse contato. Mas agora essa conversa suicida do Alckmin com o Lula fecha essa porta”, disse o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), que acompanha o pai na viagem.
Ele disse ainda que, além de São Paulo, os maiores entraves estão nos estados da Bahia, Pernambuco e Piauí.
“Isso é inegociável para nós, o nosso eleitor jamais entenderia se o nosso partido apoiasse candidatos de esquerda”, declarou o senador.