'Amarildo do DF'

PMs acusados de torturar e matar Antônio são soltos

O crime foi em 2013 e os policiais militares foram indiciados

acessibilidade:

A Justiça de Planaltina absolveu, na noite desta segunda-feira (20), os sargentos da Polícia Militar Silvano Dias de Sousa e Carlos Roberto José Pereira, acusados de matar o auxiliar de serviços gerais Antônio Pereira de Araújo, em 27 de maio de 2013. Embora a sentença seja em primeira instância e ainda caiba recurso, os dois já ganharam liberdade por volta das 23h30.

Na sentença, a juíza Catarina de Macedo Nogueira Lima e Correa, da Segunda Vara Criminal e Segundo Juizado Especial Criminal de Planaltina, determinou: “tendo sido eles agora absolvidos, determino que seja expedido alvará de soltura, a fim de quesejam imediatamente colocados em liberdade”.

O caso de Antônio Pereira de Araújo ficou conhecido como “Amarildo do DF” em referência ao assassinato do ajudante de pedreiro carioca que sumiu após abordagem policial na Favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, em julho de 2013. Amarildo foi torturado e morto. O corpo dele até hoje não foi encontrado.

Relembre o caso

Antônio Pereira de Araújo desapareceu dois meses antes de Amarildo, em 26 de maio de 2013. Ele saiu de casa, no Arapoanga, em direção à casa do irmão mais velho, no mesmo setor de Planaltina. No caminho, Antônio se perdeu e parou na frente da chácara de um sargento da PM no Córrego do Atoleiro, área próxima à região. Assustado, o policial pediu ajuda ao 14º Batalhão.

Duas viaturas da PM, com seis policiais, foram atender ao chamado. Entre eles, os dois acusados. De lá, Antônio foi levado para a 31ª Delegacia de Polícia na madrugada do dia 27. De acordo com a ocorrência, os policiais interrogaram Antônio, pesquisaram se tinha ficha criminal e o liberaram em seguida. Mas o auxiliar de serviços gerais, que tinha 32 anos à época, não voltou para casa.

O inquérito sobre o desaparecimento de Antônio só foi aberto meses depois. O caso saiu da 31ª DP e ficou sob a responsabilidade da Delegacia de Repressão a Sequestros (DRS) e da Coordenação de Homicídios (CH). 

Sete meses depois do desaparecimento, em 21 de novembro de 2013, a ossada de Antônio foi encontrada em frente à Quadra 16 do setor Buritis 3 em Planaltina. A região de vegetação nativa do cerrado fica a pouco mais de 1km de distância da 31ª DP. O exame de DNA feito pela Polícia Civil confirmou que os restos mortais eram mesmo de Antônio. Em janeiro de 2014, o laudo do Instituto de Medicina Legal (IML) apontou a causa da morte do auxiliar.

Segundo o laudo, Antônio sofreu violência física, como socos e pontapés. Teve quatro costelas fraturadas.

Elucidação

Dois anos após o crime, no dia 1º de julho de 2015, o crime foi elucidado. Uma coletiva de imprensa marcada pelo próprio diretor-geral da PCDF, Eric Seba, anunciou o desfecho do caso – dando fim à dor da família. 

Os dois policiais militares foram indiciados no fim de maio do ano passado pela polícia e denunciados em seguida pelo Ministério Público por crime de tortura seguida de morte cometida por agente público. A pena podia chegar a 21 anos de prisão. A Segunda Vara Criminal de Planaltina acatou a denúncia contra os dois sargentos da Polícia Militar em 1º de julho do ano passado, os transformando em réus do processo, e determinou prisão preventiva porque eles estariam atrapalhando as investigações e ameaçando testemunhas e a própria família da vítima. 

Reportar Erro