‘Peço à Nossa Senhora Aparecida que livre o brasileiro do ódio’, diz Papa
Declaração do pontífice aconteceu durante a tradicional audiência geral na Praça São Pedro, no Vaticano
O Papa Francisco afirmou nesta quarta-feira, 26, que pede à Nossa Senhora Aparecida que livre os brasileiros do ódio. A declaração foi dada pelo pontífice durante a tradicional saudação que faz, em vários idiomas, a peregrinos presentes na audiência-geral que acontece na Praça São Pedro, no Vaticano.
Em seu discurso, o papa iniciou a fala citando a beatificação de Benigna Cardoso da Silva, mais conhecida como menina Benigna. Ela foi reconhecida pela igreja, nesta segunda-feira, em uma cerimônia no município do Crato, interior do estado do Ceará. O pontífice saudou a jovem mártir nesta quarta, enfatizando que “o seu exemplo nos ajude a ser generosos”. Assassinada a golpes de facão em 1941, a adolescente foi morta depois de recusar um rapaz de 17 anos que tentou violentá-la.
“Saúdo os peregrinos de língua portuguesa, em especial quantos vieram de São Salvador da Bahia, Anicuns, Taubaté e São Paulo. Queridos irmãos e irmãs, anteontem, em Crato, no Estado brasileiro do Ceará, foi beatificada Benigna Cardoso da Silva, uma jovem mártir que, seguindo a Palavra de Deus, manteve pura a sua vida, defendendo a sua dignidade. O seu exemplo nos ajude a ser generosos discípulos de Cristo. A vida do mundo depende do nosso testemunho coerente e alegre do Evangelho. Um aplauso à nova beata!”, disse o papa Francisco, que continuou:
“Peço a Nossa Senhora Aparecida que proteja e cuide do povo brasileiro, que o livre do ódio, da intolerância e da violência”.
Apesar de não fazer declaração direta ao processo eleitoral do Brasil, a fala do líder argentino acontece a quatro dias do segundo turno das eleições presidenciais e duas semanas depois de militantes bolsonaristas causarem tumulto no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, no dia nacional de sua celebração.
Durante a campanha eleitoral, lideranças católicas têm sido alvo de episódios violentos motivados por convicções políticas. Na semana passada, um padre foi hostilizado por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) enquanto celebrava a missa, no Paraná. Nas redes sociais, o cardeal Dom Odilo Pedro Scherer também foi atacado por bolsonaristas por usar uma veste sacerdotal de cor vermelha.
Após a declaração do Papa Francisco hoje, também houve hostilização. Brasileiros que acompanhavam o evento, enfurecidos, cercaram um jovem que vestia camiseta vermelha aos gritos de “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão” e “a nossa bandeira jamais será vermelha”.