Bairros afundando

Mapa da CPRM alerta para tragédia em bairros de Maceió, causada pela Braskem

Previsão de chuvas intensas pôs Defesa Civil em alerta para evacuar áreas de risco

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Afundamento e rachaduras no solo em Maceió foram causados pela mineração da Braskem, segundo a CPRM. Fotos: Márcio Ferreira/Agência Alagoas/Arquivo

Após uma espera de quase duas semanas desde a divulgação de seu diagnóstico que apontou a Braskem como causadora do afundamento e de tremores que colocam em risco cerca de 40 mil pessoas de três bairros de Maceió (AL), o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) disponibilizou ontem (21), em seu site, todas as informações dos estudos elaborados pelo órgão federal sobre a instabilidade do terreno nos bairros do Pinheiro, Mutange e Bebedouro. As informações expuseram um novo mapa de feições que aponta as áreas de maior risco na região e será utilizado pela Defesa Civil para orientar as ações emergenciais. E a capital alagoana foi alertada hoje (22) de que o volume de chuva previsto para até esta quinta-feira (23) poder exigir a necessidade de evacuação nas áreas de risco.

Além de estudos de sonares que registraram evidências de desabamentos, formação de cavernas, dolinas (depressões no solo) e junção de minas, os estudos divulgados trazem informações sobre as principais medidas protetivas sugeridas com base no princípio de precaução, no documento denominado “Mapa de Integração de Processos de Instabilidade do Terreno” (Veja abaixo).

No mapa, foram delimitados os graus de intensidade de riscos e onde há necessidade de remoção temporária ou permanente dos moradores, nas áreas pintadas com desenhos quadriculados pretos, considerando a previsão de chegada de chuvas intensas ou prolongadas, de acordo com a avaliação dos engenheiros da Defesa Civil estadual e municipal. E as áreas indicadas como de risco baixo foram pintadas com desenhos quadriculados amarelos.

O mapa indica ainda que existe áreas pintadas em vermelho que afundam até 14,7 mm por mês, à beira da Lagoa Mundaú. As cores amarelas, verde e não pintadas no mapa indicam, respectivamente o grau decrescente de intensidade de afundamento do solo.

Um setor de risco alto, na chamada Barreira do Mutange, é indicado com quadriculados pintados de vermelho, que reúne “áreas íngremes classificadas como de risco alto para processos de deslizamentos e erosão, impactando aproximadamente 1.800 pessoas em 450 moradias”. E indica a remoção temporária ou permanente dos moradores na possível ocorrência de chuvas intensas ou prolongadas, que acumulem 80 mm, em três dias.

O prefeito Rui Palmeira (PSDB) esclareceu hoje que este mapa atualizado ainda não é o “novo mapa de risco” que definirá as ações emergenciais, apesar de este ser a matriz que será referência para aquele que está sendo construído em conjunto pela CPRM e a Defesa Civil Nacional.

A CPRM explica que os estudos foram organizados em três volumes: Relatório Síntese dos Resultados, Relatório Temático e Sistema de Informações Geográficas, além de perguntas e respostas e apresentação do relatório divulgado em 8 de maio durante audiência pública, em Maceió.

“As ações desenvolvidas pela CPRM, no âmbito da Diretoria de Hidrologia e Gestão Territorial (DHT), visam à coordenação, supervisão e execução de estudos do meio físico, no âmbito das geociências, voltados para Gestão Territorial, Geologia Ambiental e Geologia Aplicada, como suporte aos gestores governamentais na elaboração de políticas públicas e no atendimento à sociedade”, explica o órgão responsável pelos estudos.

Veja o mapa divulgado pela CPRM (Clique para ampliar):

Mapa de Integração de Processos de Instabilidade do Terreno em Maceió. Fonte: CPRM

Clique aqui para ter acesso a todas as informações sobre o estudo da CPRM.

Alerta

A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) emitiu nesta quarta-feira (22) um alerta de que deve chover mais de 70 milímetros em 24 horas em Maceió e em sua região metropolitana. E a Defesa Civil de Maceió está em alerta, para prestar assistência às áreas de risco, sobretudo no bairro do Pinheiro, caso as chuvas ultrapassem esse volume, com a possibilidade de evacuação dessas áreas.

Veja a nota da Defesa Civil Municipal:

A Defesa Civil de Maceió informa que, diante do volume de chuva registrado durante a madrugada na capital, a Prefeitura, por meio das secretarias de serviço, está em alerta para prestar assistência à população, sobretudo no bairro Pinheiro e demais áreas de risco. Em relação ao Plano de Contingência, a Defesa Civil esclarece que a ativação das medidas previstas no documento – incluindo uma possível evacuação – será avaliada conjuntamente pelos órgãos responsáveis, caso o volume de chuva ultrapasse os 70 milímetros durante o dia. A Defesa Civil lembra que, para qualquer ocorrência, os números para atendimento à população são o 0800 030 6205 ou 193, do Corpo de Bombeiros.

A situação de calamidade nos bairros, decretada pelo prefeito Rui Palmeira (PSDB), em março, aguardam confirmação da União.

Por decisão do desembargador Alcides Gusmão da Silva, o Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL) já suspendeu a distribuição de R$ 2,6 bilhões de lucros para acionistas da Braskem, em resposta ao pedido de bloqueio de R$ 6,7 bilhões no patrimônio da subsidiária da Odebrecht, formalizado pelo Ministério Público e Defensoria Pública Estadual, que solicitaram a suspensão das atividades da mineradora e reforçaram o pedido de bloqueio dos bens, após a divulgação do laudo da CPRM. Mas o processo aguarda decisão da Justiça Federal sobre a competência de processar e julgar o caso.

Veja aqui a posição da Braskem sobre o afundamento.

E saiba mais sobre a forma como a mineradora anunciou a paralisação de suas atividades.

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