Nas escolas particulares quase todos os alunos estudam conectados à internet

Durante anos, a internet foi vista como vilã no processo de aprendizagem de crianças e adolescentes, pois muitos acabavam trocando os estudos pelo lazer em frente a telas (seja de tablets,smartphones ou notebooks). Fazer com que os alunos deixem os equipamentos se tornou inviável, já que muitos adultos não conseguem largar os dispositivos por longo tempo. As escolas tiveram de se adaptar para transformar a tecnologia em aliada da educação, e, assim, potencializar o acesso ao conhecimento.

Segundo dados do Censo Escolar de 2016, 98,2% dos alunos que frequentam os últimos anos do Ensino Fundamental na rede particular brasileira estudam conectados à internet (contra 90,4% nas escolas públicas). Na rede privada, 91% das escolas contam com internet, e 81% têm banda larga – na pública, esses números são reduzidos para 59% e 47%. “Cada escola tem sua forma de utilizar a tecnologia. Hoje, várias usam tablets no lugar de livros, por exemplo, adequando-se à plataforma que os estudantes gostam e colaborando com o meio ambiente, já que reduz o gasto de papel. O acesso à internet também não é o mesmo em todos os locais”, explica o presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (SINEPE-DF), Álvaro Domingues.

Segundo levantamento do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), de 2015, o uso da web é livre para os alunos em 16% das instituições privadas do Centro-Oeste. Em 20%, o uso é restrito; em 58%, ele não é permitido para estudantes, apenas para professores e funcionários; e apenas 6% não têm wi-fi.

O presidente do SINEPE-DF lembra que, mesmo em escolas que não oferecem rede wireless, muitas vezes o aluno está conectado com 3G ou 4G de seu celular. “É possível limitar o uso em algumas situações dentro da escola, mas, na prática, o estudante passa quase todo o tempo on-line. Justamente por isso, é importante que os professores guiem esse processo, potencializando o estudo ao invés de atrapalhar”, defende. Ainda de acordo com a pesquisa, no Centro-Oeste, 54% dos alunos da escola particular aprenderam sobre internet com educador da escola.

O uso da internet pelos professores também foi objeto do levantamento. Para 83% dos estudantes entrevistados, “quando o professor usa a internet, a aula fica mais legal”; 71% afirmaram que, “quando o professor usa a internet, ele aprende mais fácil”; e 69% disseram que “quando o professor usa a internet, ele presta mais atenção na aula”. “É preciso se reinventar para liderar os alunos em um ambiente que eles dominam e orientá-los a lidar com o bombardeamento de informações“, finaliza Álvaro Domingues.