Recuo sobre tarifa

MP rejeita aumento de passagem em Maceió, após chancelar aplicação de nova fórmula

Chefe do MP redefine posição sobre reajuste, uma semana após chancela de promotores

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Promotores reunidos com integrantes do Comitê pela Redução da Passagem de ônibus em Maceió. Foto: Divulgação

Há uma semana três promotores de Justiça chancelaram a aplicação, para 1º de janeiro de 2020, de uma nova fórmula paramétrica para definir o preço de R$ 4,10 para a nova tarifa do transporte público de Maceió. Apesar da decisão firmada em acordo assinado no último dia 19, o Ministério Público Estadual de Alagoas (MPAL) disse nesta sexta-feira (27) que é contra o reajuste da tarifa de ônibus aprovado ontem pelo Conselho Municipal de Trânsito.

O aumento de 12,16% proposto pelo conselho depende da autorização do prefeito Rui Palmeira (PSDB). A decisão do tucano sobre mudar ou não o valor da passagem para 2020 ainda não foi tomada. Mas foi recomendada em despacho de representantes do MPAL, na ata da reunião de uma semana atrás, quase um ano após o prefeito se recusar a alterar a tarifa de R$ 3,65.

O recuo do MPAL foi comunicado hoje, durante uma reunião com o Comitê pela Redução da Passagem, formado por representantes de movimentos estudantis e da sociedade civil. No mesmo dia em que convocou para o dia 6 de janeiro um protesto contra o aumento da passagem, o comitê foi comunicado que o MPAL vai marcar uma audiência para 7 de janeiro, para discutir, novamente, o assunto com a Prefeitura de Maceió e os empresários do segmento.

“Nesse encontro, faremos uma análise mais criteriosa dos dados apresentados tanto pelo Município quanto pela empresas de transporte coletivo, além, claro, de avaliarmos também o resultado da auditoria. Não dá para penalizar o consumidor sem pensar nas consequências disso para o bolso dessas milhares de famílias que dependem de ônibus para se locomover”, afirmou o promotor de Justiça Max Martins, da Promotoria de Defesa do Consumidor.

Por meio de sua assessoria de comunicação, o MPAL deixou clara a intervenção do procurador-geral de justiça Alfredo Gaspar de Mendonça Neto no caso. Segundo o órgão ministerial, após a aprovação do valor pelo conselho municipal, o chefe do MPAL realizou reunião emergencial com os promotores de justiça da Fazenda Pública Municipal, Jomar Amorim; de Urbanismo, Jorge Dória; e de Defesa do consumidor, Max Martins. E afirma que, neste encontro emergencial, “ficou acertada a clara e efetiva posição contrária do MPAL ao reajuste proposto”.

Hoje, o Ministério Público de Alagoas disse ter ratificado ao Comitê pela Redução da Passagem que, em reuniões passadas, não ficou decidido nada sobre o aumento da tarifa e que, em razão disso, tal reajuste não poderia ser aplicado agora.

“Caso o aumento com o novo valor de R$ 4,10 já seja cobrado dos passageiros a partir do próximo mês, nós vamos adotar as medidas cabíveis”, declarou o promotor de justiça Jorge Dória, da Promotoria de Justiça de Urbanismo.

Prefeito de Maceió ao entregar novos ônibus.
Foto: Marco Antônio/Secom Maceió/Arquivo

Chancela há uma semana

Jorge Dória, Max Martins e a promotora da Fazenda Pública Municipal Fernanda Moreira, assinaram, em 19 de dezembro, o termo de uma audiência com presença do procurador do Ministério Público de Contas, Pedro Barbosa Neto, representantes das empresas licitadas e da Prefeitura de Maceió. A audiência firmou um acordo com 7 itens a serem cumpridos.

Ao final do termo de audiência, os promotores emitem o seguinte despacho: “a) Determinamos o encaminhamento  da presente ata, via ofício, ao Exmo. Sr. Prefeito da cidade de Maceió, constando expressamente, a observância do disposto na alínea ‘4’, para aplicação no dia 1º de janeiro de 2020”.

A alínea 4 do termo de audiência a que se refere o despacho diz o seguinte: “Em comum acordo, foi aprovada a aplicação da nova fórmula paramétrica, para o dia 1º de janeiro de 2020, proposta no estudo apresentado pela Auditoria”. A alínea 5 do mesmo termo detalha que, no próximo exercício, a aplicação da nova fórmula levará em consideração os últimos 24 meses dos indicadores de composição.

O termo de audiência assinado pelos promotores de Justiça ainda destaca, na alínea 6, que o MPAL chancela e recomenda a aplicação da fórmula e celebração de aditivo contratual sobre a nova tarifa. E conclui, na alínea 7: “A SMTT providenciará a celebração de aditivo contratual com fins à materialização da nova fórmula até a data de 31 de dezembro de 2019”.

Por meio de nota, a SMTT destacou que ainda não há data prevista para a implantação do reajuste tarifário, e reforça que o valor ainda depende da apreciação do chefe do Executivo municipal. E lembra que uma das condições impostas para o possível reajuste da tarifa dos coletivos urbanos de Maceió para 2020 é a continuidade do plano de renovação da frota por parte das empresas que compõem o Sistema Integrado de Mobilidade de Maceió (SIMM).

Leia o termo da audiência do MP de Alagoas, em 19 de dezembro, sobre o reajuste de passagens de ônibus em Maceió.

Pressão

A pressão contra o reajuste não partiu apenas do Comitê pela Redução da Passagem. A classe política também reagiu, a exemplo dos deputados federais Marx Beltrão (PSD-AL) e João Henrique Caldas, o JHC (PSB-AL), além do vereador Francisco Sales (PPL).

O chefe do MP de Alagoas, Alfredo Gaspar de Mendonça Neto, é cotado como pré-candidato a disputar as eleições de 2020, para sucessão do prefeito Rui Palmeira, que está fora do páreo por estar no segundo mandato. Mas o procurador-geral de Justiça diz estar focado nos problemas que o MPAL tem de superar no estado.

Composto por 34 movimentos sociais, a exemplo do DCE da Ufal, de sindicatos e federações, o Comitê pela Redução da Passagem elogiou a nova posição do MPAL.

“Essa conversa com o Ministério Público foi importante porque estamos saindo daqui com a certeza de que o povo maceioense tem um grande aliado ao seu lado. Esperamos que, no dia 7, cheguemos ao entendimento para um preço justo para o transporte municipal”, disse o professor Magno Francisco da Silva, coordenador do Comitê.

 

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