VIOLÊNCIA POLICIAL

MP denuncia policial por morte de irmãos e de pedreiro em Maceió

Cabo é acusado de matar irmãos especiais e mudar cena do crime

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O Ministério Público do Estado de Alagoas (MP/AL) denunciou o cabo da Polícia Militar de Alagoas, Johnerson Simões Marcelino, por homicídio doloso e duplamente qualificado, que vitimou os irmãos Josivaldo Ferreira Aleixo, 18, e Josenildo Ferreira Aleixo, 16, na periferia de Maceió. O PM também é acusado de homicídio culposo contra o pedreiro Reinaldo da Silva Ferreira, que passava próximo à ação policial na noite de 25 de março de 2016.

O cabo Johnerson Simões Marcelino ainda deverá responder por fraude processual, em conjunto com o soldado Jailson Stallaiken Costa Lima, já que ambos teriam implantado armas e munições entre os pertences das vítimas para forjar uma reação armada dos jovens que tinham deficiência intelectual.

Na ação penal da 49ª Promotoria de Justiça da Capital, o promotor José Antônio Malta Marques relata que em 25 de março de 2016, em um ponto de ônibus, no Conjunto Village Campestre II, no bairro da Cidade Universitária policiais militares abordaram os dois irmãos que haviam saído da escola para a casa de familiares. Ambos não possuíam antecedentes criminais e não houve relatos de que os irmãos tenham reagido à abordagem policial.

Segundo o MP, o cabo Johnerson Simões integrava uma guarnição da Polícia Militar e fazia uma patrulha de rotina nas ruas do conjunto Benedito Bentes, quando recebeu a informação que dois assaltantes estavam agindo no Conjuntos Village Campestre II. Ao chegar no local informado, junto aos outros PMs, o denunciado abordou os dois irmãos e, a partir daí, teria ocorrido “uma série de ações desastrosas que culminaram nos homicídios”.

José Antonio Malta Marques assina ação (Foto: Ascom MP/AL)TRUCULÊNCIA

O promotor de Justiça José Antônio Malta Marques relata que depoimentos de testemunhas confirmaram que dois militares da guarnição iniciaram agressivamente as revistas, razão pela qual Josenildo, a vítima de maior idade, ao assistir o irmão ser agredido, passou a defender Josivaldo. Teria sido nesse momento que o denunciado, que assistia à abordagem encostado na viatura, realizou os disparos.

“A ação do cabo Johnerson foi tão desmedida que ao realizar os disparos, de modo consciente, em atingindo Josenildo com dois e Josivaldo com três projeteis, pela mesma ação, ainda lesionou, com tiros de raspão, os policiais militares que estavam próximos das vítimas, e terminou por atingir fatalmente Reinaldo da Silva Ferreira, que estava a cerca de 20 metros de distância, no lado oposto da rua”, diz um trecho da denúncia.

Após o fato, de acordo com o MP, o denunciado pediu apoio a uma segunda guarnição, que fez o socorro dos policias feridos. Enquanto isso, outros policiais ficaram no local. Um deles, o soldado Jailson Stallaiken, teria lhe dado apoio para forjar a cena do crime. “Foi nesse momento que eles implantaram pistola, espingarda e munições entre os pertences das vítimas”, denunciou o promotor de justiça em sua petição.

O Ministério Público pediu a condenação de Johnerson Simões Marcelino pelo crime previsto no artigo 121 do Código Penal Brasileiro, que trata, do ilícito de homicídio. A acusação é que o assassinado foi praticado com dois agravantes: motivo torpe e por recurso que tornou impossível a defesa das vítimas. Além da acusação pelo crime de fraude processual, previsto no artigo 347 do Código Penal Brasileiro. (Com informações da Comunicação do MP/AL)

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