'Quem não deve não teme'

Ministro denunciado no caso do laranjal do PSL de Minas rejeita se afastar do cargo

Álvaro Antônio, do Turismo, diz que provará "conduta absolutamente idônea" no PSL

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O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, negou ontem (7) a possibilidade de se afastar do cargo, após ser indiciado pela Polícia Federal e denunciado pela Promotoria de Minas Gerais no caso das candidaturas de laranjas do PSL.

Em entrevista à rádio Itatiaia, ele repetiu por três vezes, durante quase dez minutos, que irá se defender diante da Justiça e não deixará a pasta do governo Bolsonaro.

“Quem não deve não teme. Por que eu me afastaria, sendo que eu tenho minha consciência tranquila? Eu respeito muito o trabalho da Polícia Federal, do Ministério Público estadual, do Ministério Público Federal, da Justiça brasileira e eu vou ter minha oportunidade de, na Justiça, provar que, realmente, a minha conduta foi absolutamente idônea a frente do partido”, disse.

O presidente voltou a evitar responder sobre a situação do ministro, como havia feito na última sexta (4). Questionado sobre a permanência de Álvaro Antônio, encerrou uma entrevista. “Tá ok, obrigado”, disse, ao sair do Ministério da Defesa.

A PF sugeriu uma nova investigação relacionada ao ministro, sobre suspeita de caixa dois na campanha.

Álvaro Antônio, que foi o deputado federal mais votado de Minas em 2018 e era presidente estadual do PSL à época, disse que sempre zelou pelas regras da lei eleitoral e que foi denunciado sem haver menções a seu nome nos autos, apenas com base na teoria do domínio de fato.

“Pelo fato de eu ser presidente do partido, eu teria que dar conta de todos os atos e ações de todos os membros, sem ter absolutamente uma citação sequer ao meu nome. Vou fazer uma comparação grossa. É como se o office boy aqui da rádio, que é uma função nobre, cometesse qualquer delito na rua e o presidente da Itatiaia fosse responsabilizado”, comparou.

Segundo ele, a campanha em Minas foi feita de carro, e seria impossível na coordenação de uma campanha “tão grande” dar conta do que fazia cada membro da sigla. O ministro alega que o dinheiro das candidatas veio do diretório nacional e não passou pela executiva estadual -ou seja, que ele não teria como saber da condução dada a verba.

“Eu jamais orientei qualquer candidato ou candidata a contratar qualquer fornecedor que seja”, afirmou.

O Ministério Público de Minas Gerais denunciou Marcelo Álvaro Antônio e outras 11 pessoas na última sexta-feira (4) sob acusação de falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita de recurso eleitoral e associação criminosa. A denúncia foi entregue à 26ª Zona Eleitoral de Belo Horizonte.

Na tarde desta segunda, o juiz Flávio Catapani decretou sigilo para o processo, que transmita agora em segredo de justiça. A informação foi anunciada pelo Tribunal Regional Eleitoral de Minas.

O promotor do caso, Fernando Abreu, disse que os denunciados agiram em coautoria no esquema que teria usado verbas de campanha destinadas por lei a quatro candidatas para beneficiar candidaturas de homens do PSL.

Com base em provas de autos, a Promotoria apontou o atual ministro e o deputado estadual Professor Irineu como maiores beneficiados.

O ministro foi ouvido pela PF e pelo Ministério Público no decorrer da investigação e pode apresentar sua versão e documentos para colaborar com o inquérito, segundo Abreu.

O ministro chamou de “mentira deslavada” reportagem da Folha de S.Paulo que mostrou o depoimento de seu ex-assessor Haissander Souza de Paula à PF. Ele também falou sobre a irritação de Bolsonaro com as reportagens.

“Eu acho que o principal ponto de um jornalismo sério é levar a verdade, é informar as pessoas, o eleitorado, informar a sociedade brasileira com a verdade. E a Folha de S.Paulo, acho que ninguém tem mais dúvida, que é um jornal político, partidário, ideológico de esquerda, que vem contribuindo para piorar cada dia mais a imagem do Brasil. Esse é o motivo da irritação do presidente Bolsonaro”, afirmou Álvaro Antônio. (Com informações da Folhapress)

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