Milhares protestam em Alagoas contra bloqueio de verbas para a educação
Passeata de estudantes, servidores e sindicatos parou o trânsito contra cortes
Milhares de manifestantes contrários aos cortes de recursos anunciados pelo Governo Federal em instituições de ensino foram às ruas da capital alagoana nesta quarta-feira (15), em chamamento para uma greve geral da educação promovida por alunos da rede pública, servidores públicos e sindicatos. O ato ocupou a principal avenida de Maceió (AL), a Fernandes Lima, e seguiu do Centro Educacional de Pesquisas Aplicadas (Cepa), em direção ao Centro da capital alagoana. Também houve protestos em Arapiraca e Penedo, no interior de Alagoas.
Cerca de 5 mil manifestantes, conforme estimativa da Polícia Militar de Alagoas, deixaram o Cepa em direção ao Centro por volta das 10h da manhã, ocupando todas as faixas da Avenida Fernandes Lima e paralisando o trânsito, apesar dos apelos do Centro de Gerenciamento de Crises da PM. A meta é iniciar uma greve geral em 14 de junho, diante do bloqueio de pelo menos R$ 2,4 bilhões para investimentos em programas do ensino infantil ao médio e de R$ 2,2 bilhões nas universidades e institutos federais, segundo levantamento da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições de Ensino Superior (Andifes).
Os organizadores do protesto calcularam 10 mil pessoas no ato da capital alagoana, marcado por palavras de ordem contra o presidente Jair Bolsonaro (PSL), criticado pela redução bilionária de verbas para os institutos e as universidades federais de todo o país. O ministro da Educação Abraham Weintraub nega haver cortes, mas um contingenciamento que atinge 3,5% de todo o orçamento nacional, até setembro.
A manifestação reuniu estudantes do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) e da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). A universidade pública alagoana está entre as 20 instituições mais afetadas pela decisão do Ministério da Educação (MEC), com um corte de R$ 36,6 milhões, somente em custeio. E prevê dificuldades para pagamentos de contratos de terceirizados e até de fornecimento de energia elétrica e água.
“Estes cortes inviabilizam o funcionamento do Ifal e Ufal, depois de setembro. Estou falando de pagamentos de serviços como energia, internet, limpeza. É importante frisar para a sociedade alagoana que o corte é no custeio, justamente na verbas discricionárias – que garantem esses serviços. O Bolsonaro mentiu para o povo dizendo que esses recursos seriam revertidos para a educação básica, mas aconteceu o contrário, ele também cortou recursos da educação básica. Não vamos aceitar nenhum corte na educação pública, nós vamos defender as nossas escolas e universidades, enfrentando o governo e este violento ataque à educação”, disse Hugo, Brandão, presidente do Sintietfal, ao site Gazetaweb.
Cartazes exibiam palavras de ordem como:”Pensar incomoda os ditadores”; “Tira a mão do meu IF” e “A aula hoje é na rua”. E os manifestantes comparavam o protesto à “balbúrdia” citada pelo ministro da Educação Abraham Weintraub como argumento para os primeiros cortes nas universidades. E cantavam as seguintes frases, ao longo do percurso do protesto: “Não é balbúrdia e nem bagunça, o estudante está na rua para salvar a educação”; “A nossa luta unificou, é estudante junto com o trabalhador”; e “Que contradição, tem dinheiro para milícia mas não tem para a educação”.
Além do Gerenciamento de Crises, também acompanharam o protesto cerca de 40 militares do Batalhão Escolar, do 4º Batalhão de Polícia Militar (4º BPM), do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran) e agentes da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT).
“Este ato unificou as lutas do movimento estudantil – do nível superior à educação básica – em defesa das universidades, dos institutos e das escolas que o ‘desgoverno’ do Jair Bolsonaro está destruindo com a educação. Na nossa universidade [Ufal], são quase 40 milhões de reais a menos em recursos e isso prejudica o nosso ensino, pesquisa, extensão e expansão das universidades. É um conhecimento valoroso que não pode ser retirado das universidades, não vamos aceitar os cortes na educação”, disse Ana Maria Vergne, vice-presidente da Associação dos Docentes da Ufal, ao site Gazetaweb.
A reitora da Ufal, Valéria Correia não vê saída que não seja o desbloqueio dos recursos contingenciados das universidades, porque já vinham passando por um contingenciamento de recursos ano a ano, sequer havendo reajuste orçamentário pelo índice de inflação.
“Essa situação já inviabilizava muito nosso orçamento porque sempre precisamos fazer reajustes no contrato de terceirizados [que prestam serviços de limpeza, segurança, nos restaurantes universitários], porque temos 23 obras concluídas que precisam de mobília e de equipamentos. Então o aumento necessário dos nossos espaços, a consolidação da expansão da Universidade, gera um aumento de gastos. Já estávamos vivendo um momento difícil e não cabe esse bloqueio nas contas de custeio e de investimento para a Ufal”, afirmou a reitora. (Com informações da Gazetaweb)