Memória

Medicina celebra 110 anos de Zerbini, pioneiro em transplante de coração

Em 58 anos de carreira, com sua equipe, ele realizou 40 mil cirurgias

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Dr. Euryclides De Jesus Zerbini, orgulho da medicina brasileira.

Há 110 anos, no dia 10 de maio de 1912, nascia em Guaratinguetá, Estado de São Paulo, um dos brasileiros mais importantes da história: Euryclides de Jesus Zerbini, médico cardiologista e cirurgião brasileiro. Foi o quinto cirurgião do mundo e o primeiro da América Latina e do Brasil a realizar um transplante de coração. Zerbini faleceu em 23 de outubro de 1993 em São Paulo.

Filho de Eugênio Hugo Zerbini e de Ernestina Teani, era o caçula de sete irmãos em uma família de origem italiana. Nasceu prematuro, com apenas sete meses de gestação. De 1927 a 1928, freqüentou em Campinas o Colégio Diocesano Santa Maria. Já formado, em janeiro de 1949, casou-se com a Dra. Dirce Costa, médica formada na Faculdade de Medicina da USP em 1948. Seus filhos: Roberto, Eduardo e Ricardo.

Médico cirurgião, professor e pioneiro da cirurgia cardíaca no Brasil e do transplante cardíaco no mundo, Professor Zerbini viveu para promover a valorização da vida. Além de toda a sua dedicação ao nobre ofício de curar, ele desenvolveu novas tecnologias cirúrgicas que lhe permitiram criar as primeiras técnicas de operação do coração no Brasil, mesmo diante de toda a deficiência de recursos da época (década de 1960).

Curar os desprovidos e os desamparados tornou-se sua bandeira. E a criação do Instituto do Coração, o grande sonho de sua vida. A concretização deste desejo visionário de criar um centro de excelência em cardiologia e pneumologia se deu em 1977, com a inauguração do InCor. E foi com esta mesma visão criativa e corajosa que Professor Zerbini deu um passo além: criou a Fundação Zerbini (FZ), um modelo internacional de fundação de apoio de direito privado a hospital público universitário.

Zerbii ao lado de Christiaan Barnard, criador da técnica de transplante de coração.

O primeiro transplante de coração do mundo foi realizado na Cidade do Cabo, em 3 de dezembro de 1967 pelo cirurgião Christiaan Barnard. O paciente teve uma sobrevida de apenas 18 dias e apesar das enormes críticas recebidas, o procedimento despertou interesse nos centros de cirurgia cardíaca de todo o mundo. No mesmo mês, desta fez nos Estados Unidos, Adrian Kantrowitz realizou o transplante em uma criança, novamente sem sucesso.

O Brasil quase foi pioneiro no transplante cardíaco. Em 1967, o Conselho do Hospital das Clínicas proibiu o procedimento. A partir de 1968, vários hospitais pelo mundo começaram a realizar o procedimento e a equipe chefiada por Euryclides Zerbini realizou o primeiro transplante da América Latina e do Brasil em 26 de maio de 1968, cinco meses após o transplante na África do Sul, João Ferreira da Cunha, o João Boiadeiro, de 23 anos, sofria de insuficiência cardíaca e recebeu o coração de Luís Fernando de Barros, vítima de atropelamento.

Em 58 anos de carreira, realizou, junto com sua equipe, 40 mil cirurgias. Zerbini recebeu 125 títulos honoríficos e inúmeras homenagens de governos de todo o mundo. Participou de 314 congressos médicos. Realizou, pessoalmente ou através de sua equipe, mais de quarenta mil cirurgias cardíacas, trabalhando até poucos meses antes de morrer.

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