Eleições 2022

Lula diz em entrevista que pode não disputar reeleição, caso vença este ano

Mesmo sem ser questionado, pré-candidato à Presidência da República levantou a pauta por várias vezes durante entrevista à rádio

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Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Foto: Redes sociais.

O ex-presidente Lula, pré-candidato do PT à Presidência da República, afirmou nesta sexta-feira, 1º, que não deve disputar a reeleição em 2026, caso seja eleito no pleito presidencial deste ano.

“Eu não vou ser um presidente da República que está pensando na sua reeleição. Eu vou ser o presidente que vou estar pensando em governar este país por quatro anos e deixá-lo tinindo para que o povo brasileiro recupere definitivamente o bem-estar social, a alegria, o prazer de viver, o prazer de ser baiano, o prazer de ser brasileiro”, disse em entrevista à rádio Metrópole, da Bahia.

Preso por um ano na Operação Lava Jato, Lula, que está com 76 anos, disse mais de uma vez durante a entrevista em entregar o mandato “para outra pessoa” em 31 de dezembro de 2026. Ele sequer foi perguntado sobre reeleição.

“Eu tenho quatro anos da minha vida para dedicar, para cuidar desse povo”, afirmou o petista.

Em outro momento, ele disse: “Daqui a quatro anos, a gente vai ter gente nova disputando eleições. Vai ter gente nova sendo candidato a presidente. O que eu quero é deixar o país preparado, o que eu quero é lutar contra a fome, a miséria e a pobreza. O que eu quero é gerar emprego, diminuir a inflação, e aumentar o salário”, disse.

Lula foi presidente entre 2003 e 2010. Ele completará 77 anos em 27 de outubro. No início de um eventual quarto mandato, em 2027, o petista estaria com 81 anos.

Críticas a Bolsonaro

Ainda durante a entrevista, o petista voltou a criticar o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). Lula disse que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que busca instituir o estado de emergência no país até o final de 2022 — aumentando os gastos com benefícios sociais, como o Auxílio Brasil e o vale-gás — tenta “comprar o povo”.

“É por isso que ontem ele mandou várias medidas para dar dinheiro, para aumentar o auxílio emergencial, que era uma reivindicação da oposição, de R$ 600, aumentar o vale-gás, que foi uma coisa do deputado federal do PT, o [Carlos] Zarattini, dar um auxílio para motoristas autônomos”, disse Lula à rádio Metrópole.

“Tudo isso [benefícios], eu acho que tudo bem. O povo tem que pegar o dinheiro, mas não é isso que resolve o problema, porque tudo isso vai acabar em dezembro. Ele [Bolsonaro] acha que pode comprar o povo. Ele acha que o povo é rebanho. Ele acha que o povo não pensa, que o povo vai acreditar em mentira e não vai”, afirmou

O texto, que ainda tramita no Congresso, foi aprovado em dois turnos no Senado na quinta-feira, 30, inclusive com votos dos parlamentares petistas. Agora, ele segue para a Câmara dos Deputados.

Críticas aos empresários

O ex-presidiário ainda criticou os empresários brasileiros: “parece que vivem em uma redoma de vidro em que o mundo gira em torno deles e dos interesses deles”.

Lula também afirmou ter certeza de que não recebe o voto dos banqueiros.

“Banqueiro não vota em mim. Eu tenho certeza de que não vota em mim, porque eles olham a minha pele assim e falam: ‘pô, esse cara nem sabe falar direito, esse cara é nordestino, não tem diploma universitário, depois esse cara ganha e ele quer aumentar salário de trabalhador, depois ele quer regularizar trabalho da empregada doméstica, depois a empregada da minha mulher vem trabalhar na sexta-feira com perfume que a minha mulher usa”, disse.

E atacou a postura de bilionários que, em sua visão, se recusam a retribuir os trabalhadores com melhores salários.

“Eu tenho feito reuniões, vários jantares com empresários, e eu faço porque eu gosto de discutir abertamente. É o seguinte: na cabeça dessa gente, não existe pobreza. Não existe fome, não existe gente dormindo na rua, na sarjeta, não tem criança morrendo de desnutrição. Essa gente só fala em teto de gasto, em política fiscal, ou seja, eles não falam em política social, em distribuição de renda, em distribuição de riqueza”, disse.

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