Governistas alegam acordo sobre offshores; líderes negam
Enquanto a base do governo divulgou que fez acordo com os caciques partidários da Câmara para retirar a taxação de aplicação de capital em países estrangeiros da pauta da última sessão, os líderes ouvidos pelo Diário do Poder dizem desconhecer a negociação.
“Nao sei de acordo, sei que a situação de obstrução está atrapalhando bastante. O relatório mal saiu”, disse ao Diário do Poder o deputado Marcel Van Hattem (Novo- RS), vice-lider do partido NOVO e da oposição na Câmara.
Consultados, representantes de partidos e presidentes de bancadas foram uníssonos sobre a negativa de diálogo com o governo. Apesar da preferência por celeridade no avanço da propositura, governistas preferiram não arriscar a votação diante do atual cenário.
O relator da pauta, deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), declarou que pequenas e eventuais alterações ao seu voto não vão comprometer a ideia central da proposta e afirmou que o texto já foi concluído.
Irritação de Lira
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), abriu a sessão desta quarta-feira (4) reclamando de 37 deputados que teriam registrado presença pelo aplicativo de votações da Casa, o Infoleg, mesmo presentes em plenário. “Não entendi o motivo, já que estão aqui presentes”.
Lira avisou que se a medida tinha intuito de impedir o avanço da pauta programada, seria ineficaz porque o quórum para as votações já teria sido alcançado na noite de deliberações. Mesmo assim o presidente seguiu o combinado com o PT para não pautar a taxação de ofsshores.
Interrompido pelo deputado Carlos Jordy (PL-RJ), que tentou explicar o método da oposição, Lira disse que o parlamentar estava fazendo o uso da palavra ‘sem direito algum. O senhor não está fazendo questão de ordem, não está pela ordem”, advertiu.
O carioca completou: “Estamos sendo atrapalhados no nosso direito de obstrução”, reclamou o carioca.
Ao Diário do Poder, Jordy explicou que a estratégia era provocar que o painel de votação fosse zerado. O líder disse que retardou o registro de presença dos parlamentares que aderiram ao movimento de enfrentamento a suposta intervenção do Judiciário nas prerrogativas do Legislativo. “Lira furou nossa obstrução”, avaliou o deputado.
E completou: “Falei para ninguém registrar presença até bater 257 deputados presentes. Após bater os 257, todo mundo pode registrar presença para não tomar falta. Então liberei. Mas descobrimos que estava sendo possível registrar pelo Infoleg e alguns deputados o fizeram. O lira disse que retiraria da presença os deputados que procederam assim. Mas o certo seria zerar o painel”.