Nem pão, nem circo?

Máfia das apostas: Kajuru defende suspensão do Brasileirão e mais investigações

'CBF quer voltar a ser a casa bandida do futebol', disaparou o senador do PSB em fala na tribuna do Senado

acessibilidade:
O senador Jorge Kajuru (PSB-GO). (Foto: Jane de Araújo/Agência Senado)

O senador Jorge Kajuru (PSB-GO) defendeu a suspensão do Campeonato Brasileiro de Futebol diante das denúncias de manipulações de resultados por golpistas em sites de apostas esportivas. Do mesmo partido de Geraldo Alckmin, vice do presidente Lula, Kajuru não quer pão nem circo num país que já encara a taxação do Shopee, Shein e a alta na picanha, como ressalta a coluna do jornalista Cláudio Humberto desta terça-feira, 16.

Em pronunciamento no plenário do Senado nesta segunda-feira, 15, o senador pediu a paralização do campeonato para que a Operação Penalidade Máxima II, da Polícia Federal, investigue profundamente a atuação de uma suposta organização criminosa especializada em manipular resultados de jogos de futebol profissionais, incluindo o Campeonato Brasileiro das Séries A e B. Para Kajuru, a investigação deve continuar, para punir os envolvidos na máfia das apostas eletrônicas.

“A CBF [Confederação Brasileira de Futebol] tinha, sim, que suspender o Campeonato Brasileiro para uma investigação profunda agora” defendeu, ao mencionar a criação da Comissão dos Esportes (CE), que deve ser instalada no Senado nesta semana para tratar da regulamentação das apostas esportivas. “[…] O início do trabalho da Comissão que vai ter aqui, cuja vice-presidência poderá ter o meu nome, inclusive, segundo o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. À presidência, o nome sugerido até agora é o de Romário. Eduardo Girão (NOVO) tem que participar, Styvenson (Podemos) tem que participar… gente com coragem para entrar nesse vespeiro. Porque isso tem nome, se chama vespeiro”.

Kajuru ainda disse que a CBF, ao anunciar que não paralisaria o Brasileirão, está querendo voltar a ser a “casa bandida do futebol”.

O senador destacou que o Ministério Público de Goiás iniciou as investigações em novembro do ano passado, após denúncia do presidente do Vila Nova Futebol Clube.

“Após cinco meses de trabalho, os promotores concluíram que o esquema criminoso tem dois núcleos distintos. Um é formado pelos apostadores, que aliciam atletas para cometer pênaltis ou receber cartões durante os jogos e fazem as apostas nos sites conhecidos como “bets”. O segundo é o dos financiadores, que dão o dinheiro para o pagamento dos jogadores aliciados”, disse.

Para Kajuru, um posicionamento da CBF pode coibir esse tipo de crime.

“A CBF pode agir também, proibindo, por exemplo, que casas de apostas patrocinem clubes e jogadores de futebol. Assim como está acontecendo (e sendo exemplo para o mundo) na Inglaterra, com a proibição de placa de publicidade em camisa de time de futebol, de jogadores de futebol, fazendo comercial e recebendo milhões a cada 30 segundos”, afirmou o parlamentar.

De acordo com o Ministério Público de Goiás, os apostadores aliciavam atletas para que eles fossem punidos com cartões amarelos ou vermelhos ao longo de jogos pelas Séries A e B do Campeonato Brasileiro de 2022 e alguns Estaduais de 2023.

O apostador Bruno Lopez de Moura é apontado como chefe da quadrilha. Ele foi preso pela Operação Penalidade Máxima.

Ygor Catatau, Allan Godói, André Queixo, Mateusinho, Paulo Sergio (Sampaio Corrêa), Gabriel Domingos (Vila Nova), Joseph (Tombense), Romário (Vila Nova), Eduardo Bauermann (Santos), Gabriel Tota, Paulo Miranda (Juventude), Victor Ramos (Chapecoense), Igor Cariús (Sport) e Fernando Neto (São Bernardo), já foram denunciados pelo MP-GO no âmbito da oepração.

Outros atletas fizeram um acordo com o MP e se transformaram em testemunhas do caso. Além disso, outros cinco jogadores já foram afastados preventivamente de seus clubes por terem nomes citados em conversas.

Reportar Erro