Lula a ministros: “Quem fizer algo errado será convidado a deixar o governo”

Na primeira reunião ministerial, novo presidente também pregou boa relação com o Congresso Nacional

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira, 6, quem fizer algo ‘errado’ será convidado a se retirar. A declaração foi realizada durante pronunciamento na abertura da primeira reunião ministerial de seu terceiro mandato como presidente.

Lula disse ainda que seu governo não tem um “pensamento único” e que não deixará nenhum dos titulares das pastas “no meio da estrada”.

“Não somos um governo de pensamento único, de filosofia única, de apenas pessoas iguais. Somos um governo de pessoas diferentes. O que é importante é a gente, pensando diferente, fazer um esforço para que no processo de reconstrução desse país, pensemos igual”, afirmou.

“Estejam certos que eu estarei apoiando cada um de vocês nos momentos bons e nos momentos ruins. Não deixarei nenhum de vocês no meio da estrada, não deixarei nenhum de vocês. Vocês foram chamados porque têm competência, vocês foram chamados porque foram indicados pelas organizações políticas que vocês pertencem, e eu respeito muito isso”, disse o presidente.

No entanto, a declaração acontece em meio à primeira polêmica e em sua primeira semana de governo. Reportagens divulgadas nesta semana mostram uma suposta relação da ministra do Turismo, Daniela Carneiro (União Brasil), com um ex-militar apontado como integrante de milícia com atuação na cidade de Belford Roxo (RJ).

A cidade na Baixada Fluminense é governada pelo marido da ministra, Waguinho (União Brasil). Em imagens da campanha eleitoral de 2018, Daniela aparece ao lado do ex-militar, que já foi condenado por homicídio.

A ministra foi indicada pelo União Brasil, resultado da fusão do PSL com o DEM. Ao celebrar o acordo, Lula fez mesuras ao “companheiro” Luciano Bivar, que alugou seu antigo partido para Jair Bolsoraro em 2018.

Um pouco antes, o presidente afirmou que também tem compromisso de ser honesto com o povo brasileiro.

“Quem fizer errado, sabe que tem só um jeito, a pessoa será simplesmente ,da forma mais educada possível, convidada a deixar o governo e, se cometeu algo grave, a pessoa terá que se colocar diante das investigações e da própria Justiça”, alertou Lula.

Relação com o Congresso

Lula defendeu ainda a união entre as pessoas para acabar com as “brigas familiares” motivadas pela polarização política. Ele cobrou respeito às leis e à Constituição e uma boa relação com o Congresso Nacional. “Eu vou fazer a mais importante relação com o Congresso que eu já fiz”, garantiu.

Neste sentido, o presidente pediu que os parlamentares sejam bem atendidos em todos os ministérios. “Não mandamos no Congresso, dependemos do Congresso, e por isso, cada ministro tem que ter a paciência e a grandeza de atender bem cada deputado e senador”, acrescentou.

Lula disse que, caso isso não aconteça, o governo vai ouvir o que não quer quando precisar de votos para aprovar matérias importantes. “Temos que saber que nós é que temos que manter uma boa relação com o Congresso Nacional. Não tem importância que você divirja de deputados e senadores. Quando vamos conversar não estamos propondo casamento”, ressaltou, dizendo que as alianças podem ser temporárias em temas que interessem ao povo.

Ainda sobre a relação com o Congresso, apesar de ter cobrado empenho de sua equipe, o presidente afirmou que, se preciso, também entrará em campo pessoalmente junto aos parlamentares.

“Já estive oito anos na Presidência, e gostaria de dizer que dessa vez vocês não se preocupem porque terão um presidente disposto a fazer todas as conversas necessárias com partidos políticos e lideranças”, salientou.

O presidente da República lembrou à equipe [de ministros] que muitos deles são resultado de acordos políticos. “Não adianta ter o governo tecnicamente mais formado em Harvard possível e não ter um voto na Câmara e no Senado”, afirmou.

Agronegócio e meio ambiente

Ainda ao falar sobre relação com setores importantes, em outro momento, Lula citou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro (PSD-MT). Segundo ele, empresários “de verdade do agronegócio sabem a necessidade da produção sem precisar ofender ou adentrar a floresta amazônica ou qualquer bioma”.

O presidente afirmou que esses produtores serão “muito respeitados pelo governo”, mas os que agirem fora da lei serão responsabilizados.

“Aqueles que quiserem teimar e continuar desrespeitando a lei, invadindo o que não pode ser invadido, usando agrotóxico que não pode ser usado, esse a força da lei imperará sobre eles e nós vamos exigir que a lei seja cumprida. Porque, neste país tudo vale, a única coisa que não vale é o cidadão bandido achar que pode desrespeitar a boa vontade da sociedade brasileira, a nossa Constituição e a nossa legislação”, disse.