Inpe: Desmatamento na Amazônia em junho é o maior desde 2016
Floresta sofre 14º mês seguido de aumento de desmate, apesar de ação militar e pressão externa
O desmatamento na Amazônia segue em alta desenfreada e atingiu recorde para o mês de junho em toda a série história, que começou em 2015. Alertas feitos pelo sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), indicam a perda de 1.034,4 km² no mês de junho, alta de 10,65% em relação a junho do ano passado, quando os alertas apontaram desmate de 934,81 km². Em apenas um mês, foram derrubados na Amazônia o equivalente à área da cidade de Belém (Pará).
É o 14º mês seguido de aumento de desmate.
O crescimento ocorre mesmo com a propagandeada ação Verde Brasil 2, que colocou o Exército na floresta para ajudar no combate ao desmatamento, e com a pressão de investidores internacionais por ações do governo para combate ao desmate.
No acumulado do semestre, os alertas indicam devastação em 3.069,57 km² da Amazônia, aumento de 25% em comparação ao primeiro semestre de 2019.
Em 11 meses, o aumento é de 64%, comparado ao período anterior (a um mês do fechamento oficial de desmatamento, alertas apontam tendência de aumento na devastação). Na comparação com maio, houve aumento de 24,31% em relação ao mesmo mês de 2019, que também havia sido recorde para o período.
Em relação a anos anteriores, os dados de junho de 2020 são ainda maiores. Em comparação com 2018, o desmatamento no mês passado cresceu quase 112%. Comparado a 2017, o aumento foi de 70%.
Ainda sob o governo Michel Temer, em 2018, houve seis meses seguidos de aumento de desmate em relação ao ano anterior.
O conhecimento constante do desmatamento tem feito aumentar a desconfiança internacional em relação ao comprometimento do Brasil de frear a destruição. Na quinta (9), representantes de fundos de investimento e pensão estrangeiros, em reunião com Hamilton Mourão, vice-presidente e chefe do Conselho Amazônia, afirmaram que vão considerar reduções no desmate para medir o compromisso do país com a agenda ambiental.
Também serão considerados a implementação do Código Florestal, prevenção de incêndios na Amazônia (houve alta em junho, em relação ao mesmo mês de 2019) e dados transparentes de preservação.
Os fundos de investimento em questão administram cerca de US$ 4,1 trilhões (R$ 21,6 trilhões). O Planalto já teme fuga de investimento por causa da deterioração da imagem internacional brasileira.
Ministério Público Federal (MPF) está pedindo o afastamento do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, por crime de improbidade administrativa. De acordo com o MPF, há “desestruturação dolosa das estruturas de proteção ao meio ambiente”.